Cada vez mais percebe-se o movimento de personificação das organizações e marcas, com o intuito de gerar uma aproximação, com características mais emocionais com seus diversos públicos, já que o ambiente mercadológico por muito tempo foi percebido como algo gélido, sem envolvimento real com as demandas humanas.
São muitas as ações vinculadas a essa estratégia e uma delas que tem se projetado com mais ênfase, até por estar associada aos estímulos sensoriais da imagem é justamente a criação de um mascote.
A origem do vocábulo mascote vem do termo francês ‘mascotte’, do título da ópera La Mascotte, do compositor Achille Edmond Audran.
Na narrativa, uma jovem camponesa é sinônimo de sorte, servindo-a como um amuleto para seus familiares. Com o passar dos anos, a utilização de uma mascote tem sido a representação de um talismã, algo que dá sorte, que fortalece a quem está associada.
A mascote pode ser considerado como uma personagem imagética, que agrupa características em sintonia perfeita aos valores e especificidades de uma marca, uma empresa, organização não governamental ou evento.
Muitas vezes a mascote não necessariamente tem ligação com a logo de uma companhia e/ou projeto, mas consegue ser reconhecida como tal devido ao forte carisma que encanta o público.
Algumas mascotes são verdadeiras porta-vozes, referências diretas de uma marca e/ou empresa, se tornando atemporal e propiciando uma forte aliança com os públicos de interesse.
Já imaginou uma edição dos Jogos Olímpicos ou Copa do Mundo da Fifa sem os mascotes representativos do país-sede?
Nesse caso, além do reforço identitário, acaba também tornando-se um item importante fomentador de receitas, já que pode ser licenciado e dessa forma garantir um valor adicional nos cofres de comitê organizador, e, em megaeventos, cada centavo, realmente faz toda a diferença e não deve ser desprezado para uma gestão orçamentária eficiente e eficaz.
Algumas marcas já bem consolidadas no mercado tem no uso maciço de seus mascotes um importante componente de comunicação e muitas vezes o usam como seu principal alicerce de empoderamento humanista de sua relação com seus clientes.
Daniel Coelho, da Mascotee, uma agência especializada na criação de mascotes e ilustrações profissionais (www.mascotee.com.br), afirma que “A procura pelo serviço tem aumentado consideravelmente nos últimos meses. Segundo ele, na maioria das vezes, seus clientes contratam o serviço de desenvolvimento de mascotes profissionais para se destacar no mercado, uma vez que a concorrência é cada vez maior, assim como a exigência dos clientes que buscam produtos e serviços com mais valores agregados. Em geral, os mascotes são utilizados em peças publicitárias, mídias sociais, rótulos e até mesmo brindes e fantasias para interagir com seus públicos.”
Seus clientes buscam justamente esse componente que agrega valor e em muitas ocasiões humaniza a estrutura organizacional, tanto do ponto de vista externo quanto do interno.
E há ainda a possibilidade de um mascote tornar-se símbolo maior de um mercado ou até mesmo de uma sociedade. Não é muito comum, mas pode acontecer…
Quer um exemplo? Papai Noel… sim.. o Bom Velhinho do Natal.
Foi a mais famosa marca de refrigerantes do mundo, a Coca-Cola, que criou a imagem do amável velhinho, vestido de vermelho, baseando-se em tradições antigas. Até então ouvia-se histórias sobre São Nicolau Taumaturgo – um arcebispo turco. São Nicolau tinha o costume de ajudar pessoas pobres da cidade de Mira durante a época do Natal colocando moedas de ouro nas chaminés de suas casas.
Foi o ilustrador Haddon Sundblom, o contratado pela empresa para desenvolver anúncios com a imagem de São Nicolau, desconhecida até então.
Para obter inspiração, Sundblom recorreu ao poema de Clement Clark Moore, de 1822 “A visit from St. Nicholas” (“Antes da véspera de Natal”), que evoca a imagem de um Papai Noel afetuoso, bonachão, feliz e muito humano.
Depois dessa ação, a imagem foi incorporada no mundo inteiro como símbolo da tradicional festa cristã.
Essa história retrata bem até onde os resultados originários de uma mascote podem alcançar, fomentando uma relação intensa, que mexe sobretudo com as emoções, que propicia uma conexão profunda e empática.
Vida longa aos mascotes e suas associações muito além da lógica!
Por Andréa Nakane.