Essa é, atualmente, uma visão errônea e o caminho que devemos adotar é diferente. É com essa premissa que venho fazendo meu trabalho como líder de tecnologia e inovação.
O caminho, agora, é fazer com que cada colaborador da empresa, de qualquer área, tenha uma competência de tecnologia. Não dá mais para esperar que a TI solucione tudo sozinha.
Quando conseguimos formar equipes multidisciplinares usando a tecnologia a favor do negócio, alcançamos diferentes visões e, consequentemente, mais inovação.
Em tempo, além de mim, mais executivos pensam dessa mesma forma. Segundo o relatório acima citado, 86% dos gestores concordam que suas organizações devem treinar seu pessoal para pensar como tecnólogos – para usar e personalizar soluções de tecnologia em nível individual, mas sem habilidades altamente técnicas.
Diante disso, alguns requisitos, que antes eram solicitados apenas no recrutamento do pessoal de tecnologia, agora são condição para contratação também em outras áreas.
A pessoa que fazer uso do BI (Business Intelligence), por exemplo, pode estar no marketing e precisa entender de uma linguagem específica de banco de dados.
É um caso bastante corriqueiro, já que hoje, mais do que nunca, as empresas precisam tomar suas decisões apoiadas em dados.
Já que os dados são a chave para as decisões mais assertivas, é preciso democratizar o acesso a eles dentro das organizações. Para isso, além de oferecer o ferramental a todas as equipes, de diferentes áreas, também é preciso oferecer a elas as competências certas para usarem essas ferramentas.
Um estagiário, um analista, um coordenador, um gestor, todos, de todas as áreas, precisam saber olhar para as informações que compõem o dia a dia. Isso significa, então, que todo mundo precisa ter alguma competência de BI, de linguagem específica para isso.
Assim, cada um, à medida que necessitar, poderá consultar o banco de dados e extrair dali as informações para seu trabalho e tomadas de decisão.
É dessa forma que se atribui inovação. A criação de ideias vem de um ambiente de acesso à informação, e, junto com isso, também é preciso mudar o “mindset” das equipes, criando uma cultura corporativa que traz o conceito de que todos podem errar.
A ênfase deve estar na aprendizagem, no que se aprende da experiência do erro. É assim que funcionam as metodologias ágeis. Algo difícil de levar para alguns segmentos, como o financeiro, por isso o alto escalão precisa dar apoio a esse novo “modus operandi”.
Depois que se disciplinou a cultura organizacional nesse sentido, aí sim entra o ferramental das metodologias ágeis, o Scrum e o Kanban, por exemplo.
O primeiro é uma metodologia que ajuda no gerenciamento dos projetos, na comunicação, desde a organização até o desenvolvimento ágil de soluções, produtos ou serviços complexos.
Os pilares do Scrum são transparência, inspeção e adaptação, estes pilares após aderidos no cotidiano da empresa, trazem a qualidade de adequação às mudanças de maneira simples e rápida.
O segundo, por sua vez, permite administrar a produção, pois mostra como está o fluxo do trabalho. Ali é possível enxergar o “peso” do esforço para determinada tarefa e o tempo necessário para concluir a entrega, além de permitir a cada colaborador fazer a administração do próprio tempo e a organização do seu dia a dia.
As equipes têm uma visão focada em resultados, pois com o Kanban pode priorizar suas tarefas, aumentando sua produtividade e consequentemente reduzindo custos.
As metodologias ágeis, hoje tão usadas, segmentam em pequenos pedaços grandes projetos, permitindo entregas fracionadas que vão colhendo “feedback” do usuário a cada etapa e, ao final, costuma-se ter um produto bastante assertivo e eficaz.
Novamente, ainda que as metodologias ágeis tenham nascido em TI, hoje não se restringem às equipes de tecnologia. A área de produtos utiliza, assim como a de riscos e tantas outras.
Os “squads”, aliás, que são os grupos de trabalho formados por quem usa a metodologia ágil, são equipes multidisciplinares, com pessoas de diferentes áreas da empresa. Essa riqueza de visões também contribui com a agilidade do processo.
Devemos ter em mente sempre, que ser ágil não é fazer de maneira rápida as coisas, mas sim fazer a coisa certa. Isto está diretamente ligado a como fazemos todos os nossos processos de escolha, ou seja, nossa maturidade para tomar decisões.
Para isso, precisamos entender o problema, as pessoas envolvidas e como isso as impactam, atualmente como ele é solucionado e quanto deste problema poderemos ou queremos resolver.
Quem está no mundo corporativo hoje, seja gestor ou não, precisa se apoderar das principais tecnologia que hoje permeiam toda a organização. O instinto de aprendizagem precisa estar presente em cada um de nós, sempre.
Temos que conhecer um pouco de tudo, para que experimentações possam ser feitas e aplicadas em soluções de problemas com o auxílio de alguma tecnologia. Só assim avançamos para a chamada transformação digital.