Nas relações humanas, as regras não são claras, como diz o Arnaldo.
Quando é falta ou não, impedimento ou pênalti é difícil saber.
Nem o VAR conseguiria com seus intermináveis VTs saber o que marcar e faria, como faz hoje, apontando qualquer coisa no achismo de linhas coloridas e passionalidade.
Passinonalidade que, aliás, norteia muita decisão humana por aí.
E na dor, que nos une nas solidões de dias reclusos, emoções estranhas nos rodeiam, desejos de volta, de idas e vindas…
E os barulhos dos vizinhos, nos prédios silenciosos, nos unem a auscultar, e escutar, os sons de corações partidos.
Aí, vem à memória uma canção do Frejat, que virou filme:
*Intimidade entre estranhos
Letra-texto quase pronta do que eu queria dizer, hoje, em mais um dia de isolamento sem regra clara.
¨Do outro lado, tarde da noite
Eles perdem a linha outra vez
Ela jura que agora acabou
Ele sabe a bobagem que fez
Os gritos, a porta batendo
Ela quer que ele diga por quê
Não quero escutar, mas escuto
E eu sei que eles sabem que eu sei¨
Quantas e quantas brigas que ouvimos e não sabemos ao certo o que fazer. E essa vontade louca de dizer: Peraí, já estamos sós. Partir não deve ser opção.
¨Nada é tão lento quanto o tempo aqui dentro
Eu e eles e a nossa dor
Nada é tão denso quanto o tempo em silêncio
Eu e eles no elevador¨
E todos de máscaras.
¨Do outro lado e eu sei que eles sabem
Que eu andei bebendo de novo
Que eu gritei pra lua o seu nome
Que foi outra noite sem sono
Eles devem ter se assustado
Quando ouviram o vidro quebrando
E eu escondo a mão enfaixada
Quando o elevador vai chegando¨
E cada um de nós, com seus traumas, dores e amores, imersos nas lembranças e dores, quebrando copos e vidros.
¨Intimidade entre estranhos
Perfume e pasta de dente
E um outro cheiro qualquer
Que a gente faz que não sente¨
É isso o que somos hoje, ou fomos sempre, ESTRANHOS ÍNTIMOS. Nos cheiros, sonhos e desejos.
¨Nada é tão lento quanto o tempo aqui dentro
Eu e eles e a nossa dor
Nada é tão denso quanto o tempo em silêncio
Eu e eles no elevador¨
O tempo parou, faz algum tempo. Dia ou noite, tanto faz.
Quando acordarmos, vale a pena nos conhecermos melhor, nem que seja num brinde ao som de Maybe da Janis Joplin.
*Maybe!
*Músicas citadas e/ou usadas no texto como inspiração: Maybe – Janis Joplin; Intimidade entre estranhos – Frejat e Leone.
Aliás, vale ouvi-las e assistir ao filme de João Alvarenga, Intimidade entre estranhos, inspirado na canção.