Meu texto da semana passada (Veja aqui), parece ter despertado algumas pessoas para um mercado cheio de problemas que finge que nada está acontecendo.
Recebi e-mails, mensagens, telefonemas e até gente que me procurou para papos, todas impactadas pela dureza e tristeza da reflexão que o texto continha.
Essas pessoas, algumas donas de agências, inclusive, não me contrapuseram nada, não me mostraram nada diferente do que coloquei, e, para piorar, me trouxeram relatos ainda mais angustiantes, verdadeiros desabafos, de quem gosta do que faz, mas vê, aos poucos, seus horizontes ficarem nublados e as perspectivas minguarem.
Foto:http://prclaudiomartins.wordpress.com
Vieram a mim, e de vários lugares do Brasil, quem sabe para que eu transformasse em texto suas angústias – algumas, confesso, minhas também, traduzindo mais um chamado ou pedindo solução otimista. Logo eu que muita gente acha “reclamão”.
Pois é, já me chamaram de pessimista, refratário, aquele que só vê o lado ruim das coisas e por aí vai. Mas isso não é verdade.
Eu procuro, e vejo, o lado bom das coisas sim, quando ele existe. Apenas não o invento ou mascaro para iludir gente ou gerar conteúdo de proveito próprio.
Que o momento não é bom para o nosso mercado isso é fato e ponto. Quem discorda e duvida ou não trabalha no nosso mercado, ou faz parte do seleto grupo de agências que trabalhou na Copa, ou dos profissionais que trabalharam nela. Convenhamos, em relação ao universo promo, isso deve corresponder ao uns 15, 20% dele, se tanto. Explico adiante.
Mesmo desconsiderando a Copa, esse ano NÃO ESTÁ SENDO BOM para gente. Ok, será! Dizem os otimistas. Beleza, cruzei os dedos. Mas falo do hoje e do ontem que conheço, vejo, sinto e recebo dos amigos em e-mails e papos como os que falo acima, em relação ao ano corrente. O Amanhã a Deus pertence – ou adeus quem o sente – e eu ainda não consigo sintonizar minha bola de cristal.
Ano ruim sim, não apenas pela falta de trabalho, mas pela ausência de boas perspectivas para quem, como disse, não teve ocupado os meses de maio, junho e julho que, por conta da Copa, inexistiram.
O ano não começou de verdade para o live marketing. E três meses sem um faturamento normal, porque os clientes que não estavam na Copa ou não fizeram atividades relacionadas a ela pararam mesmo, são o suficiente para fechar agências e reduzir oferta de trabalho.
A coisa tá ruim como um todo.
Nas premiações Live, uma sequência de mediocridades se apresentaram a ponto do Ouro, em alguns prêmios, parecer mais um Bronze pintado de ouro. Pior, perdemos muito nas possibilidades de realmente premiar quem devíamos, de dar força ao que é criativo e simples, tendência mundial – veja Cannes -, para, numa busca esquisita, em alguns prêmios, transformar o nada de agências, com muito nome e pouco talento, no celeiro do que temos de melhor criativamente para ficar bem na fita com elas para o ano seguinte. Lastimável.
As agências, todas, cada vez mais sugadas pelos clientes e pela concorrência nova que surge, nessas épocas, ficam em situação bem pior, pois temos que ganhar algum dinheiro para pagar as contas. Aí, vão ao fundo do poço, aceitando tudo que a canalhice de alguns clientes aproveitadores é capaz de fazer para nos aviltar mais ainda – tem gente trocando o trabalho pela “folha e os impostos” e a sobrevivência para ver se lá na frente compensa. Mas o que é, e quando, à frente?
Outras, buscam novas fórmulas e se aliam a Agências de Comunicação, que se aproveitam do momento para fazer um bom negócio, absorvendo-as para se tornarem Live para os clientes, tipo aquele comercial em que um chato que nos incomoda some e a gente faz um bom, bom, bom negócio ponto bom.
Há quem mude de ramo. Quem siga uma iniciativa de outro que deu certo no afã de ganhar uma grana extra ou conseguir um novo caminho, como acontece agora com a profusão de anúncios de Cursos de Formação em Live Marketing, alguns tão parecidos com o que criamos que até o conteúdo diz ser o mesmo. Mas, ok, isso faz parte – reclamação pessoal para engordar o texto, porque, como articulista, não resisto.
Há os profissionais que foram pagos a preço de ouro durante a Copa. Alguns deles já começam a sentir o peso da irrealidade do que receberam, pois só vão conseguir trabalho com esses valores em agências de grande porte – essas, hoje, com seu trabalho limitado, em relação à profusão de oportunidades da Copa não precisam de tanta gente assim. Podem ter que ficar esperando 2016 para receberem no mesmo patamar, aceitarem valores mais reais, ou mudar de ramo mesmo.
Há uma sombra que se anuncia nesse marasmo do medo que surge agora e vai, parece, até outubro, quando uma escolha pode definir um quadro econômico e seu futuro. Enquanto isso, as áreas financeiras e os Departamentos de Compras e Suprimentos do cliente aguardam para ver se vai valer a pena investir agora, no ano que vem ou …
Ano que vem? Mas esse não começou para muita gente.
Se reforçássemos nosso mercado com nossa união, fazendo como faz um número ainda pequeno de agências que divide seu trabalho, contratando agências parceiras de menor porte para fazerem trabalhos por suas expertises de qualidade, sem tentar criar estruturas próprias sazonais, ganharíamos todos. Mas ainda somos um mercado em que cada um pensa em si, porque não entendemos que o inimigo mora ao lado e não dentro de casa.
Ufa! Que pessimismo!
Tudo isso não é verdade! Eu inventei com base no que me falam. Eu nem sinto isso na minha carne. Nem você que me lê. Tá tudo bem.
Temos trabalho de sobra. O pessoal com mais de 40 que citei no texto passado está feliz e empregado. Nosso pessoal está superqualificado, nosso cliente sabe o que fazemos e nos remunera de forma justa e correta, sempre pagando com 30, 40, 60 dias no máximo depois que trabalhamos para eles.
Os profissionais com quem lidamos nos clientes são maduros e conhecedores do que fazemos ou jovens muito bem preparados e respeitosos. Nossa concorrência é superlegal e leal, ganhando sempre o melhor. As premiações Live são justas e premiam sempre quem merece e está qualificado a ser o profissional de destaque do ano. Todos nós reconhecemos que devemos estar na Ampro porque ela nos representa é só somos fortes com todos lá.
Por fim, todos amam o que eu escrevo.
Caraca! Acho que fui otimista demais.
Mas tenho uma certeza: Enquanto eu continuar a escrever com a liberdade que o Promoview me permite, falando o que penso, sem achar que o que penso é a verdade, mas certo de que a verdade que me chega pelos e-mails, conversas e mesmo na pele é uma parte significativa dela, viverei na esperança de que o nosso mercado vai passar por mais essa fase ruim e a solução vai surgir brilhante no horizonte.
Eu acredito em gente. E, vamos combinar, gente boa, qualificada, competente e honesta nos propósitos e no trabalho nós temos de sobra em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas, Espírito Santo, Brasília, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, Pernambuco, Ceará e o Nordeste, terra boa, como um todo, Belém e Amazonas, cujos nomes já cansei de citar aqui mesmo. Epa, olha só, no Brasil inteiro tem gente boa Live.
Taí, fiquei otimista. Agora, só falta nós, agências, entidades e profissionais entendermos de vez que talento e competência em live marketing temos no Brasil inteiro, que não se faz nada sozinho, em especial em momentos difíceis. Isso porque a dor surda que mata nos cantos os mais fracos é a mesma que um dia pode nos matar como vírus forte que deixamos crescer por nossa própria indiferença.
Arre! Ai meu Deus! E esse pessimismo chato que não me larga e me faz achar que não há nada de novo. Que tudo acontece de novo nos dias frios de uma segunda-feira de inverno.
Cadê o verão? Cadê o Sol? Cadê o Garfield?