Experiência de Marca

Certo ou errado? Uma análise sobre BID e Concorrência no live marketing

Já precisou abrir um BID e Concorrência para um projeto de evento? Se sim, aqui vamos analisar essa prática de mercado. Se não, venha aprender o que é!


O tema BID e Concorrência dentro das agências e entre os profissionais de live marketing é delicado e polêmico. Muitas exigem mudanças e práticas mais saudáveis. 

Tudo isso derivado de processos, muitas vezes, desgastantes e caros, sem garantia de retorno.

Mas afinal, o que é um BID? Como é realizado todo esse processo? Quem ganha com tudo isso? 

Para falar melhor sobre o assunto, conversamos com dois especialistas em brand experience: Edinho Potsch, CEO da Sherpa42Celio Ashcar Jr, Partner da AKM.

Confira! 

O que é BID no live marketing?

A sigla BID vem do inglês “Bidding Process” que pode ser traduzido como “oferecer” ou “convidar”.

De uma forma bem direta, podemos definir o BID como um convite para apresentação de planejamentos estratégicos e orçamentos de um evento, usado para que uma empresa/marca interessada em adquirir um serviço anuncie essa demanda entre os fornecedores. 

Após definir as especificidades do pedido e receber as propostas, começa, então, o processo de seleção.

Ou seja, se sua agência recebe um convite para um BID ela precisa criar um guia estratégico, contendo informações detalhadas sobre o cliente, seus objetivos, público-alvo e visão do evento. Além de incluir análises de mercado, concorrência e tendências.

Por meio da apresentação desse documento a equipe cria uma abordagem eficaz para a concepção e execução do evento proposto, estando apta a concorrer aquele contrato com outras agências participantes do processo. 

BID na prática: Edinho da Sherpa42 mostra como é todo este processo de concorrência

Edinho Potsch, CEO da Sherpa42

Edinho compartilhou conosco a realidade de sua agência e como os processos acontecem internamente. 

Um norte detalhado e rico para qualquer profissional de live marketing que queira se aprofundar e dar os primeiros passos rumo ao sonho de vender seus projetos para grandes empresas. Ou melhorar a forma como conduz suas apresentações atualmente. 

BID é a partir de um determinado montante de verba? As agências precisam dar “lances”  financeiros? É um processo eletrônico?

Cada cliente/empresa possui o seu processo de compras, liderado pelo time de Procurement (Compras/Suprimentos), já definido e as regras são apresentadas para as agências e parceiros.

Atualmente, existe um processo distinto para cada contratação. Por exemplo: caso a contratação seja de um material específico ou então uma ação simples, cuja criatividade não é mandatória (ex: sampling de produtos), o processo é uma concorrência de preços – caso possuam mais de uma agência que presta esse tipo de serviço. 

Alguns clientes têm adotado plataformas de compras para a condução do processo de contratação. O uso destas plataformas traz mais isonomia no processo pois seguem prazos e modelos para inserção na plataforma que é analisado pelo time de Procurement.

O BID normalmente é para ações pontuais ou para contratos de longo prazo?

O BID pode ser para contratos de longo prazo também. Exemplo: homologação para os próximos 3 anos. Contudo, isso não é garantia de faturamento junto ao cliente, sendo que dependendo do processo de compras, realizam-se concorrências pontuais para aquele projeto específico. E um ponto importante: sem remunerar à agência.

Como são divididas as equipes para análise e participação da agência em um BID?

Nosso trabalho e definição de equipes é feito por meio da criação de Squads. 

Temos em cada núcleo diversos profissionais capazes de atender qualquer perfil de cliente, independente do seu tamanho, segmento e área de atuação. 

Nossos squads contam com times de Liderança, Negócios, Planejamento/Estratégia, Criação, Pré-Produção, Produção e Administrativo/Financeiro.

Qual o investimento de uma agência para participar de um BID?

Tudo depende da dimensão e complexidade dos projetos. De toda maneira, o investimento em hora/homem é enorme, bem como a eventual contratação de terceiros (planejamento, criação, 3Ds…), caso a agência não tenha pauta ou determinado serviço dentro de casa e queira corresponder. 

Cabe reforçar que no modelo “padrão”, onde as concorrências não são remuneradas, o risco deste é que haja privilégio da agência.

Quais critérios vocês usam para definir se vão ou não aceitar o convite para um BID?

Primeiro ponto é entender o momento da agência, a pauta e a possibilidade de atender com a devida excelência. Não participamos de BIDs ou Concorrências apenas por participar, por verba ou complexidade.

Somos uma agência de Experiential Marketing e logo no primeiro contato e primeira oportunidade, precisamos oferecer, como agência especializada, uma ótima experiência ao nosso cliente. Analisamos se teremos condições de fornecer uma prestação de serviços com uma excelente experiência e um projeto à altura do que esperam receber.

As agências não escolhidas são ressarcidas por este investimento por parte da marca que promoveu o BID?

Infelizmente não, e essa é sem dúvida uma das nossas maiores frustrações. 

Ainda hoje (pós-pandemia), o entendimento dos clientes e a prática de mercado é que esse é o risco do negócio e não cabe ressarcimento do investimento pelo cliente em pelo menos 90% dos casos, o que para nós é lamentável. 

Torna o nosso negócio ainda mais complexo. Pela dinâmica de projetos pontuais e não práticas de Fee.

Esperamos que todos entendam a importância destas agências, as tenham como estratégicas e as remunere como fazem com as agências comunicação/ATL, PR, entre outras.

Uma análise profunda sobre as práticas de BID no mercado de live marketing. Por Celio Ashcar Jr

 

“Somos o único país no mundo que pratica concorrência de job a job. É uma prática abolida em quase todos os países desenvolvidos e que praticam o ESG.”

A frase de Celio reforça seu posicionamento sobre o que ele entende do atual cenário do mercado de live marketing e as imposições do BID.

Celio-Ashcar Jr, Partner da AKM

E para completar sua opinião, ele continua…

“As agências, profissionais e fornecedores de live marketing não são respeitados e reconhecidos. A prática de concorrência job a job é algo que destrói a saúde mental e psicológica dos profissionais e a chance das agências de evoluírem. 

O mais inaceitável em tudo isso, é que apenas o mercado de live marketing tem concorrências de job a job. A propaganda não tem, o digital não tem, e o PR muito menos.

A pergunta que ninguém responde é: Por que só o live marketing tem concorrências de job a job?

“A resposta é simples: Porque somos sobreviventes de um mercado tóxico, abusivo e insustentável. E como todo sobrevivente ou vítima de abuso temos medo de reclamar ou pedir para ser respeitado.

Eu não acho que a culpa é só de quem faz as concorrências de job a job. As agências e profissionais também possuem sua parcela de culpa. Não somos unidos, não nos respeitamos, não mostramos nosso real valor.

Como que alguma marca ou pessoa pode achar respeitoso pedir para 5 agências apresentarem um projeto criativo completo de um evento e apenas escolherem uma agência. 

Quem remunera as outras 4 agências que gastaram tempo, insumos e ideias criativas? É como ir a um restaurante degustar cinco pratos e só pagar por um prato, ou porque era melhor ou porque era mais barato.

Em média, uma agência participa de 5 a 10 concorrências por mês. Isso gera um custo adicional de aproximadamente R$ 200 mil por mês, além de toda equipe e estrutura fixa. 

Eu não sou contra o processo de concorrênciasou contra como ele é executado. Sou a favor de um mercado sustentável, justo e equilibrado. O correto é executar como acontece na propaganda. 

Não existe concorrência job a job por nova campanha. É uma concorrência única para um contrato fixo de 2 anos. E durante esse período a agência vitoriosa trabalha diretamente com a marca. Não precisa inventar nada. Apenas praticar ESG!”

Polêmicas à parte, é inegável o tamanho do esforço das agências que, em contrapartida, encontram inúmeros desafios para conseguir concorrer a um projeto, evento ou até mesmo para brigar por job a job. 

Repensar nessas práticas de mercado passa primeiro pelo debate. Trouxemos esta pauta justamente para você discuti-la no seu ambiente de trabalho, com outros colegas de profissão. 

O universo do brand experience brasileiro é extremamente talentoso e criativo, mas ele precisa ser cada vez mais unido também!” desabafa Ashcar.

E você, o que acha dessa dinâmica vivida pelo mercado atualmente? Deixe a sua opinião abaixo nos comentários!