Há alguns dias atrás iniciou-se o revezamento da Tocha Olímpica.
Posso afirmar a vocês, que este é o evento mais instigante e desafiador que eu já vi.
O melhor do marketing esportivo está aqui.
São 100 dias, número médio dependendo de cada país, onde uma troupe caminha, corre, por todo um país, compartilhando a chama olímpica, acesa num ritual muito bonito, em Olímpia, na Grécia.
Dentre todas as atividades dos Jogos, este é sem dúvida aquele que mais integra as pessoas, e o que mais entrega ao patrocinador aquilo pelo qual ele se propôs a pagar.
Tenham a certeza de que não é barato, nem patrocinar e muito menos participar.
Resolvi escrever sobre este acontecimento, por 2 motivos.
O primeiro.
Participei das últimas 3 Olimpíadas.
Na China, organizando uma viagem de incentivo para 350 brasileiros que assistiram aos Jogos.
Em Londres, participei de um programa como observador, junto ao Lloyds Bank.
No Rio de Janeiro, estive envolvido desde o processo da candidatura da cidade, até o início do ano de 2013, quando tínhamos o planejamento 80% pensado.
Depois, desenvolvi um projeto para a Federação Internacional de Vôlei – a Casa do Vôlei, durante todo o período dos Jogos.
Fico, hoje, imaginando as dores dos profissionais envolvidos. A incerteza. A dúvida sobre o que fazer e o que não fazer.
De cara, plano A, já era, desde o ano passado. Provavelmente tiveram que desenvolver um 1 plano para cada notícia, melhor ou pior, durante este período.
Imagino a pressão de ter que lidar com esta situação dramática do mundo, e estar sentado na cadeira que tem que decidir o que fazer.
Ainda me lembro da discussão do contrato de patrocínio, por exemplo. Um ano e quatro meses debatendo cada linha, semana a semana, que resultou eu um documento com quase 200 páginas.
O segundo ponto, me traz de volta ao Tour da Tocha Olímpica.
O primeiro briefing feito, pós aprendizado de Londres, foi: este é um evento que dura 100 dias, com no máximo 10 dias de descanso dependendo da escala, e que nunca está parado.
Isso. Parado. Sossegado em um lugar.
Além disso, a cada 250 metros, muda o protagonista. E sempre com características diferentes.
Levem em consideração que, num momento podemos ter um membro da família real conduzindo a tocha.
Depois um ídolo do futebol.
Alguns metros depois, um tetraplégico; e aí chegou a minha vez de conduzi-la.
Para quem está envolvido, são situações completamente diferentes, mas muito parecidas.
Concluindo esta minha reflexão.
Com a mais absoluta certeza, participar dos Jogos Olímpicos é transformador.
Em todos os sentidos.
Você adquire uma bagagem muito importante.
Mas realmente, nesta Olimpíada, as decisões que foram tomadas, e as que ainda terão que ser, serão muito difíceis.
Fazer um filme e colocar no ar, usando o direito adquirido, é mais fácil.
Construir e depois entregar um programa de live marketing a esta altura, será uma tarefa muito complexa.
Desejo muita sorte, muito bom senso, muita serenidade àqueles profissionais envolvidos direta ou indiretamente com os Jogos de Tóquio.
Mas um aviso importante; se você ouvir alguém falando de como é legal, charmoso, e deslumbrante trabalhar nesta área, desconfie. Ou o cara nunca fez nada, ou não tem a menor ideia do que é esta área.
Entretanto, eu, pessoalmente, acho tudo isso fantástico, ótimo, deslumbrante mesmo, desafiador. É tudo de bom trabalhar nesta área.
Vai entender.
Viva la vida.
(Fotos: Divulgação – Luiz Fernando)