Nilson Cortez Júnior*
Recentemente publiquei um artigo perguntando: onde estão as verdadeiras empresas inovadoras brasileiras? Muito embora o artigo tenha indicado que a inovação virou clichê, esta conclusão me provocou uma nova reflexão. Naturalmente, muitas pessoas estão satisfeitas em consumir marcas supostamente inovadoras, mas será que existe um público para consumir empresas e produtos verdadeiramente inovadores?
Eu, daqui de trás do meu computador, acredito que este público está nascendo. Sou parte dele! Tenho, portanto, que direcionar meu consumo a estas empresas verdadeiramente inovadoras. Descobri que no Japão existem lojas em que você escolhe amostras de produtos e as leva para casa sem custo. São lojas de degustação de amostras, onde cada cliente pode escolher até cinco produtos e levá-los sem custo… Ora, o comportamento de colocar amostras gratuitas em
lojas é um comportamento inovador e, para saber quais são as empresas envolvidas é muito simples: basta ir a esta loja! E no Brasil?
Penso que deveria ser desenvolvido um espaço publicitário específico para os
reais “CAUSOS E HISTÓRIAS DE INOVAÇÃO”. Durante a reflexão que deu origem a este artigo, um fato deixou-me extremamente ensimesmado: a televisão brasileira não consegue produzir um único formato inovador. A exceção à regra é o programa 15 minutos da MTV, que tem Marcelo Adnet como apresentador. Típica atitude inovadora de desconstrução de modelos consagrados e total desapego com fórmulas préconcebidas de sucesso! O resto é cópia da cópia, enlatado americano e variações do mesmo tema sem sair do tom.
Qual será a rede de TV que teria coragem de colocar sua audiência em um programa de TV e, ao vivo, ouvir estes telespectadores sobre suas expectativas e quereres? Eu diria: “Que tal um programa de televisão que falasse de negócios, mas não de grandes negócios e sim de pequenos?”. Vocês diriam: “Este programa já existe”. Mas e o formato?
O Sr. Clemente Nóbrega, guru empresarial, tem uma iniciativa, chamada Schemata, que poderia ser utilizada em formato televisivo. Mesa redonda, grandes consultores, case real e uma conversa franca e aberta com o objetivo de dar sugestões e soluções criativas para questões corriqueiras do dia-a-dia das pequenas e médias empresas: como aumentar vendas, estimular vendedores e etc. Vale lembrar que as pequenas e médias são 95% (quantitativamente) das empresas brasileiras.
Qual a emissora de TV inovadora que está buscando projetos inovadores e teria a coragem de apostar sem a garantia do retorno certo – como fazem com reality shows? Senhores, a inovação é um comportamento do dia-a-dia, precisamos incluí-la no radar das empresas e consumidores e valorizá-la sob pena de continuarmos sob o império das fusões, aquisições, fornecedores únicos (que compram concorrentes) e pasteurização de produtos, serviços e atendimento ao cliente.
Consumidor: exija a inovação!
Empresas que querem uma ideia inovadora: consultem a sua comunidade – a inovação não partirá dos seus Diretores. Eles só sabem fazer a mesma coisa.