Assistir a um show de Natal, normalmente, é uma experiência bem emocionante para adultos e crianças.
Estar nos bastidores torna a experiência mais emocionante ainda.
Era uma vez, um show em um ginásio enorme.
Um musical com muitas bailarinas, cantores, acrobatas, fogos de artifício indoor e números aéreos.
No palco, um palhaço conduzia o fio da meada da história, interagindo com o público.
Nesta história, há uma cena em que Papai Noel recebe as cartinhas das crianças.
Quem é o emissário dos pequeninos? O nosso palhaço e sua mala de cartas, descendo do alto do ginásio até o palco.
A cena no palco foi linda. Emocionante.
Nos bastidores a realidade foi um pouco diferente.
O nosso palhaço participa de todo o espetáculo.
Tem que se movimentar muito.
Seus pontos de entrada em cena variam.
Para realizar um deles, saía do piso térreo do ginásio, e subia correndo até o nono andar do ginásio. Lá era preso em uma tirolesa que o baixava até o palco.
Em seu caminho, haviam várias portas de segurança, que impediam que o público trocasse de nível.
Um segurança em cada uma delas.
Tudo acertado. Funcionando perfeitamente bem.
Mas, neste dia……
O palhaço começa a subir os andares rapidamente.
Já sabia o caminho.
Bufava.
Era muita escada.
A pressão de ter que ser rápido.
Suava muito.
Um baita esforço.
Os seguranças ajudam abrindo as portas de acesso rapidamente.
Conhecia todos que ali estavam trabalhando.
E então, chega ao último andar.
O novo segurança, ali postado, lhe proferiu a palavra:
– O senhor não pode passar aqui não, afirmou o segurança.
– Mas meu amigo, eu sou o palhaço.
– Tá na cara que não é cidadão. Aliás, o senhor não tem vergonha de andar vestido dessa forma por aí?
– Ah sim. Estou mesmo vestindo roupa de palhaço.
– Tá me gozando? Estou vendo claramente.
– Muito bom. Então, preciso passar. Está na hora do meu número.
– Não sei de número nenhum. Se quer passar, tem que mostrar a pulseirinha de acesso. E isso aqui é um show do Papai Noel, o palhaço!
– Meu senhor, eu sou o palhaço! Não preciso de pulseirinha.
– Isso eu já vi. E vou repetir, pode ser quem você quiser cidadão, mas sem a pulseira não passa. Aliás, isto está virando uma palhaçada.
– Mas… meu amigo, aqui nesta mala estão as cartinhas para entregar ao Papai Noel. E quem entrega sou eu.
– Cidadão, estou ficando irritado. Papai Noel não existe!!! Tá de brincadeira comigo?
O tempo passando e chegando o momento do palhaço descer e realizar a cena.
– Por favor, estamos fazendo um show de Natal, e eu preciso descer no palco.
– Cidadão, pra ir até o palco não é problema meu. Tem que falar com o colega que está na posição. Mas já vou avisando, sem a pulseirinha vai ser difícil.
– Mas meu amigo, você não poderia chamar seu supervisor pelo rádio. Daí esclarecemos tudo.
– Tá me achando com cara de palhaço?
– Não o palhaço sou eu! Exclamou já levantando a voz.
– Cidadão, eu não vou admitir que palhaço nenhum levante a voz para mim. Me respeite.
– E você, me respeite também. Berrou o palhaço.
– Como você quer ser respeitado aí vestido de palhaço?
A situação já estava tensa.
O diálogo era impossível mesmo.
Até que, com o barulho, um outro segurança se aproximou, para ver o que estava acontecendo.
– O problema é este palhaço querendo adentrar neste recinto, onde precisa ter uma pulseirinha, e ele não tem.
Você está certo, disse o segundo segurança.
O palhaço começou a ficar desesperado. Agora seriam dois a barrá-lo.
Mas palhaço tem que ter sorte. Veio a afirmação que precisava.
– Vamos deixar ele passar. Afinal é só um palhaço.
– Cidadão, desta vez você vai passar. Na próxima não vai ter desculpa. Sem a pulseira não passa. E outra coisa, veja se vem com uma roupa mais adequada, ô palhaço.