O Youpix Summit, considerado o maior evento de influência da América Latina, finalmente voltou ao formato físico. E ao longo de um dia nublado em São Paulo foi possível perceber o brilho nos olhos de quem esperou muito por esse momento de troca com os maiores nomes do mercado nacional. Foram mais de 50 painéis com insights reveladores sobre a Economia dos Criadores. Para além das discussões práticas sobre como profissionalizar a criação de conteúdo na internet e empoderar os creators brasileiros, temas como saúde mental, diversidade e soft skills permearam todo o evento. Resumi abaixo alguns destaques que valem uma boa lição de casa.
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Profissionalização: O dia começou com um raio-x completíssimo sobre o mercado de criadores brasileiro. A pesquisa Creators e Negócios, realizada entre o Youpix e a agência Brunch, mostrou que 1 em cada 3 criadores já tem a produção de conteúdo como única fonte de renda, nu?mero que dobrou em relac?a?o a 2021. Porém, é importante ressaltar que o grande volume de movimentação financeira dentro da Creators Economy brasileira ainda se baseia nas parcerias pagas com marcas, a famosa #publi.
Quando falamos de criação de conteúdo, o Brasil tem um terreno extremamente fértil em comparação a outros países da América Latina e até mesmo do restante do mundo. Temos grandes personalidades, criativas e dedicadas a empreender na internet, mas nem todos sabem que podem fazer seu conteúdo trabalhar por eles – provocação, inclusive, que deu nome ao nosso painel no Summit. Nossa Líder de Parcerias no Brasil, Carolina Ervolino, mostrou de forma muito esclarecedora que pode não ser sustentável a longo prazo um modelo de negócio que se limita à publicidade e à necessidade de atrelar sua imagem a muitas marcas ou produzir um volume alto de publieditoriais para conquistar independência e estabilidade financeira.
Multiplicidade de narrativas: Aproveitando o gancho, uma das estratégias essenciais para conduzir um negócio de sucesso na Economia dos Criadores é apostar no posicionamento multiplataforma. Como gostamos de reforçar na Jellysmack, unicórnio global que impulsiona o modelo multiplataforma para criadores de conteúdo, não ser dependente de uma única rede (e de seus algoritmos) é um ponto-chave no processo de potencializar um criador enquanto marca e tornar o seu negócio sustentável. O Facebook, por exemplo, tem um programa de monetização forte e extremamente vantajoso para os criadores. Da mesma forma, ouvimos depoimentos inspiradores sobre a força das telenovelas do Kwai e de criadores que têm seus moodboards do Pinterest com alcance milhares de vezes maior em relação ao tamanho de sua base. Há pouca sobreposição de público entre as plataformas, portanto, estar fora de algumas das redes mais lucrativas ou criar o conteúdo errado para alguma delas equivale a perder não apenas renda, como também relevância.
Saúde mental: A profissionalização do criador é urgente e importantíssima, mas vem acompanhada de uma preocupação latente: o cuidado com a saúde mental desses indivíduos, visto que a dinâmica da maior parte dos algoritmos premia a frequência. Ter parceiros de confiança para manejar, adaptar e potencializar os conteúdos de suas redes sociais pode ser um caminho vantajoso do ponto de vista de segurança financeira e emocional.
Diversidade: A pesquisa Creators e Negócios também nos mostrou que vemos um mercado extremamente desigual – de maioria branca e sudestina. Os números mostram que 60,5% dos creators não consideram o mercado de marketing de influência inclusivo e que 43,1% das mulheres creators já foram vítimas de comentários machistas e sexistas, ao mesmo tempo em que são maioria das pessoas criadoras. Pesquisa inédita da empresa de agenciamento Tambor, também apresentada no evento, também mostrou que 93,3% dos criadores PCD (Pessoa com Deficiência) não consideram o mercado inclusivo.
Influência como soft skill: Aqui, resumo uma das provocações mais interessantes do evento, ao meu ver: a importância de entender a influência para além do mercado de criadores e das redes sociais. O mercado de trabalho está começando a considerar a influência como característica essencial para uma boa liderança. Nesse contexto, a criação de comunidades fortes no ambiente laboral passa a ser tão importante quanto na internet: um líder que exerce uma influência positiva é capaz de desenvolver times engajados e produtivos, criando uma cultura colaborativa, de respeito e alta performance dentro das empresas, o que se reflete na reputação digital das marcas e de seus executivos.
Levo deste evento a sensação de que evoluímos muito na missão de contribuir para uma Economia dos Criadores sustentável a longo prazo. Estamos falando de uma indústria bilionária e que segue em crescimento e em constante evolução. Enquanto players e tomadores de decisão, é importante termos em mente que estamos construindo coletivamente um mercado que precisa ser maduro, consciente, seguro e sustentável para todos os atores envolvidos. E os temas acima são um ponto de partida interessante para fazer isso acontecer.