Mídia

Influenciadores precisam de profissionalização devido ao crescimento do mercado

Marketing de influência está aquecido e gerando muitas oportunidades no Brasil, mas muitos criadores de conteúdo ainda não levam o trabalho de forma profissional.

Os criadores de conteúdo ganham cada vez mais espaço no Brasil. O país já tem mais influenciadores do que engenheiros e dentistas, de acordo com o estudo da Nielsen Media Research. Outro dado da Statista e HootSuite revela que o Brasil é primeiro no ranking mundial de países em que o influenciador é mais relevante para a decisão de compra.

Hoje em dia, são cerca de 500 mil creators trabalhando por aqui. Porém, mesmo com o crescimento do mercado, muitos influencers ainda levam a função de forma amadora e até mesmo possuem outro trabalho paralelo, como mostra a pesquisa “O Marketing de Influência no Brasil“, realizada pela Influency.me e que está em sua quarta edição neste ano.

O estudo contou com a participação de mais de 400 pessoas e recebeu respostas de influenciadores, assessores, agências e marcas, com objetivo de levar ao mercado uma visão bilateral do marketing de influência.

Instagram segue em alta

O primeiro passo para estabelecer o trabalho de influencer é definir onde os conteúdos serão publicados. Entre as plataformas sociais utilizadas para o trabalho dos influenciadores, o Instagram segue na liderança, com 74%. Nas outras edições do estudo a rede também esteve na primeira colocação. Em seguida vem o TikTok, com 10%.

Mesmo assim, 20% dos entrevistados admitem preferir o algoritmo do TikTok, pois alegam que é um canal melhor para o crescimento do criador de conteúdo. Isso mostra que, mesmo sendo a rede social principal, o Instagram ainda incomoda com oscilações de engajamento na plataforma, geradas por mudanças frequentes no algoritmo. Neste cenário, é possível que o TikTok possa assumir a liderança como rede social mais usada para criar conteúdo daqui há alguns anos.

Gestão e profissionalização do trabalho

O segundo passo para ter sucesso como influenciador é a criação de um Media Kit. Entre os respondentes, 63% afirmaram ter um. “Esse número, apesar de ser mais do que a metade, deveria ser maior. Isso mostra que os influenciadores brasileiros ainda precisam amadurecer a gestão do trabalho e se profissionalizar. O media kit é indispensável.” afirma Giulia Azevedo, analista de marketing da Influency.me. Os creators que possuem Media Kit informaram que costumam atualizar as informações a cada 15 ou 30 dias. 

Além de ter um material de apresentação, é preciso ter tempo para a produção dos conteúdos e disciplina para seguir a periodicidade de postagens. É definitivamente um trabalho, mas para parte dos respondentes tem sido uma renda extra. Afinal, 40% dos influenciadores ainda trabalham como freelancer (19%) ou CLT (21%); 13% empreendem e possuem marca própria, 10% trabalham como afiliados e/ou infoprodutos, enquanto 37% atua apenas como criador de conteúdo digital.

“Isso mostra como a rotina do influenciador pode ser muito corrida, já que precisa conciliar a criação com outros trabalhos”, argumenta Azevedo. Entre os participantes, 77% realiza todo o trabalho sozinho, já apenas 13% possui uma equipe e 10% às vezes contrata pessoas para auxiliar nas demandas.

Parte dos influencers ainda não sabem precificar 

A falta profissionalização dos influenciadores também fica em evidência quando o assunto tratado é remuneração. Isso porque 21% afirmaram não saber precificar o próprio trabalho, 18% precificam por meio do número de seguidores, 11% se baseiam em números aleatórios, 20% decidem de acordo com a marca que irá realizar a campanha e 29% pelas visualizações alcançadas pelo perfil.

Um indicador fundamental para precificação é o CPM (custo por mil), usado para medir o valor a cada mil visualizações. Com o CPM definido, basta multiplicar pela quantidade de mil visualizações que serão entregues. Entre os participantes,  56% afirmaram conhecer sobre o indicador, enquanto 44% não sabia o que era. “É imprescindível que os influenciadores saibam como cobrar pelo trabalho realizado e saber utilizar o CPM é o primeiro passo para ter um norte”, comenta.

Além do pagamento tradicional, também existem outras formas de parceria com influenciadores: permuta e remuneração por performance. Segundo o estudo, a permuta é bem aceita, mas com um porém: o produto oferecido precisa agregar valor ao influenciador e a quantidade de conteúdo precisa ser justa.

Em relação a remuneração por performance, apenas 14% consideram aceitável, 41% disseram que depende do acordo e 45% não enxergam como uma forma válida de pagamento, já que a responsabilidade da venda não é exclusiva do criador de conteúdo. 

Para os influenciadores, o principal fator para fechar um trabalho é a afinidade com os valores da marca, citado por 37%, seguido da liberdade para criação de conteúdo, com 30%. O estudo completo está disponível para download no site da Influency.me. Para acessar na íntegra basta clicar aqui.