Quem é apaixonado pelo esporte, em especial o futebol, sabe que o seu lema sempre foi “Lágrimas, suor e sangue”. Isso era o que o atleta dava de si cada vez que entrava em campo para disputar uma partida, não importando qual era o campeonato, ele queria ganhar e fazer a sua torcida feliz.
Infelizmente, isso já não existe mais. O futebol passou a envolver milhões e mais milhões, e isso fez que junto com a magia do esporte, viesse a corrupção, tanto é que, o assunto mais comentado da última semana, mesmo para quem não é um fã do esporte, foi a acusação da corrupção na entidade máxima do futebol: a Fifa.
Foto: Eduardo Nicolau/AE.
Em colaboração com a Justiça dos Estados Unidos, autoridades policiais da Suíça conduziram uma operação no dia 27 de maio, em Zurique, para prender executivos do futebol que se reuniam para um evento da Fifa. Dentre eles, José Maria Marin, ex presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Os dirigentes estão na mira de uma investigação do FBI, a polícia federal americana, que os acusa de corrupção generalizada nas últimas duas décadas, especialmente envolvendo escolha das sedes da Copa do Mundo em 2018 (Rússia) e 2022 (Catar).
As prisões foram decretadas por uma corte federal do Brooklyn, Nova York, que informou em comunicado que os valores desviados no esquema seriam de até US$ 150 milhões. Os presos, inclusive Marin, podem ser extraditados para os Estados Unidos a qualquer momento. Eles já estão na condição de réus.
A Culpa é de Quem?
O marketing esportivo começou a ganhar destaque de uns tempos para cá. Investir em esporte passou a ser lucrativo para muita gente. Surgiram várias agências, os investimentos nesse segmento aumentaram, e, mais uma vez, com eles, vieram as “jogadas estratégicas”.
As grandes marcas, que investiram e ainda investem milhões em seleções de futebol foram amplamente atingidas. Algumas se pronunciaram sobre o assunto, outras preferiram se omitir, ou aguardar mais detalhes para dar o seu pronunciamento final.
Mas, e as agências de marketing esportivo? Qual é o real envolvimento delas em toda essa ‘maracutaia’ que tomou conta do futebol mundial?
Além dos dirigentes de futebol, estão sendo acusados profissionais ligados ao marketing esportivo e mídia. Dentre eles, José Hawilla, dono da Traffic. A Klefer Marketing Esportivo, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, também está sendo investigada.
A Polícia Federal e procuradores do Ministério Público Federal realizaram na noite de 27 de maio, uma operação na empresa, em busca de documentos.
O executivo da Traffic, inclusive, é considerado réu confesso, já que foi condenado nos Estados Unidos em 12 de dezembro de 2014 por lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça e concordou em pagar multa de US$ 151 milhões.
Além de Hawilla, também já se declararam culpados anteriormente o norte-americano Charles Blazer, ex secretário-geral da Concacaf, e Daryan e Daryll Warner, filhos do ex vice-presidente da Fifa Jack Warner.
Rede Globo
De acordo com o Portal Brasil 257, a investigação do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, sobre corrupção no mundo do futebol, criou um sério embaraço para a Globo, que detém os direitos exclusivo de transmissão dos principais torneios nacionais e internacionais.
Segundo a Globo, estão sendo investigadas apenas empresas empresas de marketing esportivo – e não grupos de mídia.
No entanto, essas empresas, como a Traffic, de J. Hawilla (sócio direto da Globo), e a Klefer, de Kléber Leite, compravam os direitos dos torneios e os revendiam à Globo. Eram, portanto, apenas, intermediários nas negociações com as confederações.
Foto: Reprodução/Google.
Por conta da proximidade evidente com o esquema investigado pelo FBI, a Globo estuda, agora, demitir o seu “rei do futebol”. Trata-se do executivo Marcelo Campos Pinto, que é quem negocia a compra de todos os torneios, em nome dos irmãos Marinho.
Segundo informação publicada no Blog do Paulinho, especializado no mundo do futebol, Campos Pinto teria sido pressionado a pedir demissão, mas ameaçou colocar “a boca no trombone”.
É grande o temor que os detidos, em delação premiada, possam, de alguma maneira, comprometer a emissora. Demitir Campos Pinto seria a maneira de expor publicamente que a Globo teria sido vítima de negócios realizados pelo executivo à margem do conhecimento dos diretores.
Mas como explicar a origem dos pagamentos mensais (que, evidentemente, não saíram dos bolsos do funcionário), milionários, aos dirigentes?
Se para o público a solução imaginada é colocar a culpa no “bode expiatório”, internamente, o executivo, já com poderes diminuídos, é acusado de jogar para os dois lados, por vezes, em benefício maior da cartolagem.
A maior rede de televisão do País vive um drama que nem mesmo seus melhores roteiristas de novelas poderiam imaginar.
Na entrevista coletiva em que apresentou ao mundo as vísceras da corrupção na Fifa, a secretária de Justiça dos Estados Unidos, Loreta Lynch, foi didática, até desenhou o caminho da corrupção na entidade.
Foto: Reprodução/Google.
Entre os personagens que pagaram propina para adquirir direitos de transmissão da Copa do Mundo, Libertadores, Copa América ou Copa do Brasil, estão os grupos de mídia que transmitem os eventos.
Segundo Lynch, a corrupção é “Sistêmica, desenfreada e funciona há pelo menos 24 anos”. Se a Globo é dona dos direitos de todos os campeonatos investigados e mantém relações empresariais com o pivô do escândalo, o brasileiro José Hawilla, dono da maior afiliada da emissora, a TV TEM, e réu confesso de crimes de extorsão e lavagem de dinheiro, fica difícil acreditar no editorial da edição de quarta-feira (27/05), do “Jornal da Globo” de que “Não pesam suspeitas sobre as empresas de mídia que compraram desses intermediários os direitos de transmissão.”
De acordo com o esquema desenhado pelo governo americano, as empresas de marketing esportivo, de posse dos direitos de transmissão de campeonatos importantes, como a Copa do Mundo, Libertadores, Copa América ou até a Copa do Brasil, revendia-os aos grupos de comunicação e patrocinadores, que também pagavam propina às empresas para fecharem os contratos.
Não é novidade para os brasileiros que as Organizações Globo detêm há décadas o monopólio na transmissão de eventos internacionais de futebol. Só da Copa do Mundo, a parceria com a Fifa vem desde o mundial de 1970.
Todos os campeonatos em que foi identificado pelo FBI o pagamento e recebimento de propina, a emissora da família Marinho é a transmissora oficial no Brasil.
Arte: UOL.
De certo, até o momento, o que se tem é que, em meio ao maior escândalo de corrupção da história da Fifa, o suíço Joseph Blatter foi reeleito para a presidência da entidade máxima do futebol mundial no dia 29 de maio. Mas, pode não ficar. No dia de ontem (31/05), a Justiça americana solicitou a ele que renunciasse. Blatter ainda vai ser ouvido sobre os escândalos que envolvem a entidade.
Blatter está no cargo desde 1998, quando substituiu o brasileiro João Havelange, e vai agora para seu quinto mandato.
Na eleição de 29 de maio, Blatter teve, no primeiro turno, 133 votos contra 73 de seu único rival – o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein. Como o suíço teve sete votos a menos que o necessário para vencer já na primeira volta, a disputa teria que ir para o segundo turno. Al-Hussein, no entanto, acabou desistindo da disputa, o que abriu caminho para a vitória de Blatter.
Foto: AFP.
Isso só vem a confirmar que muita água ainda vai passar por baixo da ponte, mas, será que alguém terá realmente poder para acabar com os “poderosos de plantão” do futebol
Poderemos, novamente, ver um jogo de futebol em que as estrelas serão os jogadores e não os milhões em volta deles e das entidades máximas? Será que as marcas poderão fazer as suas ativações sem medo?
Que alguém faça algo em favor da grande paixão mundial: o futebol.