Impressionante.
Surpreendente.
Uma sensação estranha, ao final.
Havia uma identificação que eu não conseguia explicar.
O deslumbre, das cerimônias anteriores, parecia acontecer em raros momentos.
Afinal, o que estava rolando?
Onde estavam aquelas cenas, que me acostumei, ver nestas ocasiões?
E as tradições? E as belíssimas histórias do Japão?
Por que havia um incômodo emocional tão grande?
Uma-opção
Ao invés do tradicional roteiro sobre seu país, seu povo, suas crenças, o momento pedia um storytelling do que o mundo está vivendo.
Nunca estivemos tão próximos do enfrentamento de um inimigo comum, como o que hoje, todos os países enfrentam.
Nós pudemos assistir a luta que foi para atletas, profissionais da saúde, médicos, preparadores físicos, patrocinadores. Enfim, toda a comunidade esportiva, em definir adiamentos, cancelamentos e realização.
Assistimos a história do mundo em 2020 e 2021.
Vivenciamos a solidão de estarmos em isolamento social, representada pelos atletas, obrigados a se relacionar remotamente e se prepararem, treinarem, sozinhos, sem o contato que incentiva cada um, para o atingimento de suas metas.
Um enorme desafio!
Claro que houve momentos em que pudemos assistir os magníficos traços da cultura japonesa.
Não só isso. Toda a tecnologia que eles dispõem para montar cenas belíssimas.
Uma abertura feita para a televisão. Para o mundo.
Quando a emoção vem do vivenciado recentemente
Uma cerimônia limpa. Simples.
Uma estética linda, perfeita.
Tudo pensado em detalhes.
Conseguiram transformar o minuto de silêncio, em uma homenagem aos que morreram na pandemia, em todo o mundo. Em um momento singular, repleto de significado, para todos que estavam participando, e que, certamente, ficaram com um nó no peito ou com os olhos marejados pelas lembranças.
Aquele estádio vazio, escuro, em total silêncio.
Uma emoção absurda, atravessando as telinhas e trazendo para cada um, o sentimento relativo ao que foi vivido na vida de cada família ao redor do planeta.
Um desfile possível
Nunca fará sentido não termos os atletas desfilando na abertura e no encerramento.
Mas dessa vez, o que a realidade apontava, era para haver o menor número de pessoas possível, naquela celebração.
E assim foi feito.
Mas eles estavam presentes, representando o que há de melhor nos esportes. O espírito olímpico.
Para nós brasileiros, foi um momento engraçado, uma vez que a ordem alfabética respeitou a língua japonesa. E ficou difícil adivinhar que país vinha depois.
Muito divertido.
A inovação de ter 2 representantes carregando a bandeira foi muito interessante e o Brasil foi muito bem representado.
A bandeira olímpica
Foi de arrepiar, quando a bandeira entrou em cena. Um símbolo de vitória para todos que ali estavam, presentes ou assistindo em suas casas.
Quando os atletas passaram a bandeira para os profissionais da saúde, como forma de reconhecimento por tudo que eles tinham feito e ainda estão fazendo pelos habitantes de cada país; simples, singelo, mas, com um significado enorme: a honra de conduzir a bandeira.
Não poderia haver maior demonstração que está.
O coração bateu mais forte, sim.
O acendimento da pira, com a chama de olímpia
Depois de 100 dias, a pira foi acesa.
Revelando, sobretudo, uma força impressionante no sentido de realizar o maior evento de congraçamento do mundo.
Não importa, a esta altura, os percalços, os deslizes. Importa o que conseguimos. Sim, conseguimos dar início aos Jogos de Tóquio 2020. Apesar de tudo.
Importante ressaltar, que Tóquio 2020, se utilizou de um artifício que foi utilizado na RIO 2016. Ter uma pira fora do estádio. Em um lugar aberto. Democrático. Onde todos pudessem ter contato com a chama sagrada do esporte.
Imagine
Deixei para o fim.
O momento mais emocionante daquele dia.
Sou beatlemaníaco, é verdade. Mas a música de John Lennon nunca foi tão maravilhosamente utilizada.
Os 1.800 drones formam o logo de Tóquio 2020, e depois se transformam no globo terrestre, ali, acima do estádio. As crianças puxando a música e depois, artistas representando cada continente, quase que recitando, para cada um nós, aqueles lindos versos de uma música que podemos chamar de um hino à diversidade.
Esta, será a cena inesquecível destes Jogos.
Além do que, um reconhecimento a Yoko Ono.
Então: O que foi muito diferente
A conclusão que cheguei depois de ver e rever a cerimônia, foi que a estranheza do início ficou tão somente, no fato de o Japão ter se proposto, a contar a história do mundo recente. A mostrar como as dificuldades foram superadas.
Toda aquela solidão, aquele minuto escuro e intenso, trouxe tudo aquilo que vivemos nos últimos tempos.
Não era isto que, talvez esperássemos.
Mas é isso que devemos aplaudir.