É superválido trazer à tona a lembrança das mulheres ícones do nosso tempo (e do passado também) que trazem um grande exemplo daquelas que eram chamadas de “sexo frágil”, mas que ajudaram a construir a história do mundo de maneira definitiva.
Nem vou aqui me ater a tantos nomes, mas desde Eva, passando por Hipátia, Joana D’Arc, Dandara, Frida Calo, Maria Quitéria de Jesus, Marie Curie, Pagu, Maria da Penha e chegando em Malala, a gente encontra muitos nomes de mulheres fantásticas que, com suas histórias, moldaram um pensamento coerente com o papel devido às mulheres neste mundo.
É óbvio que uma lista é sempre passível de questionamentos, mas entendo que tem muitas mulheres que entrariam em qualquer uma, enquanto outras, são alçadas ao papel de ícone de acordo com o sabor do seu tempo, dos movimentos e do contexto, mas nada tira delas um protagonismo que tem que existir. Todas, incondicionalmente, merecem uma referência e meu respeito.
No entanto, de uma forma ou outra, todas estas mulheres representam a face midiática de quem nitidamente fez algo e recebe o reconhecimento por isso, e eu queria falar hoje sobre duas coisas: uma é estender todas essas homenagens ao Dia da Mulher para aquelas que são desconhecidas do grande público e que sem nenhuma exposição de mídia mereceriam muitas destas homenagens. Justamente por serem um coluna sólida dentro da construção de um mundo com educação, princípios, justiça, igualdade, respeito, empoderamento, diversidade e humanidade.
A começar, claro, das nossas próprias mães. E é aqui que chego na segunda coisa que eu queria falar: o quanto realmente a gente não está esquecendo de manter dentro de nós mesmos as mensagens mais importantes que nossas mães indexaram fortemente em nosso subconsciente.
Parece muito moderno usar no Carnaval a frase “Não é Não”, justíssima campanha pelo respeito da individualidade de todos, mas a gente sabe muito bem que a primeira pessoa que cunhou esta frase na nossa vida, foi, justamente, nossa mãe. Pena que a gente esqueceu disto!
É de nossas mães e de seu incrível senso feminino por inteiro, que recebemos a maior carga de construção de quem somos. São as mães e professoras (mulheres em sua maioria) que nos ensinam, são elas, inclusive, que nos dão um legado de valores que infeliz, e, sistematicamente, a gente vai abandonando.
Foram elas que nos ensinaram a respeitar os mais velhos, a dizer obrigado, a ser educado, falar bom dia, boa tarde e boa noite, saber como se portar à mesa, saber a hora de fazer nossos deveres e quando podemos nos divertir.
Foram elas que nos ensinaram como é trabalhar com carinho, amor, feedback, pressão, incentivo e sem dúvida alguma foram nossos primeiros coaches ou nos deram os primeiros mentorings.
São delas as primeiras palestras e workshops, as aulas mais lúdicas, os conselhos mais sábios e tudo isso para vivermos um mundo que hoje esquece essa essência feminina por natureza, nos tornando pessoas que simplesmente vivem uma casca de impermeabilidade em relação a tudo e a todos.
Quantos de nós deixamos de cumprimentar as pessoas, agradecer uma gentileza, retornar uma ligação ou mensagem, dar um feedback assertivo, ser educado, disponível ou simplesmente envolver as pessoas como um mínimo de carinho e bondade?
Foi ao esquecer os grandes legados femininos que herdamos da primeira mulher que conhecemos, que incitamos um mundo individualista, frio, técnico, previsível e tendendo ao negativismo.
Foi para se posicionar num mundo claramente masculino, que muitas mulheres diminuíram o seu lado feminino para se impor e poderem ser respeitadas.
Então, antes de qualquer discussão sobre presentear ou não uma mulher no seu dia com flores ou bombons, que ao meu ver ficam a critério de quem quiser, falta a gente pensar o quanto não estamos precisando realmente de mais feminilidade no mundo: talvez uma das características mais marcantes das mulheres e que trazem embarcados toda a sensibilidade, resiliência, feeling e características pessoais que as fazem realmente muito diferentes daquilo que já sabemos que um mundo muito masculino traz.
A diversidade se discute a partir de uma ótica leve, aberta e feminina. A construção de um mundo melhor se faz através de um pensamento inclusivo, justo e feminino. A edificação de uma sociedade que desenvolva seres humanos na concepção da palavra passa pela educação e princípios femininos.
O mundo pode ser muito melhor se for mais feminino e isso significa uma grande fortaleza.
Voltando às mães e o grande exemplo do potencial feminino que elas representam, vamos olhar nossos dias e ver em quantos momentos a gente não deixaria as nossas muito bravas?
Em quantos momentos não somos ingratos, prepotentes, injustos, preguiçosos, relapsos, metidos, reativos, mal-educados, grossos, desrespeitadores e rancorosos?
E vale o desafio: toda vez que agirmos assim, vamos lembrar do “Não é Não”, ter consciência de que somos FILHOS DA MÃE e relembrar as primeiras aulas que tivemos para aprender como sermos seres humanos de fato, a partir desta inesquecível ótica feminina?
Certamente, começaríamos aqui a buscar um mundo melhor, justamente aquele em que a voz feminina possa ser mais ouvida, sentida e falada.
(A todas as anônimas mulheres que batalham diariamente por um mundo melhor, aqui vai a minha completa e irrestrita reverência. Eu poderia escrever este texto só com o nome das incríveis mulheres que tive o prazer de conviver na minha vida, mas hoje vou me ater em especial a 3 delas: minha mãe Dona Tetê, minha primeira professora Dra. Joezel e minha amada esposa Lully).
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