Um grupo de pesquisadores do Instituto Mamirauá acabou de voltar de campo. Eles foram até o Sul do Estado do Amazonas para dar continuidade a uma pesquisa que vem sendo realizada desde 2012.
“O objetivo geral deste trabalho é verificar a ocorrência e a distribuição de uma espécie conhecida como Mico marcai”, conta Felipe Ennes Silva, pesquisador do Instituto Mamirauá. Nesta sexta expedição, que ocorreu de 15 de janeiro a 09 de fevereiro de 2015, o intuito foi buscar informações sobre parâmetros populacionais da espécie, como densidade ou abundância.
Foto: Marcelo Santana.
Felipe iniciou este trabalho na região porque essa espécie de primata foi coletada em 1914, durante a ‘Expedição Científica Rondon-Roosevelt’. Três peles de indivíduos de Mico marcai foram levadas para o Museu Nacional do Rio de Janeiro na ocasião. Em 1993, um biólogo chamado Ronaldo Alperin, descreveu a espécie com base nas três peles do museu. É com base nesse histórico que fomos para a região em 2012.
O primeiro passo foi verificar a presença de fato do primata na área. Depois, outras expedições delimitaram a área de distribuição do Mico marcai. A área engloba os municípios de Manicoré e Novo Aripuanã, ambos no Estado do Amazonas. Estes dados foram levantados em campo, entre os anos de 2013 e 2014.
Na expedição deste ano, foram levantados dados de abundância da espécie. Os pesquisadores percorrem as trilhas na floresta, enumerando os animais avistados. Um grupo de cinco pessoas percorreu uma área mais ao norte, na região do Manicoré, onde se discute a criação de uma unidade de conservação.
Um segundo grupo percorreu a região de confluência dos rios Roosevelt e Aripuanã, onde existe uma proposta de construção de hidroelétrica.
Além dos dados coletados para os micos, também foram levantadas informações de primatas em geral. Seguindo a mesma metodologia, “conseguimos bons dados sobre os zogue-zogue, um primata do gênero Callicebus, e de parauacus, do gênero Pithecia”, aponta o pesquisador. A pesquisa também está realizando uma revisão taxonômica do gênero Mico, apontando para novas classificações de algumas espécies.
Coletar informações sobre estes animais é um trabalho fundamental para se pensar em estratégias eficientes de conservação. “Junto com as informações sobre as principais ameaças para as espécies, vamos analisar todos esses dados coletados nas expedições para buscarmos parâmetros dos desafios de conservação de primatas naquela região. Um problema principal que estamos atacando aqui é a falta de conhecimento sobre a diversidade da área, em relação à população de primatas. A falta de conhecimento é um problema tão grande quanto a perda de habitat decorrente da pressão antrópica.”, afirma Felipe.
Hoje o projeto é conduzido pelo Instituto Mamirauá, em parceria com Conservation Leadership Programme, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Museu Emílio Goeldi, Universidade Federal de Brasília (UnB) e Universidade de Salford, na Inglaterra.