Como você pode perceber, nunca estiveram tão claras as mudanças na comunicação, aliás, nunca se comunicou tanto.
Com a popularização da internet, a comunicação apoiada em ferramentas tecnológicas permitiu uma relação unificada, interativa e globalizada, uma revolução nos meios e formas de se comunicar.
Com o advento e avanços da tecnologia, o marketing digital abriu um novo espaço midiático, presente em todos os setores da sociedade, principalmente, nas áreas da comunicação, saúde, educação, esportes, cultura, meio ambiente, e desenvolvimento econômico.
No entanto, essa mudança aparentemente positiva nem sempre se reflete na qualidade criativa, principalmente, nos seus atributos e identidade.
Aqui-ressalto a banalização da comunicação com muitas informações e pouco conteúdo, interferindo diretamente em todas as questões da sociedade, ainda que esse mesmo conteúdo positivo esteja disponível nos meios certos.
Sem querer ser radical nas minhas considerações, acredito que são vários os fatores que interferem na qualidade criativa.
Antes de entrar no mérito da questão, acredito que alguns fatores não são consequência não de uma falta de criatividade, mas, de interferências políticas, de movimentos sociais, interferindo diretamente nos meios com base no “politicamente correto.”
Uma relação complexa de poder e liberdade, disputando diretamente um espaço nas relações sociais, inclusive na cultura, isso numa sociedade que valoriza cada vez mais a informação e a tecnologia, principalmente, na utilização do celular como veiculo de comunicação.
Sem generalizar, o politicamente correto, devia aprender a administrar as diferenças entre a informação e o conhecimento, sem ódio, sem gerar intolerância e conflitos sociais. ,
Obviamente, estes movimentos interferem em um patrulhamento crítico em alguns setores da sociedade, mais que um cerceamento da liberdade de expressão, obriga as empresas e agências a constantes revisões de seus conceitos e propostas criativas, tudo para não serem sacrificados publicamente.
Porém, o mais importante é entender a evolução positiva dos meios de comunicação, e como essa evolução usada indevidamente interfere no comportamento da sociedade, inclusive, em alguns casos em campanhas e ações promocionais, condicionadas na sua linha criativa a uma massa crítica e medíocre desprovida de conhecimento que de forma onipresente, exigem alternativas e valores questionáveis.
Porém, neste cenário atual, contemporâneo, estamos vivenciando um clima insólito, um clima questionável pautado de interações e poder entre os vários segmentos sociais da sociedade, opinando indiscriminadamente sobre assuntos distantes do seu conhecimento.
Mas, nem tudo é fruto de interferências externas, o comodismo, a concorrência, e o uso excessivo de soluções tecnológicas, inclusive inteligência artificial, vem substituindo a criatividade por efeitos especiais, transformando o comercial num clipe musical, agradável à vista e ao ouvido, mas, sem nenhuma ideia conceitual ou criativa, transfigurando objetivos estratégicos, na percepção e interpretação da comunicação.
Neste parágrafo cito o meu amigo Rafael Sampaio (que já nos deixou), enfatizando que os princípios básicos de uma propaganda são a criatividade, a emoção, o interesse, a pertinência e a compreensão, sempre lembrando que a propaganda é uma das grandes transformadoras do ambiente cultural e social da nossa época.
Um cenário onde receptores, leia-se redes sociais, orientados a subverter a informação, interferem sem limites com as suas considerações causticas na sociedade, inclusive, em qualquer assunto ou informação no campo publicitário, no campo político, econômico, e produção cultural, estimulando o pessimismo cultural e social.
As mesmas redes sociais no seu papel atual, se autoproclamaram interventores, juízes, donos da verdade, por meio de uma liberdade sem filtros, sem limites no palco da internet, propiciando a expansão de ações radicais de expressão, discussões, antes restritas ao ambiente familiar ou nas rodas dos bares.
Este é o cenário que hoje convivemos em todas as expressões de comunicação, na propaganda, na política, na vida corporativa, na sociedade.
Uma coisa é certa, nem tudo é consequência das intervenções sociais, e aí volto ao início do meu artigo, onde ressalto que o comodismo, a concorrência, e o uso excessivo de soluções tecnológicas, inclusive inteligência artificial, vem substituindo a criatividade.
Isto sem falar na dimensão e limites da verdade, na dissonância da informação, em que os benefícios anunciados não são encontrados no produto ou serviço consumido.
Mas isto é um tema para ser discutido em outro artigo.