O pontapé inicial será dado na quinta-feira, 1º de fevereiro, no bloco Vem ni Mim que Eu Tô com Tudo, da agência Tudo, em São Paulo. Líder da Banda Eva há cinco anos, o baiano Felipe Pezzoni, de 33 anos de idade, prepara-se desde setembro para uma maratona que, diz ele, mereceria “ser estudada”: ao longo de dez dias, percorrendo sete Estados, serão cinquenta horas de shows de Carnaval, a maior parte deles em trio elétrico.
Felipe Pezzoni cantará Pequena Eva, hit da banda, cinquenta vezes. “É insano”, define. O condicionamento físico foi feito à base de surfe, stand-up, boxe e futebol. Para evitar revertérios na folia, nada de comida pesada: “Corto dobradinha, feijoada, acarajé, sarapatel e mocotó.” Pezzoni vai tirar do armário o inusitado adereço que já usou em outros carnavais: um kilt escocês. “É muito confortável”, diz.
A Banda Eva realizará cinquenta horas de show em dez dias. Será preciso realmente muito fôlego para aguentar essa maratona. Os fãs, por sua vez, vão poder curtir muito axé.
Também conhecida apenas como EVA, a banda de axé brasileira teve início em 1977 como um grêmio estudantil, e se tornou um bloco carnavalesco em 1980, desfilando pelas ruas de Salvador (BA) anualmente comandando por diversos artistas conceituados – Aderson Cirne, Jota Morbeck, Carlinhos Caldas, Luiz Caldas, Marcionílio, Ricardo Chaves e Asa de Águia – apenas nos cinco dias. Em 1993, visando o alcance do projeto, os empresários decidiram transformar o Eva em uma banda, a qual estreou liderada por Ivete Sangalo.
Após três anos de sucesso no Nordeste, o grupo ganhou destaque nacional em 1996, com o disco Beleza Rara, antecessor de seu maior sucesso, o registro Banda Eva Ao Vivo, que vendeu dois milhões de cópias e projetou a vocalista como um dos maiores nomes do axé, além da faixa-título "Eva" como uma marca da banda. Ivete frente à Banda Eva vendeu cerca de seis milhões de cópias. Em 1999, após seis anos com seis discos lançados e comandado sucessos como "Me Abraça", "Arerê", "Eva", "Carro Velho", "Levada Louca" e "Beleza Rara", Ivete deixa a banda para focar na carreira solo.
Emanuelle Araújo assume os vocais, ficando por apenas três anos – nos quais retiraram-se canções como "Chuva de Verão" e "Pra Lá e Pra Cá" – em uma fase conturbada da banda, que sofreu pelas comparações com a cantora anterior, fazendo com que vocalista e empresários entrassem em acordo para que ela deixasse o Eva após o Carnaval de 2002.
Apostando em um vocal masculino para renovar a imagem da banda e evitar novas controvérsias com o público, Saulo Fernandes assume a liderança, na qual ficou por onze anos e lançou seis discos, extraindo sucessos como "Não Me Conte Seus Problemas", "É do Eva", "Rua 15", "Toda Linda", "Circulou" e "Preta".
Resgatando as raízes do axé, Saulo mudou a concepção da banda e imprimiu uma personalidade regional, com canções direcionadas às vertentes africanas empregadas na música baiana, deixando o Eva no Carnaval de 2013. Naquele ano, Felipe Pezzoni assume os vocais, mantendo a formação atual.
Desde 1993 a Banda Eva vendeu oito milhões de discos, se tornando uma das bandas de maior reconhecimento do axé, responsável pela descoberta e lançamento de grandes nomes da música – cantores e músicos – e um dos blocos mais tradicionais do Carnaval de Salvador.