Por Marcos Hiller
O ecossistema digital que habitamos é um solo fértil no qual, a cada dia, surge uma miríade de produtos tecnológicos desenvolvidos para atrair e magnetizar ávidos consumidores.
A Samsung que, há poucos anos, era simplesmente mais uma das marcas de artigos eletroeletrônicos, fez um superevento no fim de abril para mostrar ao mercado o sensacional Galaxy S IV.
Agora, é marca bem construída, bem posicionada e incomoda outras gigantes, como a Apple. Quem diria que isso poderia acontecer? Pois é, aconteceu.
Assim como a outra coreana Hyundai, que até outro dia era mera montadora condjuvante, hoje protagoniza a vanguarda de design e tecnologia automotiva no Brasil e incomoda o sono de executivos da Fiat, Chevrolet, Ford e Volkswagem. Sinal dos tempos.
Atualmente, consumir qualquer coisa vai muito além de um mero processo de troca. Consumimos o tempo todo, desde uma latinha de Coca-Cola, ou um plano de saúde, uma telenovela ou um smartphone.
Nas palavras da pesquisadora Maria Aparecida Baccega, “Consumir significa investir no pertencimento à sociedade”. Quando consumidos, por exemplo, o Galaxy S IV, estamos não apenas adquirindo um aparato tecnológico para se comunicar com amigos.
Quando compramos o novo celular da Samsung, estamos nos inscrevendo num imaginário de consumo que denota elementos de elegância, inovação e distinção econômica. Dentre as inúmeras novas características do produto, o recém-lançado modelo de smartphone de marca coreana irá rastrear os olhos do usuário para determinar para onde se deslocar.
Por exemplo, quando o usuário começa a ler um texto na tela e seus olhos chegam ao fundo da página, o software vai automaticamente rolar para baixo para revelar os próximos parágrafos do texto.
Além do novo “brinquedo” da Samsung que recém-chegou ao Brasil, outro dispositivo que tem gerado uma enorme expectativa na arena on-line em que transitamos: é o Google Glass.
Não se trata apenas de um mero novo gadget, pois assim como o iPhone e iPad que revolucionaram as suas respectivas categorias, o Google Glass é realmente algo rompedor e diferente.
Primeiro que o novo produto da Google foi concebido para ser usado de forma acoplada ao nosso rosto. Uma verdadeira extensão do nosso corpo. Hoje em dia, os meios de comunicação são sim extensões de nosso corpo.
Quando nossa simples presença abre a porta automática de um shopping, a sensação é que o nosso corpo quem está abrindo a porta, ao melhor estilo Luke Skywalker. Quando usamos o bip de um chaveiro para destravar a porta de nosso carro à distância, sentimos como se fosse nosso poder da mente que abre a porta do carro.
Vivemos num verdadeiro universos de ficção científica e o Google Glass é a prova disso. Ele é composto de uma parte que se conecta aos ouvidos e outra ao longo da linha da sobrancelha. Nada mais é que um computador razoavelmente completo, ou talvez um smartphone que você nunca tenha que tirar do seu bolso. Chegamos à era de Blade Runner!
Uma série de pessoas ao redor do mundo está eufórica com o seu lançamento, desde quando o colunista Nick Bilton escreveu um texto sobre os óculos em fevereiro no The New York Times. Algumas pessoas, selecionadas a dedo, estão tendo a chance de experimentar um par.
O Google Glass é um projeto absolutamente impressionante de miniaturização e integração. Dentro do fone de ouvido direito, isto é, o suporte horizontal que passa sobre a orelha, tem embalado memória, processador ultra veloz, câmera, alto-falante e microfone, Bluetooth e antenas Wi-Fi, acelerômetro, giroscópio, bússola e uma bateria.
Tudo dentro do fone de ouvido. O maior triunfo é que a tela pequena é completamente invisível quando você está falando ou dirigindo ou lendo. O usuário simplesmente esquece da tela. Pode-se controlar o software passando um dedo em diferentes direções, é um touchpad.
Seus toques podem guiá-lo por meio de um menu simples e intuitivo. Em diversas apresentações, o Google propôs ícones para funcionalidades como tirar uma foto, gravar um vídeo, fazendo uma chamada de telefone, navegar no Google Maps, verificar o calendário e assim por diante.
O advento do Google Glass já insinua até mesmo algumas discussões da ordem ética. Dizem que já estão desenvolvendo aplicativos para ele que simplesmente eliminam de nossa visão os mendigos da rua. Além de outras questões de privacidade, ou seja, você pode estar conversando com uma pessoa que está usando os óculos e ela estar lhe fotografando sem que você perceba, e compartilhando sua imagem no Google Plus.
O fato é que ainda é muito precoce tentar prever como as pessoas irão se apropriar dessa novidade e seria uma leviana tentativa minha de futurologia prever o sucesso ou o fracasso do Google Glass. Mas é absolutamente possível que ele carregue um potencial que nenhuma outra máquina já teve antes. Estou ansioso para ver as primeiras pessoas na rua usando ele. E viva o consumo simbólico!