Na minha infância carioca, aos sábados, passava a Kombi da pamonha, com seu som ensurdecedor.
Acordava todos que estivessem dormindo.
Acredito que ele tinha uma meta de vendas.
Nós só conseguíamos dormir depois que ele batesse a tal meta.
Hoje, passados muitos anos, sinto que a área em que atuo, live marketing, precisa, dentre outras coisas, de uma Kombi da pamonha.
Logo nós, que nos arvoramos a nos posicionarmos como desenvolvedores de conteúdo, não conseguimos sair do lugar em relação ao aprisionamento que nos colocaram.
Falam dos protocolos e suas bandeiras, conceito criado no Sul, que baseia muitas das decisões.
Se olharmos mais profundamente, acharemos muitas distorções que não fazem o menor sentido, hoje.
Tudo baseado em números que, sabe Deus, como foram construídos.
Acabei de ver uma publicação, que aponta para o fato de que, quanto mais mortos registrados por Covid-19, mais os municípios recebem recursos, como ajuda.
Temos visto como alguns Estados e prefeituras, não são todos obviamente, usaram e têm usado os recursos.
O que é lamentável.
Voltemos às PAMONHAS.
Pelos tais protocolos e bandeiras, o que rola realmente:
Nos SHOPPINGS CENTERS, o horário foi restrito para não gerar aglomeração. Resultado: muita gente, ao mesmo tempo, por conta do horário!
Nos SUPERMERCADOS: Marcação no chão, álcool em gel, aviso de máscaras; esqueceram somente, do controle de trânsito dos carrinhos, que certamente, não guardam distanciamento de metro e meio dos protocolos na hora de pegar os produtos, por exemplo!
Nas aeronaves; nem pensar em distanciamento. Se isso acontecer, a indústria entra em falência!
Nos transportes coletivos, a maior demonstração da total ineficiência das tais regras e bandeiras!
Na feira, esqueçam o distanciamento. Um maravilhoso vai e vem de gente procurando frutas, legumes, pastel maravilhoso com caldo de cana!
Nas agências da Caixa, para ir buscar o auxílio. Melhor não comentar.
Mas o que acontece no live marketing???
Os caras dos eventos de negócios e corporativos afirmam que neste caso, a segurança é total.
Os dos eventos culturais, se manifestam mostrando suas dificuldades.
As empresas do setor parecem querer resolver o seu problema, sem olhar para o lado; afinal, o concorrente que se resolva, como acontece nessas concorrências, onde 10 agências são chamadas e como pamonhas, a grande maioria cria, produz uma apresentação e se submetem a todas as regras estipuladas.
Aí me lembro da meta de venda do vendedor de PAMONHAS.
O melhor de tudo é que, assistindo as inúmeras lives que estão acontecendo, falamos de tudo.
Como sempre.
Pontuamos todas as alterações que devem existir.
Mas sempre olhando para o umbigo.
E se dermos sorte de “ganharmos” a tal concorrência, está ótimo, adiamos nossa revolta para a próxima oportunidade em que formos derrotados.
Fala-se em respeito, horário de trabalho, pressão, tempo, clientes que não sabem o que querem, enfim todos os argumentos disponíveis.
Em 31 de agosto, mais ou menos 170 dias depois que o setor parou, houve um segundo evento-teste na Serra Gaúcha. O primeiro foi em Bento Gonçalves, o segundo em Gramado. Ainda vai haver mais um, na Capital.
Este evento, só aconteceu por conta de que, do alto de sua sabedoria, a prefeitura deu uma autorização especial, liberando, mas chamando o evento de treinamento.
Logo imaginei as pamonhas sendo anunciadas como empadas, apesar de serem pamonhas.
Em um depoimento de um participante, apareceu uma afirmação acachapante: “Vejam, estamos mais seguros aqui do que num supermercado, um ônibus, uma agência da Caixa.”
Ora meus amigos. Que conclusão!
Espero que, os tais gênios das bandeiras coloridas, vejam o que um setor agonizante, ainda consegue fazer.
Também espero que os que militam no live marketing, reflitam. Se convençam que somos uma “indústria”.
Com interesses comuns.
E não um salve-se quem puder.
Escrevi, pois a esperança, não é a última que morre. Mas a que nos mantém vivos.
Precisamos deixar de ser os PAMONHAS.
Fiquem à vontade para se manifestarem.
PAMONHA. PAMONHA. OLHA A PAMONHA!