Depois-de meses batendo recordes, o BBB21 está na sua reta final, e, mais do que saber quem será o ganhador dessa edição, o que nós queremos saber é quais serão os próximos passos das marcas com o fim dessa edição.
Elas apostaram alto nessa edição, como mostramos no artigo “Crise para quem? BBB e eventos esportivos faturam alto”.
As cotas de patrocínio dessa edição chegaram a alcançar R$ 78 milhões e teve fila de espera de marcas querendo aparecer no reality show.
Leia também: Juliette do BBB21: A busca das marcas pelo grande prêmio.
Isso, sem contabilizarmos os valores gastos na produção das festas temáticas, ações pontuais ao longo do programa e o marketing indireto.
A Above, por exemplo, chegou a lançar desodorantes exclusivos do reality show.
É-importante ressaltar que os valores das cotas são apenas para as marcas entrarem no grupo de patrocinadores. A cada nova ação, mais dinheiro é desembolsado.
Até mesmo um simples comercial de 30 segundos durante o BBB é cobrado à parte, tendo uma média de R$ 508 mil.
Os valores são exorbitantes, isso é um fato, mas não é para menos. O Big Brother Brasil da Globo, juntamente com A Fazenda, da Record, foram os dois programas de TV mais comentados do mundo no Twitter, em 2020.
Além disso, esse ano o BBB21 registrou a melhor audiência das últimas sete edições. Não é à toa que esse ano o reality contou com 22 patrocinadores.
Inclusive, esse número alto de marcas me traz uma dúvida, você consegue lembrar de todas elas?
Confesso que particularmente não chego a lembrar de 5, e, quando penso naquelas que consumo, o número diminui ainda mais.
Com isso volto a trazer a reflexão que se esse tipo de estratégia ainda é a melhor para marcas.
A meu ver, esse dinheiro investido acaba não gerando o contato esperado, que é a aproximação com o público.
A audiência do programa é enorme? Com toda a certeza é a maior quando o assunto é reality show.
Algumas ações ajudam diretamente nas vendas? Sim, mas acredito que seja um valor alto demais a se gastar, tendo em vista a incerteza dos resultados.
Tivemos casos de sucesso, como a Americanas que esgotou o estoque do Lacta Oreo, e a Samsung, que teve alta nas vendas do Z Flip (pasmem, o celular que custa R$ 9.000).
Levando em conta o time de 22 patrocinadores, acredito que apenas dois terem esses resultados não é algo grandioso.
No entanto, a maioria das marcas acredita que essa ainda é a melhor estratégia. Mas com o programa chegando ao fim nesta terça-feira (04/05), fica a pergunta, para onde elas vão agora?
Merchandising é realmente o melhor caminho?
Avaliando a movimentação do mercado, vejo que, infelizmente, as marcas irão optar por migrar para outros realitys e concentrar a verba de marketing majoritariamente em publicidade para TV.
A pandemia acabou dando novas energias para esses programas. Tanto que a Globo já anunciou o retorno de No Limite, mas em um formato um pouco diferente.
O reality, que estreia em 11 de maio, irá trazer ex BBBs (confesso que não lembro nem do rosto da maioria), e o apresentador será André Marques (que para mim será eternamente a cara do Vídeo Show).
Ao que tudo indica, a novidade já conta com sete patrocinadores, entre eles Amazon, Ambev, Hoteis.com, Hypera, iti (marca do banco Itaú) e Unilever. Além disso, ele terá uma parceria com o TikTok para o top de 5 segundos.
Os valores das cotas da novidade variam entre R$ 15 milhões e R$ 30 milhões.
Quem também parece estar aproveitando o aumento da audiência de realitys é a Record, que já fechou com alguns patrocinadores para a nova edição de A Fazenda. E engana-se quem acredita que a emissora cobra mais barato.
Na verdade, cada cota de patrocínio do programa custa R$ 99,6 milhões.
O aumento no valor se deu não apenas pela audiência, mas pelo sucesso da edição com a campeã Jojo Todynho. Lembrando que a Record também tem o Power Couple como reality de sucesso.
Tudo isso mostra que, para estar em destaque nos programas de maior audiência do Brasil, é necessário muito dinheiro. Com isso, apenas as gigantes do mercado acabam tendo espaço.
Além disso, não podemos esquecer que a exposição não é garantia de nada. Apenas que as pessoas que ainda continuam isoladas por conta da pandemia, irão ver a sua marca, mas sem realmente “abraçá-la”.
Na minha visão, ficar refém da publicidade é péssimo para as marcas. Principalmente vendo as grandes ações de brand experience e live marketing que têm acontecido no Exterior.
Parece que as marcas, pelo menos no Brasil, focam tanto no famoso “em time que está ganhando não se mexe”, que elas esquecem o que o consumidor realmente valoriza, que é a experiência.
Enquanto lá fora vemos espetáculos de drones, ações acontecendo diretamente na casa dos consumidores como da Heineken, e até mesmo eventos adaptados por conta da pandemia, por aqui preferimos ficar apenas na TV.
No entanto, levando em conta o nosso momento atual, nunca se deu tanto importância ao presencial.
As pessoas estão com saudades do ao vivo, da experiência, de criar memórias e muitas marcas não estão aproveitando esse desejo.
Para mim, a publicidade na TV acaba sendo o caminho mais fácil, mas não mais proveitoso. Afinal de contas, realitys são o que não faltam, assim como patrocinadores.
Agora, para realmente fixar na mente do cliente, as marcas precisam ir além e criar experiências para os consumidores. Somente assim elas conseguirão o destaque que tanto almejam a médio e longo prazo, e não apenas temporário.
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