Na semana passada assisti à apresentação de mais um case típico desses tempos em que ideias de garagem viram grandes negócios em meses. Foi no Comitê Digital Trends, do WTC Business Club, que levou dois jovens empreendedores, que acabam de ser incorporados ao bem-sucedido grupo BuscaPé, ele próprio fruto de uma dessas iniciativas.
Guilherme Wroclavsky e Heitor Chaves foram colegas de faculdade e, há um ano, tiveram a ideia de pegar a onda do mais novo fenômeno da web, o de compras coletivas. Com o “capital” de R$ 1.000,00 cada um e muita disposição para trabalhar o novo negócio em horário alternativo (madrugada), criaram o “Coletivar”, um site de compras coletivas. Rapidamente perceberam que a luta ia ser inglória, já que gigantes como o Groupon e Peixe Urbano entraram com tudo, principalmente com os recursos para se posicionarem na liderança. Foi aí que pintou a nova e matadora ideia.
“E se, ao invés de ser mais um player nesse novo segmento, a gente simplesmente juntar todas as ofertas em um único site?”. Assim surgiu o ” ZipMe”, hoje, já sob o guarda-chuva do “BuscaPé”, com o nome “SaveMe”.
Estimam-se em aproximadamente 1.000 os sites de compras coletivas existentes hoje no Brasil. Segundo os criadores do SaveMe, para valer mesmo, são uns 500. Destes, eles já conseguiram 400 pagantes para estar com algum destaque no site agregador e perto de 40 patrocinadores.
Resumo: o negócio já nasceu lucrativo, o que é também uma raridade nesse mundo digital. Quem assistiu ao filme “A Rede Social” e acompanha a incrível trajetória do Facebook, não se surpreende com o case bem-sucedido que acabo de narrar. Mas não consigo deixar de ficar embasbacado com a forma, a velocidade e a simplicidade com que esses negócios inovadores chegam ao mercado.
No ranking das marcas mais valiosas do mundo, divulgado nos últimos dias pela Brand Finance, vemos Google no topo, seguido por Microsoft, o que não é surpreendente. Surpreende, isso sim, ver a iconográfica Coca-Cola despencar da terceira para a 16ª posição. Fico sem entender o ranking quando não encontro Facebook entre as top 20. Mas, apesar da febre digital, há ainda brics bem sólidos, tais como Walmart, na terceira posição, e GE, na sétima. Esta última, centenária, com as antenas constantemente ligadas nas inovações, o que a faz um fenômeno de longevidade e de capacidade de reinvenção ao longo do tempo.
Outro exemplo exuberante nesse campo da reinvenção é o da IBM, posicionada em quarto lugar, que também abdicou do posto de líder em hardware para se posicionar como uma competente provedora de soluções.
Analiso outro ranking, este de 2010, o Best Global Brands, da Interbrand, e vejo a Coca-Cola na posição mais alta e a Nokia ainda entre as top 10, apesar do alardeado descompasso da finlandesa nesses momentos de grandes movimentações no mercado digital/mobile, no qual a incensada Apple brilha. Brilho disputado pela Samsung, que se apresenta como um forte player no segmento, principalmente no promissor mercado de tablets.
Não sei você, mas eu fico atordoado com essa movimentação feérica de um mercado que fica o tempo todo esperando qual é a boa ideia do ano, ou do semestre, ou do mês. O queridinho atual é o Groupon, que recusou a oferta de US$ 1,5 bilhão do Google e tem agora seu valor estimado em incríveis US$ 27 bilhões. Alguns se perguntam se não estaria nascendo uma nova bolha da internet, outros questionam o futuro do seu negócio.
Recentemente, presenciei uma apresentação de Arsenio Pagliarini Júnior, VP do comitê Digital Trends do WTC Business Club, que esteve na última Consumer Eletronic Show (CES), em Las Vegas, e contou o que viu. O que vem por aí em termos de traquitanas do universo digital é assustador. Mais de 150 tablets serão lançados ainda este ano! Como ficará o valor da Apple, com o acerto do sistema Android, liderado por Google e adotado por um grande número de empresas poderosas?
O que terá Steve Jobs no bolso do colete para continuar fazendo sua Apple brilhar e provocar filas a cada novo lançamento? Quanto valerá sua empresa daqui a cinco anos? Ou, melhor, o que você fará para sua empresa manter ou aumentar seu valor no próximo ano?