Próximo nome do eSport?

Campeonato Mundial de Excel premiou vencedor em US$ 5 mil em Las Vegas

Organizador do evento busca consolidar o Excel competitivo como um novo eSport global e afastar percepção de que o app é “entediante”

No início de dezembro de 2024, a HyperX Arena, em Las Vegas, serviu como palco para mais uma competição eletrônica: o Campeonato Mundial de Excel. Sim, o mesmo Excel da suíte de aplicativos do Office, da Microsoft.

A ocasião foi organizada pela Financial Modeling World Cup (FMWC) e reuniu 12 dos melhores especialistas em planilhas do mundo – todos, profissionais das finanças corporativas e usuários mais que “hardcore” do Excel. A ideia foi a de que eles solucionassem quebra-cabeças complexos ao vivo, desafiando habilidades técnicas e analíticas em um formato que mais se aproxima de um jogo do que de uma rotina de escritório.

Imagem do Torneio Mundial de Excel, em Las Vegas
Imagem: Mikayla Whitmore/The New York Times

Mundial de Excel teve toda a pompa de uma competição de eSport

Apesar de ser inteiramente centrado em um app de escritório, o Mundial de Excel se destacou como um evento autêntico de esportes eletrônicos. A HyperX Arena está acostumada a esse tipo de realização, sendo a casa de eventos como Fortnite, Counter-Strike e diversos outros jogos.

Isso não foi à toa: Segundo os organizadores do certame, o prêmio em jogo era de US$ 5 mil (quase R$ 30 mil), além de um cinturão similar aos que se vê em torneios de artes marciais – e o título de “melhor especialista em planilhas do mundo”. Todo esse ar de competição virtual legítima foi reforçado pelo fato de que o evento teve transmissão ao vivo na ESPN 3.

Imagem do Torneio Mundial de Excel, em Las Vegas
Imagem: Mikayla Whitmore/The New York Times

Andrew Grigolyunovich, organizador da competição, afirmou que a ideia é elevar o Excel competitivo a um patamar ainda maior, com prêmios milionários e ligas reconhecidas globalmente. A iniciativa também reforça o papel do Excel, lançado pela Microsoft em 1985, como uma ferramenta indispensável e ainda muito relevante no mercado financeiro.

O Excel sempre foi visto como um produto de back-office. Mas aqui, essas pessoas que estão trabalhando, eu não quero dizer que são empregos chatos — mas, você sabe, empregos normais — elas poderiam se tornar estrelas”, disse Grigolyunovich ao New York Times. Ele próprio, aliás, é campeão de sudoku, um outro passatempo tido como metódico e de pouca ação.

Imagem do Torneio Mundial de Excel, em Las Vegas
Imagem: Mikayla Whitmore/The New York Times

A saber, o vencedor da ocasião foi Michael Jarman, que se provou uma “zebra”, já que ele teve que superar Diarmuid Early, 39, um consultor financeiro irlandês que mora em Nova York; e Andrew Ngai, 37, um atuário australiano de fala suave conhecido como o Aniquilador. Este último, inclusive, abriu as festividades como o então tricampeão.

E como toda competição de eSports, o Campeonato Mundial de Excel contou com narradores e comentaristas que serviram não apenas para recontar o que viam na tela, mas usar de sua entonação de voz para gerar expectativas, engajar o público e, tal qual Galvão Bueno se eternizou com seus gritos de gol, maravilhar espectadores a cada planilha, fórmula e comando lançado em uma célula.

Ao final de tudo, ainda falando com o jornal americano, o campeão ainda aproveitou para “cutucar” um app concorrente: “você nunca veria isso com o Google Sheets. Você nunca teria esse nível de paixão”, disse Jarman.