Assim como o Estado do Rio Grande do Sul – pioneiro na utilização de fases sinalizadas por cores para redução gradual da quarentena, e que agora está sendo adotado por São Paulo e outras regiões – os empresários de live marketing gaúchos também tomam a frente nos conceitos a serem utilizados para os protocolos de eventos em Porto Alegre.
Apesar da incertezas e no aguardo de orientações e autorizações dos governos estadual e municipal, o setor começa a se mobilizar para as adequações necessárias que shows e festas terão de seguir.
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Criado em 2017, o Grupo Live Marketing RS, que envolve 340 empresários do segmento de shows e entretenimento do Rio Grande do Sul, responsáveis por empregar, direta e indiretamente, mais de 500 mil pessoas, tomou a frente agora no mês de maio da interlocução com as autoridades do município e do Estado.
Segundo um dos organizadores da entidade, Rodrigo Machado, sócio-diretor da Opinião Produtora, que administra o bar Opinião, o Pepsi On Stage e o Araújo Vianna, o primeiro passo foi, antes de enviar qualquer tipo de sugestão de protocolo para os governos, radiografar as especificidades do setor no Estado.
“ Nossa preocupação sempre foi o de mostrar às autoridades a diferença e separação que deve ser dada aos diversos tipos de eventos. Até então, um espetáculo em uma casa show era igual ao de uma boate, que era igual ao de um teatro, que era igual ao de um evento corporativo, que era igual ao de evento de rua, que era igual ao de um seminário ou de uma show na Arena, por exemplo. E a gente sabe que não é assim, cada tipo tem suas especificidades e suas subdivisões. Separamos em subtipos, e, para cada um deles, sugerimos protocolos específicos.”, explica Machado.
No documento, os empresários listaram algumas prevenções que já estão sendo tomadas para o momento em que as autoridades liberarem shows e eventos do gênero: máscaras para o público e colaboradores, distanciamento entre as pessoas, limite de ocupação do espaço, afastamento de casos positivos ou suspeitos de Covid-19, atendimento diferenciado para grupos de risco, higienização dos ambientes dos trabalhadores e do público e equipamentos de proteção obrigatórios, além dos cuidados no atendimento ao público.
Machado descarta qualquer especulação sobre como serão os novos formatos, justamente pelo fato de que as autoridades é que definirão as normas para cada tipo de atividade.
“Vão analisar os protocolos que enviamos e nos mandarão as considerações em cima das propostas. O que disserem que temos de fazer, faremos. Quando as casas forem autorizadas a reabrir, reabriremos com dois tipos de segurança: a biológica, de saúde; e a psicológica das pessoas, pois elas têm que entender que estarão entrando em um local seguro.”, comenta Machado.
Expectativa
A médica Maria Eugênia Bresolin Pinto, doutora em Epidemiologia e integrante do Comitê Técnico de Informações Estratégicas e Respostas Rápidas à Emergência em Vigilância em Saúde Referente ao Coronavírus da Universidade Federal de Ciências da Saúde (UFCSPA), faz um alerta sobre a volta de eventos culturais como shows e peças de teatro: “Vamos chegar no momento em que os eventos de lazer poderão voltar, mas temos um passo anterior, que será a abertura das escolas e das universidades. Aí, testaremos, inclusive, a maturidade dos jovens em seguir ações de prevenção. Mas também veremos se não terá uma piora dos indicadores e a necessidade de darmos um passo atrás.”
A especialista ressalta que as atividades que reúnem aglomerações devem ser as últimas a ser liberadas: “Elas têm suas peculiaridades. Uma sessão de cinema é muito diferente de um show em casa noturna. Talvez shows em ambientes abertos, longe do inverno gaúcho, possam ocorrer. Em alguns parques europeus, estão sendo desenhados círculos nos gramados para delimitar o espaço de cada pessoa. Mas, imagine isso no Anfiteatro Pôr do Sol, com as pessoas ingerindo bebidas alcoólicas. Não acredito que isso seria respeitado depois de determinado momento.”
Maria Eugênia destaca ainda, que, além dos cuidados básicos para reduzir o risco de transmissão do Covid-19, devem ser observados outros fatores para que os shows voltem a ocorrer: “Os locais onde ocorrem estas atividades, normalmente, são fechados, e isso gera outros cuidados, como manter janelas abertas para circular o ar, os cuidados com os sistemas de refrigeração. A capacidade (do local) também deverá ser reduzida, os funcionários deverão usar protetores faciais e máscaras, entre outros ajustes que teremos que verificar de acordo com a evolução desta doença no Estado e na cidade.”