O Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos (CBPE), realizado pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE) no Distrito Anhembi, São Paulo, reuniu milhares de profissionais e especialistas para discutir os desafios, avanços e o futuro do setor de eventos no Brasil.
Em sua 9ª edição, o evento também incluiu a 4ª Expo ABRAPE, que contou com 88 stands e recebeu um público recorde de 2600 pessoas, 30% a mais que no ano anterior. Durante os dois dias, temas como a sustentabilidade, o impacto da Geração Z e a continuidade de políticas públicas foram abordados em palestras, paineis e fóruns, proporcionando uma ampla troca de experiências e networking.
Manutenção do PERSE é celebrada
No primeiro dia, a continuidade do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE) foi comemorada pelos participantes. Prorrogado até 2026, o programa foi amplamente reconhecido por seus impactos no setor, garantindo isenções fiscais que já resultaram em bilhões de reais em renúncia fiscal para empresas de eventos.
Segundo Doreni Caramori Júnior, presidente da ABRAPE, a renovação do PERSE é “a maior vitória tributária do Brasil em 25 anos”, gerando alívio financeiro que beneficia empresas, empregos e a recuperação econômica após os impactos severos da pandemia.
Além disso, o congresso destacou iniciativas de apoio social e comunitário, como o Festival Salve o Sul, um evento realizado para ajudar vítimas de enchentes no Rio Grande do Sul. O festival arrecadou mais de R$ 8,2 milhões e envolveu 40 artistas e 150 empresas, evidenciando o potencial de mobilização e solidariedade do setor de eventos no Brasil.
Reforma Tributária e sustentabilidade ganham espaço no evento da ABRAPE
Outro tema de peso foi a reforma tributária, que provocou preocupações sobre o possível aumento da carga tributária para algumas empresas de eventos. Durante o painel, Caramori frisou a importância de ajustes para evitar consequências econômicas desfavoráveis e convocou o setor a se mobilizar em defesa de suas demandas em Brasília. “A alíquota cheia para certos elos da cadeia pode dobrar os custos tributários”, alertou o presidente da associação.
A sustentabilidade também se destacou como um pilar essencial para o futuro do setor, com palestras que abordaram o ESG (Environmental, Social, and Governance) como uma prática crucial para agregar valor aos eventos. O especialista Rodrigo Cordeiro compartilhou cases de sucesso, como o 8º Fórum Mundial da Água, que serviram como exemplos de integração entre sustentabilidade e o setor de eventos.
Geração Z e ESG no centro das atenções
No segundo dia do congresso, o foco se voltou para o impacto da Geração Z e o ESG no setor de eventos. Conhecidos por sua busca por flexibilidade e valores mais inclusivos e sustentáveis, os jovens da Geração Z têm sido vistos como uma força de mudança.
A presença dos chamados Zoomers, com uma mentalidade “horizontal”, foi destaque nas discussões, refletindo como essa geração está desafiando a maneira tradicional de gerir e participar de eventos.
Durante sua palestra, o especialista em comunicação Dado Schneider discutiu as diferenças culturais e de mentalidade entre gerações, afirmando que “a Geração Z faz parte de uma nova agenda”, mais voltada para inclusão, diversidade e cooperação. Segundo Schneider, essa geração não se interessa pelo antigo modelo de hierarquia e exige maior transparência e autenticidade das empresas para as quais trabalha.
Ele ressaltou que a mudança de um modelo de liderança “vertical” para um “horizontal” se alinha com as demandas atuais dos Zoomers, sugerindo uma reflexão profunda para as empresas do setor de eventos sobre como adaptar sua estrutura para atrair e reter esses novos profissionais.
Felipe Baruque, vice-presidente de suprimentos e sustentabilidade da AMBEV, destacou como as empresas devem assumir uma responsabilidade compartilhada por práticas sustentáveis, começando pela escolha de fornecedores comprometidos com políticas ESG.
Baruque descreveu um conjunto de iniciativas da AMBEV que incluem auditorias, treinamento, padronização e medidas preventivas para assegurar condições dignas de trabalho. “Queremos que nossos eventos gerem orgulho, impactos positivos e a sensação de que estamos promovendo um futuro melhor”, disse o executivo, enfatizando que práticas de sustentabilidade não apenas ajudam a mitigar riscos reputacionais, mas também fortalecem a relação das marcas com consumidores e colaboradores que valorizam ética e responsabilidade social.
Histórias de superação e prêmios celebram contribuições ao setor
Fechando o evento, o medalhista paralímpico Gabriel Araújo inspirou a audiência ao compartilhar sua trajetória de superação e resiliência. Ele destacou como, apesar de suas limitações, encontrou na natação uma maneira de desafiar as expectativas e provar que é possível alcançar grandes conquistas, mesmo com deficiências. “Minha maior medalha foi descobrir que posso fazer as coisas que os outros fazem, basta acreditar e ter determinação”, afirmou Araújo.
O último dia também contou com premiações que celebraram os esforços de sustentabilidade e inovação no setor. Pela primeira vez, a ABRAPE reconheceu seus diretores regionais mais engajados, premiando os representantes de São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia por suas contribuições à associação.
Além disso, o Prêmio de Responsabilidade Empresarial no Setor de Eventos (PRESE) 2024, realizado em parceria com a AMBEV, premiou seis projetos em duas categorias de ações ESG, incentivando a promoção de práticas sustentáveis e a responsabilidade social no setor. Foram 18 finalistas de um total de 41 cases, refletindo a relevância crescente do ESG nos eventos realizados em todo o país.