Geralmente nos deparamos com duas barreiras iniciais quando começamos um processo de diversidade e inclusão nas empresas.
A primeira delas diz respeito à insegurança das pessoas frente àquilo que ainda não conhecem. Nós, Seres humanos, temos receio de tudo que é novo.
Sentimos medo e a nossa reação é de fuga e rejeição, principalmente se a mudança for contrária a nossas crenças e valores. Esse é o sentimento da maioria dos colaboradores, quando iniciamos uma jornada em prol da diversidade e inclusão nas empresas.
De acordo com o Kantar Inclusion Index, o Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking de inclusão e diversidade no trabalho. Entre os desafios enfrentados pelos trabalhadores, o mais preocupante é a discriminação.
Por-exemplo, quando falamos da inclusão de uma pessoa com deficiência, segundo pesquisa de 2020 feita pelo Ministério Público do Trabalho em São Paulo, 69% dos entrevistados informaram que já vivenciaram ou presenciaram algum tipo de discriminação, bullying, rejeição, assédio moral e sexual, isolamento ou até violência física no ambiente de trabalho.
A maior parte dos casos se refere a episódios envolvendo discriminação, bullying e rejeição, apontados por mais de 38% em cada um desses casos.
Por isso, um dos caminhos para romper as barreiras e iniciar a transição para um ambiente mais saudável e inclusivo é aproximar e conectar diferentes pessoas.
Promover encontros em que possa existir o compartilhamento de histórias de pessoas protagonistas da dessa diversidade que nós somos como brasileiros.
No entanto, em algumas empresas, as ações de inclusão como rodas de conversa para sensibilização sofrem restrições quanto à presença dessas pessoas protagonistas.
A presença delas na empresa é tida como inibidora do processo de aprendizagem – “não vou me sentir à vontade de falar ou contribuir na presença de uma pessoa negra, de uma pessoa trans ou de um PcD , não estou preparado”.
Essa é uma barreira gigante, pois o medo de cometer erros ou dar alguma bola fora afasta as pessoas do processo de aprendizagem. E só conseguimos processar conhecimento quando nos conectamos a diferentes ideias, realidades ou pessoas.
A boa notícia aqui é que, embora seja uma grande barreira, também é muito frágil, pois, para superá-la, basta nutrir as pessoas com informação correta e mostrar os benefícios do processo de aproximação e integração entre as diferenças.
Quando falamos de uma nova cultura de diversidade, inclusão e equidade, percebemos que é um movimento de transformação atual, uma tendência viva e pulsante, acontecendo agora na nossa frente, na empresa em que trabalhamos e na sociedade em que vivemos.
São tempos de questionar e de perceber os benefícios de abraçar as diferenças. É tempo de rever nossos deveres e direitos em relação a todas as pessoas.
Aqui está outra informação importante para motivar um colaborador ou empresa que estejam começando a jornada. Precisamos entender que todos estamos no começo dessa boa e longa luta.
Muitas empresas já começaram, mas ainda são poucas as que conseguiram apresentar grandes resultados. É importante lembrar que definitivamente não é uma corrida para ver quem chega primeiro na frente.
É, sim, um grande esforço de rede de apoio para que todos possam ter mais oportunidades de chegar em um amanhã melhor para todos.
Aqui a questão não é competir, mas participar do movimento e promover mudanças que transformem as empresas em espaços mais seguros, para que as pessoas possam ser quem são.
Então, temos que nos desarmar, permitir e provocar novas conexões. O aprendizado e a transformação se dão quando nos aproximamos, conhecemos e entendemos o próximo. Com todos os erros, enganos e tentativas do processo.
A outra barreira que frequentemente encontramos nas organizações é a do “Nosso cliente vai achar que isso é muito mimimi!”. É uma barreira mais forte, pois está ligada às áreas comerciais, que são os olhos dos clientes nas organizações, os corações pulsantes que definem o ritmo das ações que vão ou não para frente nas empresas.
A argumentação dos colaboradores é simples e direta: “Isso será encarado como MIMIMI, pois o nosso cliente no mundo corporativo é homem, branco e hétero”.
A fragilidade dessa barreira também está na desinformação e em nossa desconexão com a realidade. Desconsiderar a diversidade do público que paga pelos produtos nos pontos de venda, fortemente conectado à identificação com a marca, pode impactar diretamente a performance da empresa.
Muitas empresas atingem as metas de vendas e até as superam; no entanto, a questão aqui é: Quantas pessoas estão deixando de atender, em um mercado que não é exclusivamente hétero, branco e masculino?
Vejam os números desta pesquisa realizada em 2020 pelo Instituto Locomotiva: Dos mais de 220 milhões de brasileiros, 118 milhões são negros, 108 milhões mulheres, 54 milhões têm mais de 50 anos, pelo menos 15 milhões são LGBTQIA+, e mais de 12 milhões são PcD.
A pesquisa mostra ainda que este grupo concentra 76% de todo o consumo do comércio no mercado brasileiro.
Definitivamente, os clientes de nossos clientes são diversos. Por isso, esses são argumentos irrefutáveis e de interesse vital para a boa performance dos profissionais das áreas de compras e suprimentos.
Então, aproveite o momento que estamos vivendo e participe de toda e qualquer oportunidade de se aproximar ou abrir espaço para as diferenças.
Lembre-se: Produtos e serviços são criados por pessoas, com pessoas e para as pessoas. Estes são tempos de liderar as transformações. Tempos em que nossas ações precisam falar mais alto que nossas palavras.