O Ministério do Trabalho e do Emprego notificou as empresas T4F, responsável pelo Lollapalooza, e Yellow Stripe, que opera os bares do festival. Nesta quarta-feira (22), durante uma vistoria, cinco trabalhadores da Yellow Stripe relataram que eram obrigados a dormir em um local em que havia colchonetes e papelão, uma situação que os auditores consideram análoga à escravidão.
A T4F disse que a empresa terceirizada Yellow Stripe descumpriu uma regra e teve seu contrato rescindido.
Leia o comunicado da T4F na íntegra:
“Para realizar um evento do tamanho do Lollapalooza Brasil, que ocupa 600 mil metros quadrados no Autódromo de Interlagos e tem a estimativa de receber um público de 100 mil pessoas por dia, o evento conta com equipes que atuam em diferentes frentes de trabalho, em departamentos que variam da comunicação a operação de alimentos e bebidas, da montagem dos palcos a limpeza do espaço e a segurança.
São mais de 9 mil pessoas que trabalham diretamente no local do evento e são contratadas mais de 170 empresas prestadoras de serviços. A T4F, responsável pela organização do Lollapalooza Brasil, tem como prioridade que todas pessoas envolvidas no evento tenham as devidas condições de trabalho garantidas e, portanto, exige que todas as empresas prestadoras de serviço façam o mesmo.
Nesta semana, durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho no Autódromo de Interlagos, foram identificados 5 profissionais da Yellow Stripe (empresa terceirizada responsável pela operação dos bares do Lollapalooza Brasil), que, na visão dos auditores, se enquadrariam em trabalho análogo à escravidão. Os mesmos trabalharam durante 5 dias dentro do Autódromo de Interlagos e, segundo apurado pelos auditores, dormiram no local de trabalho, algo que é terminantemente proibido pela T4F.
Diante desta constatação, a T4F encerrou imediatamente a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe e se certificou que todos os direitos dos 5 trabalhadores envolvidos fossem garantidos de acordo com as diretrizes dos auditores do Ministério do Trabalho. A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas”
De acordo a T4F, os trabalhadores estavam havia cinco dias no autódromo e, segundo apurado pelos auditores, dormiam no local de trabalho. A produtora do Lolla disse que conta com mais de 9 mil pessoas que trabalham diretamente no local do evento e são contratadas mais de 170 empresas prestadoras de serviços.
Segundo o Ministério Público do Trabalho, após a fiscalização, os trabalhadores receberam as verbas rescisórias e horas extras.
Na tarde desta quinta-feira (23), houve a primeira audiência com as partes envolvidas, e outra será realizada na sexta-feira (24).
Em suas redes sociais, a Yellow Stripe publicou uma nota em que informa apenas que não prestará mais serviços ao Lollapalooza.
O festival acontece de sexta a domingo (26), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Billie Eilish, Lil Nas X, Twenty One Pilots, Drake e Rosalía estão entre as atrações principais.
Leia o comunicado do Ministério Público do Trabalho em São Paulo na íntegra:
“O Ministério Público do Trabalho em São Paulo informa que na noite de ontem, 22/3, abriu procedimento para investigar caso de trabalho degradante na preparação do Festival Lollapalooza.
Na tarde de hoje houve a primeira audiência com as partes envolvidas e amanhã haverá outra. O procurador oficiante espera formar convencimento a partir das provas e dos depoimentos para decidir o caminho da atuação.
O MPT ressalta que os trabalhadores resgatados pela fiscalização do Trabalho na noite de ontem já tiveram suas situações regularizadas e receberam as verbas rescisórias e horas extras em atuação da Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego.“