Quem é do nosso mercado já sabe. Celio Ashcar Jr. tornou-se a mais relevante voz em busca de melhores condições para todos que desenvolvem projetos e campanhas utilizando as ferramentas de ativação de marca, eventos, live streaming e brand experience.
Escolhido como Empresário do Ano no Prêmio Live, Celio é verdadeiramente comprometido com o diálogo em busca de soluções de problemas que acompanham o mercado desde que ele existe.
Agora, o empresário levanta outro tema bastante controverso, e, para o qual, ninguém consegue responder quais os motivos de ainda convivermos com ele: As concorrências.
Nesta entrevista ao Promoview, Celio propõe o movimento “Igualdade de Concorrência”.
Mais uma vez o “Empresário do Ano no Live Marketing” convoca a todos para refletir e agir em busca de mudanças.
Promoview: Em 2020, logo no início da pandemia, em uma entrevista aqui no Promoview, você trouxe a discussão sobre o extenso prazo de pagamento das empresas com as agências, e, com isso, nasceu o Job Entregue! Job Pago! que teve uma enorme repercussão entre as agências, fornecedores e profissionais do mercado. E com os clientes, como foi?
Celio Ashcar Jr.: De fato, o Job Entregue! Job Pago! teve uma enorme repercussão. Saiu até no O Globo! Mas o resultado não teve a mesma grandeza da repercussão. Alguns clientes estavam abertos ao debate e quiseram entender essa dor do nosso mercado e tivemos algumas conquistas reais.
Foram poucas, mas significantes. Temos muito para evoluir ainda, e só conseguiremos maiores conquistas por intermédio da conversa e respeito. O cliente tem que entender que somos parceiros e não fornecedores. Parceiros se ajudam, se respeitam e torcem para o crescimento do outro. Mas hoje, só as agências trabalham para o crescimento do cliente. Precisamos ter reciprocidade.
Promoview: O mercado ainda tem muitas dores a serem tratadas. Como você enxerga o processo de concorrência?
Celio Ashcar Jr.: Eu enxergo como um outro grande problema que precisamos tratar rapidamente. Pois, além de recebermos em 90 dias ou mais, ainda temos uma difícil rotina de inúmeros processos de concorrências não remuneradas de job a job. Uma prática injusta, predadora e que retarda a evolução e o crescimento de uma agência.
Gastamos tempo, massa intelectual e criativa e muito dinheiro. Atualmente, as empresas estão chamando no mínimo 3 agências para qualquer tipo de concorrência. Tem empresas que chamam 7,8,9….. é inadmissível pensar que apenas uma agência irá vencer e outras várias vão perder todo trabalho, tempo e dinheiro.
É um grande desperdício intelectual e falta de respeito com os profissionais. Muito se fala de empatia, respeito e igualdade, mas pouco se pratica.
Falando em empatia, no momento que estamos vivendo de pandemia e com poucos jobs, as empresas deveriam dividir os projetos entre as agências homologadas e parceiras numa forma de contribuir para esta realidade triste e dolorosa que todos estamos vivendo. Ter job é gerar emprego. É sobreviver!
Promoview: Como seria o processo ideal?
Celio Ashcar Jr.: Eu não sei se existe um processo ideal, mas existe um processo vigente e utilizado com as agências de propaganda, digital e PR que eu acho mais justo. Abre-se concorrência para escolher uma ou um pool de agências para trabalharem num período de 2 anos com projetos diretos, sem concorrência, e, em muitos casos com remuneração mensal.
Essa é a forma que eu acredito ser mais coerente, pois as agências conseguem pensar estrategicamente e criativamente no cliente e na formação e capacitação da equipe dedicada que precisa formar.
Eu queria muito entender porque temos práticas e processos diferentes entre as agências que trabalham com comunicação. Cadê a igualdade? Temos que praticar mais a igualdade de concorrência.
Promoview: O que igualdade de concorrência?
Celio Ashcar Jr.: É muito simples. Adotar a mesma prática e o mesmo processo de concorrência para as agências que trabalham com comunicação. Hoje em dia, quando uma empresa decide lançar um produto, chama suas agências para uma reunião.
Para a agência de propaganda e PR já entrega o job diretamente, e, para as agências de live marketing, abrem concorrência não remunerada.
A propaganda tem uma verba infinitamente maior que a nossa e não tem concorrência por job. Qual a lógica disso? Deve ter alguma explicação, pois é uma atitude sem coerência, sem propósito e sem igualdade.
Acho que é o momento de as empresas repensarem sobre o discurso de igualdade e a prática de igualdade. Que venha logo a igualdade de concorrência.