Feiras

Cansei gente, quero as feiras presenciais de volta!

Nos eventos online, geralmente com vários participantes, isso se torna ainda mais complexo e cansativo para o cérebro humano que é forçado a tentar interpretar os sinais de várias pessoas simultaneamente.

A comunicação plena depende de muitos sinais não verbais. No virtual esses sinais não são evidenciados e há um grande prejuízo para o claro e perfeito entendimento. O sucesso dos eventos de negócios está diretamente ligado ao pleno exercício dos cinco sentidos.

Nos eventos online, geralmente com vários participantes, isso se torna ainda mais complexo e cansativo para o cérebro humano que é forçado a tentar interpretar os sinais de várias pessoas simultaneamente.

É perfeitamente defensável que no momento atual sejamos impelidos a buscar alternativas virtuais para que a comunicação para negócios, para relacionamentos pessoais e profissionais, não seja abruptamente interrompida. Entretanto, cada dia torna-se mais claro, pelo menos para mim, que o virtual é apenas um paliativo momentâneo. Definitivamente, não tem a capacidade de substituir os encontros presenciais. Aliás, prefiro chama-los de encontros reais, sejam os pessoais ou os profissionais.

A defesa e até a apologia que alguns vêm fazendo das plataformas que tentam substituir eventos presenciais certamente não se sustentará passada a pandemia. Trata-se de uma substituição de baixa qualidade, como se estivéssemos substituindo o alimento real por um prato de comida ultra-processada. Claro que todos nós iremos repensar hábitos relacionados com deslocamentos que podem ser evitados, mas, não iremos nos ausentar dos eventos de negócios que proporcionam mais oportunidades para o desenvolvimento pleno das nossas atividades profissionais.

Essa enorme quantidade de tentativas virtuais não tem gerado receitas que minimamente permitam a continuidade das atividades dos realizadores de eventos. E tampouco tem gerado volume relevante de negócios entre indústria e comércio. O B2B, com a sua teia típica, que envolve vários profissionais desde o influenciador até o decisor, exige o contato pessoal capaz de proporcionar os elementos chave para decisões que envolvem, acima de tudo, a confiança.

Então, sou contra o virtual? Não, claro que não. O virtual pode ser complementar, uma extensão das feiras presenciais. Desde que entenda que deve ser assíncrono, que deve ocorrer nos intervalos entre uma edição e outra de um determinado evento. Essa questão de ser assíncrono está diretamente ligada a capacidade de atendimento e foco de quem expõe nos eventos, considerando que mais de 85% dos expositores são empresas de pequeno porte e não possuem equipes que possam dar atenção simultânea ao presencial e ao online. E para acontecer tem de ser em plataformas digitais muito bem desenvolvidas, senão, fica sendo apenas aquele tipo de “rolex” que chega de um país vizinho… mera imitação que não consegue nem mesmo receber o título de “réplica”.

Depois de ter participado de 117 lives e encontros virtuais (fora as vídeo chamadas) nesse período de pandemia, acredito que assim como eu, estão todos mentalmente exauridos por essa excessiva atenção ao meio digital.  Virou moda, até mesmo aquele documento ou aquela informação que poderia ser compartilhada em um texto nos apps de mensagens se tornarem uma vídeo chamada, uma vídeo conferência… ou uma live…haja!

Cansei gente, quero as feiras presenciais de volta! Precisamos urgentemente delas para contribuir com as imensas demandas que teremos pela frente, especialmente para recuperar os empregos perdidos e a imensa queda do PIB que afeta a todos nós, sem exceção. E que, ao retornar, possam agregar toda essa tecnologia no lugar certo. No pós-feira.