Adorei uma pergunta que recebi em meu LinkedIn, a respeito de qual seria minha opinião em relação à inteligência artificial, suas teorias fantásticas, suas experiências e descobertas que avançam pelo mundo inteiro e invadem cada vez mais nossas vidas, e à enorme profusão de artigos e palestras disseminadas em vários ambientes. Qual seria, afinal, sua influência em nossa sociedade, em nosso dia a dia?
Confesso que fiquei pensando em como responder à pergunta, já que não sou um estudioso da matéria, mas, em alguns aspectos, acabo sendo um usuário direto dessa ferramenta.
Vejam o que recebi de volta em poucos segundos:
A inteligência artificial (IA) é um campo fascinante e em constante evolução que se concentra no desenvolvimento de sistemas e algoritmos capazes de realizar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana. A IA tem o potencial de transformar muitos aspectos da nossa sociedade, desde a automação de processos até a criação de assistentes virtuais avançados.
Existem diferentes opiniões sobre a inteligência artificial, e elas variam dependendo das perspectivas e preocupações individuais. Aqui estão algumas considerações importantes:
1. Benefícios e oportunidades
2. Desafios éticos
3. Impacto no emprego
4. Responsabilidade e transparência
5. Colaboração entre humanos e Ia
Em resumo, a inteligência artificial possui um enorme potencial para beneficiar a sociedade, mas também apresenta desafios e preocupações. É importante desenvolver e usar a IA de maneira responsável, ética e transparente, visando a colaboração entre humanos e máquinas para aproveitar ao máximo suas capacidades.”
Ótimo, pensei, ao ler a resposta. Temos um resultado interessante e que no mínimo satisfaria a quem proferiu a indagação. Entretanto, ao me aprofundar na composição, percebi que temos um texto do tipo “politicamente correto”, daquele que não é lá nem cá. Me lembrou muito os tempos em que participava de reuniões intermináveis, e alguns colegas tinham uma grande habilidade para criar frases “prontas”, apenas juntando palavras que certamente agradariam à audiência, mas que, no fundo, pouco acrescentavam à resolução do que estava sendo debatido.
Alguns analistas afirmam que, no caso do ChatGPT, por exemplo, os maiores ameaçados são aqueles que criam arte, publicidade, textos e conteúdo. Eu prefiro acreditar que exista outra IA nesses casos. Mas, Luiz, o que é essa outra IA? Simples: Inteligência da Alma.
Aqueles que adoram Star Trek vão recordar que, na segunda geração da série, existe um personagem extremamente interessante nesse aspecto. Trata-se do Comandante Data, que é uma representação de inteligência artificial bastante desenvolvida, capaz de solucionar problemas dos mais complexos. E qual é o grande desafio do Data durante toda a série? Entender reações como humor, paixão, tristeza e outros sentimentos inerentes ao ser humano.
Eu me debruço todas as semanas para escrever e, juro a vocês, é um exercício difícil, que requer muita paciência e perseverança. Quando escrevo, tento pintar com as palavras as reações, as emoções e os conceitos que foram vividos e experimentados por mim. É um desafio imaginar que possamos chegar a um patamar de IA capaz de aprender a usar essas reações de forma única, exclusiva, genuína, e não simplesmente tirar uma mediana do já aprendido na devolutiva aos seus usuários .
Em última análise, imagino que isso possa acontecer com o desenvolvimento, entretanto, é difícil que tenhamos possibilidades fora dessa média de aprendizados.
Devo admitir que não sou a pessoa mais gabaritada para debater tecnicamente a questão, mas alguns aspectos óbvios citados no texto elaborado pelo nosso ChatGPT acabam levantando alguns pontos de atenção. Vou citar alguns somente. O texto menciona a ética. Quero extrapolar esse ponto até a questão do direito autoral. Há que se pensar como nossa sociedade tratará esse tema tão importante. Será que o fato de alguém aproveitar um material de qualquer autor, simplesmente trocar duas ou três expressões e se apropriar com fins lucrativos, em qualquer aspecto, representará um problema para quem se utilizou desse artifício? De mãos dadas com esse ponto, aparece naturalmente a transparência em relação a como o material foi desenvolvido. Será que a simples utilização, sem nenhum envolvimento direto do autor, será tratada da mesma forma como hoje esses desenvolvimentos são encarados?
Mais uma vez, quando se fala em novas tecnologias, uma das primeiras preocupações que aparecem é em relação a empregos e mercado de trabalho. Faz tempo que a minha geração ouve dizer que o emprego seria uma mercadoria em extinção. Muitos acreditaram nisso logo cedo e trataram de direcionar suas vidas profissionais para o empreendedorismo, por exemplo. Não foi o meu caso, o que acabou fazendo com que eu perdesse um tempo precioso. É importante a constatação de que faltam empregos, mas o mercado continua oferecendo oportunidades de trabalho. Sim, eu sei que alguns já estarão resmungando por conta do problema que é ser PJ – por exemplo, em relação a direitos. Posso concordar, mas esse é um ponto para outra discussão.
Meus amigos, me esforcei para compartilhar com vocês o que hoje consigo pensar a esse respeito. É provável que, quando este texto voltar da revisão, pronto para publicação, meus conceitos já tenham apreendido uma nova realidade. Mas a velocidade das informações hoje faz com que nossos processos fiquem alertas. Caso contrário, ficaremos repetindo uma frase de Perdidos no Espaço, uma famosa série de ficção científica, onde o tataravô do Comandante Data, quando não conseguia resolver um problema, balançava os braços desesperadamente e dizia: “Não tem registro! Não tem registro!”
Nota do autor: O ChatGPT levou 5 segundos para escrever o texto que reproduzi no início deste artigo. Entre correções, revisões e adequações, eu levei 5 dias para chegar a sua forma final.