O Blockchain é um sistema de registro de informações que torna praticamente impossível alterar, hackear ou trapacear o sistema. Trata-se de uma cadeia de blocos digitais com código criptografado, que armazena algum tipo de dado.
Assim que esse bloco for construído e validado pela rede, ele se junta à cadeia. O próximo bloco terá, além de suas próprias informações, a impressão digital do bloco anterior, de forma que esse encadeamento permita a descentralização e a segurança dos dados.
A tecnologia começou a ser estudada nos anos 90, mas foi com o surgimento da moeda criptografada, o Bitcoin, que ela se tornou relevante. Desde então, várias aplicações vêm sendo desenvolvidas e extrapolam o ambiente financeiro.
O Blockchain facilita o registro de transações e rastreamento de ativos tangíveis (casa, carro, imóvel, dinheiro) e intangíveis, tais como patentes, criação de marcas e direitos autorais.
No ano passado ganhou força a venda de memes e de obras de arte digitais por NFT, ou token não fungível, que utiliza Blockchain.
A obra de arte não existe fisicamente, mas o comprador recebe um arquivo criptografado com a imagem original e as linhas de código do NFT, que é totalmente único e serve como certificado de posse e de autenticidade.
Uma das principais vantagens do Blockchain é a possibilidade de fazer uma transação sem intermediários, o que garante mais agilidade e custos menores.
O comércio exterior é um segmento que está investindo na transformação digital, que inclui a adoção do Blockchain na importação e exportação. Atualmente, o Portal do Comércio Exterior permite que até 30% do valor total das importações nacionais sejam registrados em Blockchain.
No Brasil, a utilização da tecnologia no comércio exterior foi regulamentada pela Polícia Federal em novembro de 2020. Com a ferramenta, a validação de documentos nas aduanas se torna menos burocrática e mais ágil, além de eliminar um grande volume de papel exigido nas transações.
O objetivo é assegurar a autenticidade e segurança dos dados aduaneiros compartilhados, inicialmente, entre os países do Mercosul. A expectativa é ampliar as conexões com outros blocos econômicos para facilitar e fomentar o comércio internacional.
Por meio da ferramenta Blockchain é possível interligar exportadores, linhas de navegação, operadores portuários e terminais, transporte terrestre e autoridades alfandegárias, que passam a acompanhar o envio de dados em tempo real. Dessa forma, os processos se tornam mais fluidos e seguros, contribuindo para a prevenção de crimes.
Com a digitalização dos fluxos de documentação, a ferramenta gera insights em toda a cadeia de comércio internacional. A tendência é que mais integradoras de processos logísticos passem a adotar este tipo de plataforma para que tenham um acompanhamento mais eficiente e amplo de todo o processo de transporte de produtos, da saída do exportador até a efetiva entrega ao importador.
Independentemente da indústria, o futuro do Blockchain é promissor. Em seu relatório Worldwide Blockchain Spending Guide, a consultoria IDC aponta que as organizações em todo o mundo devem gastar com a tecnologia cerca de US$ 7 bilhões, um aumento de mais de 50% em relação ao ano passado.
Até 2024, a previsão é de uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 48%.
A experiência comprovada do Blockchain em algumas áreas tem levado várias empresas a vislumbrarem sua utilização como um diferencial de mercado, na medida em que combina aumento de produtividade das equipes, eficiência de ponta a ponta e alto nível de segurança.
Como a rede não está centralizada em nenhum lugar, qualquer tentativa de invasão é reconhecida pelo sistema, que trava automaticamente, em questão de segundos, para evitar fraudes e prejuízos.
O uso do Blockchain é um processo evolutivo e um caminho sem volta. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, até 2025, 10% do PIB global estará registrado nesses blocos digitais.
Ao simplificar a gestão e oferecer novos modelos de negócios, inclusive no segmento de comércio exterior, a tecnologia tende a se consolidar como uma aliada de peso nas transformações essenciais à nova economia, que demandará cada vez mais modelos colaborativos, inovadores, sustentáveis e transparentes.