Para entender um pouco melhor o presente, é fato que devemos buscar o que foi o passado e quais os processos naturais e/ou estimulados que nos trouxeram ao que vivemos hoje. Ainda assim, garanto, nossa visão estará míope para diversas facetas deste mesmo presente, já que este passado que nos serve como bula e histórico viciou nossos olhares. Mas fazer o que?
Tentar comparar os dias atuais com os dias de 10 ou 15 anos atrás é super bem-vindo para entender os motivos que tornam o Live Marketing interessante para marcas e empresas de todos os tamanhos. Também é relevante para entender os motivos que tornam o digital cada dia mais atrativo para quem busca resultados rápidos (mas esta analise fica pra outra oportunidade).
Lembro que há 15 anos me preparava pra entrar na faculdade, onde ouvia de professores que a mídia tradicional cada dia perderia mais força, dando espaço para as alternativas. Na época definiam as mídias alternativas como eventos, marketing direto e internet, ainda focada em anúncios em grandes portais. Compreensível. Facebook, de fevereiro de 2004, nem existia naquela época.
Se o Facebook não existia no universo online (ainda podemos fazer esta divisão?), outras tantas não se faziam presente no offline. Compare o número de montadoras de automóveis no Brasil no início dos anos 2000, e hoje. E o número de empresas de tecnologia? De varejistas? Tente lembrar quantas redes de padarias, farmácias, supermercados, hotéis, faculdades e tantos outros segmentos existiam lá e cá? Não dá pra comparar.
E quanto às mídias? Se na minha época de faculdade nossos planos de mídia ocupavam 3 páginas de um book de TCC (trabalho de conclusão de curso), hoje não podem ocupar menos de 10. Mais mídias, mais pontos de contato, mais formas de nos comunicar.
Mais, e diferentes. Vivemos em meio a uma geração all-line, sempre conectada. Pessoas que ganharam voz e assim fizeram com que as marcas tivessem que repensar suas interações com elas (mas esta analise também fica pra próxima oportunidade).
Ou seja: mais empresas, marcas e produtos brigando pelo público, normalmente sem grandes diferenciais nas suas entregas, vivendo num mundo onde todas se comunicam através de mídias cada vez mais segmentadas e inteligentes, mas esparsas. A criação pela criação deixa de ser um diferencial (de que vale uma sacada se ninguém as lê meio ao excesso de informação), para as métricas e estratégias ganharem espaço privilegiado em cada projeto.
Neste mundo onde todos falam (muitas vezes de forma parecida), em mídias das mais variadas e por vezes não complementares, para um público que nem sempre quer ouvir, mas sim participar, comunicar se torna necessário, mas de forma agora diferente. É hora de interagir, de estar vivo na vida do consumidor. De participar, de reconhecer, de ouvir e de compartilhar o que a plateia manda ao palco.
Mais que comunicar, devemos viver.
E viver, meu amigo… É ao vivo.
João Riva é sócio da DuoVozz Inteligência, planejamento estratégico de marcas e vendas, palestrante e professor de graduação na Cásper Líbero, além de pós-graduação e MBA na FIA Escola de Negócios e UBS – Universidade do Varejo. Co-autor dos livros Trade Marketing – Pontos de Vista Expandidos e Marketing Promocional – Um Olhar Descomplicado.