Recentemente foram divulgadas grandes movimentações sobre o mercado de eventos internacional e nacional. Notícias que NÃO ouvíamos antes da pandemia pois existia uma acomodação geral do setor.
Os players estão estabelecidos, assim como os seus produtos. Margens estão bem obrigado. Clientes expositores no modo automático “fazendo o que sempre fizeram”. Visitantes deixando o seu número do CPF em um database e ganhando um lindo crachá de plástico para acessar ao evento. Esta tudo bem né?
Por que mudar? E assim as coisas ficaram por muitos bons anos….
Até que veio o que veio…
Nem se você tivesse contratado o Porter para fazer a sua estratégia de 2020 ele teria acertado. Em fevereiro de 2020 a The Economist tinha uma capa escrito “How bad it will get?” Sim, fevereiro!
Não-preciso “chover no molhado” para dizer que o setor nunca mais será o mesmo.
Congressos se focarem no binômio “mesa-diretora-com-feras-falando-e-pastinha-com-folder” vão perder muito terreno para as ferramentas de transmissão digital.
Feiras de negócios se ficarem achando que o “corredor cheio” é o sinônimo de sucesso…Vão perder espaço para outras ferramentas de marketing…
Mudanças são sinais de evolução, e, no setor de feiras, o que não faltam são mudanças….
Salão do Automóvel (Reed Exhibitions) em crise no ano que completaria 60 anos, ainda sem definições. Um evento de 70 anos foi cancelado para sempre (Photokina da Kolnmesse na Alemanha). Feicon e Automec (Reed Exhibitions) “playing safe” mudaram suas datas para o 2º semestre.
Automec além de mudar de data mudou também de pavilhão (SP Expo para Center Norte).
Em termos de mudança, a Informa, a Clarion e a Taurus (organizadoras de feiras nos EUA) mudaram todas as feiras de um setor (moda) saindo todos de Las Vegas e indo para Orlando.
Todas juntas na mesma semana, mas organizadas por empresas concorrentes entre si. Mas mudança de local mesmo quem fez foi o World Economic Fórum, de Davos para Singapura!
A Nuremberg Messe mudou a data da Glass South America para setembro e alterou o ciclo de realização. Os eventos bianuais, ah os eventos bianuais… Esses são os que vão mais sofrer na minha opinião…
A última edição foi em 2018, a deste ano não aconteceu, e a próxima será em 2022… Será?
Neste caso, tem pouco a ver com a pandemia. Em 2022 o setor de eventos já estará totalmente recuperado em relação à percepção de segurança sanitária, e, parcialmente, do ponto de vista financeiro (analistas dizem que em 2022 ainda estaremos a 80% do valor do mercado de 2019, mas estaremos!), mas para alguns não estará recuperada a percepção de ter valido a pena participar de feiras de negócios.
Se o critério for continuar atraindo uma massa desqualificada de visitantes aleatórios, estaremos com sérios problemas. Os players do setor precisam entender que as “placas tectônicas” estão em movimentação. LGPD vai dificultar a relação de acesso das pessoas em troca de informações pessoais.
Os locais terão sérias situações para acomodar em 1 ano (2021) todos os eventos de 2 anos (2020 +2021). CEOs , CFOs e CMOs estão experimentando outras ferramentas de geração de negócios nestes tempos difíceis, e podem se acostumar com elas.
A percepção dos visitantes em relação a atividades “screen-to-screen” foram aceleradas 5 anos com a pandemia e não voltam para trás.
Nada será como antes!
Mas o importante continua. Seres humanos continuarão sendo gregários e as ações de live marketing para gerar conexões emocionais e comerciais entre marcas e pessoas ainda serão realizadas por muito tempo. Não será a pandemia que vai mudar a natureza humana.
Mas precisamos todos estarmos conscientes que as movimentações do setor são como terremotos. Às vezes precisamos de uma “sacudida” para nos deixar alertas e ativos novamente. Nestes mais de 10 meses de baixa ou nenhuma atividade o setor de eventos precisa ter aprendido algo.
Não dá para imaginar que depois de tudo isso iremos fazer as mesmas coisas, nos mesmos lugares, nas mesmas datas e do mesmo formato, e achar que os resultados serão diferentes. Não serão.
Temos que partir da letargia para a ação proativa. Que as mudanças “tectônicas” do setor de eventos sejam “Novos ventos” e “Novos rumos”,
Que 2021 seja o ano da “Revanche” do setor.