A moda agora são os zumbis. Até os heróis Marvel viraram zumbis. Vi, numa revista, o Homem Aranha, o Hulk, o Homem de Ferro, o Capitão América, até o Wolverine, todos ‘zumbitando’, comendo gente, e destruindo tudo.
Fiquei imaginando a razão dessa invasão terrível e cheguei a triste conclusão de que a gente, o povo, adora zumbis e ser devorado. Acho mesmo que nos convencemos que só assim a gente vence, perdendo.
2014, pelo visto, será o ano dos zumbis, dos nossos zumbis particulares. O primeiro chama-se Fifa, o segundo é antigo e conhecido. São os governos e políticos.
Pra explicar melhor, eu vou dividir o ano. Nesse início de 2014, até março, o zumbi é a ociosidade, a falta de trabalho mesmo. O cliente de férias. Quem manda, esperando. Nas agências, um montão de gente de férias também. Ou seja, estamos sendo comidos pela falta de opção em reagir.
É claro que alguns têm o que fazer, em especial o pessoal que trabalha com um outro zumbi: o Carnaval (carne as valas, segundo me dizem da origem do nome). Mas aí são quase os mesmos de sempre, porque no Carnaval a autoralidade e a expertise falam alto. Sobra pouca coisa para o mercado engrenar.
Quem vive dos eventos corporativos tem que esperar porque o Carnaval é uma espécie de limbo que faz todos ficarem paralisados com a baforada ‘zumbiônica’ (adoro inventar nomes) paralisante que nos faz querer a fantasia – literalmente, inclusive as de zumbi.
Aí, março acaba, e vem abril maio e junho e… PQP, vem a Copa. PQP porque, na Copa, o que tem que acontecer já está definido. Com as restrições do zumbi Fifa, fazer ativação de marca e ações em geral é impossível. Esse zumbi-mor manda no País e ninguém, eu disse ninguém, que não tenha sido devorado por ele ou se aliado a ele terá o que fazer com essas ferramentas.
Ah!, os eventos corporativos, as feiras, as… não vão rolar. Maio e junho estão esvaziados. Até Cannes corre o risco de ficar vazia. A não ser que criem uma ‘zumbizolândia’ para transmitir os jogos lá. Acho que vão comer o leão.
Depois vem julho, agosto, setembro e outubro. Esses serão os meses da invasão zumbi. Em todo Brasil, os zumbis devoradores de gente estarão nas ruas mentindo, enganando e querendo seu corpo, seu sangue, seu voto. E se você não abrir o olho, eles vão comê-los mesmo.
Alguns pela segunda vez, se você os reconduzir ao ‘Palácio de Zumbília’, outros pela primeira vez. Esses zumbis são mais perigosos porque escondem a falta de órgãos (todos sabem que zumbis têm corpos onde falta coração, estômago, braço, mão, e, na maioria das vezes, cérebro.)
Mas o povo, zumbizado pelas bolsas… de sangue, pelos PACs e PECs sem corpos, obras que não acontecem, terão dos zumbis esse ano todos os pares de tênis e dentaduras que sobrarem dos cadáveres.
Quanto ao nosso mercado, proibidos que são por Lei, os governos gastarão menos com a gente até outubro passar e as concorrências fajutas e os conluios com os parceiros de esquema puderem voltar. Aí, eles voltam a comer nossa verba, com concorrências de preço e pagamento em 90 dias, enquanto dividem as partes com os parceirinhos em até 30 dias no máximo.
Chegamos a novembro, se não tiver segundo turno, e dezembro, e a gente vai fazer as festas, se Deus quiser. Sim, se Deus quiser, porque só Ele para acabar com a ‘zumbilândia’, porque, pelo visto, nós mortais, continuaremos paralisados à espera do herói que nos ajude (já disse que os do Marvel dançaram. Quem irá nos salvar?).
Essa fábula/ficção é uma provocação sadia para uma reflexão viva. No nosso mundo só o que live faz sentido. E o que é live exige cérebro, planejamento e decisão. Vivemos parados e estagnados numa perspectiva de que tudo se resolve com o tempo e que a morte de agências concorrentes não nos afetará, de que não devemos assumir posição política porque não temos que misturar as coisas.
Bom. São opções. Resolvi lutar contra os zumbis. Primeiro porque não gosto deles, segundo porque quanto mais agências mortas, mais zumbis na praça, terceiro porque cidadania não é opção e o meu mercado depende sim de quem está no comando das decisões do País, do Estado, do Município e quarto porque eu realmente acho que eles estão invadindo a terra.
Em especial quando ouço e leio coisas de alguns clientes e de alguns colegas do mercado. Tenho certeza. Comeram o cérebro deles.