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Patrocínio entre Grande Rio e a RFT completa dez anos

A relação entre RFT e Grande Rio começou no final de 2005, quando Luciano Azevedo enfrentou José Aldo no Jungle Fight 5 e impôs aquela, que é até hoje, a única derrota na carreira do atual campeão dos pesos-penas do Ultimate.

Lutadores de MMA e escolas de samba possuem em comum o fato de ambos precisarem de patrocínios. Enquanto os atletas necessitam deles para poderem se dedicar exclusivamente em suas preparações para os combates, as agremiações costumam procurar parceiros para bancarem parte de seus desfiles, muitas vezes influenciando na escolha dos enredos.

Entretanto, a Grande Rio vai na contramão há dez anos, quando passou a patrocinar a equipe de MMA Renovação Fight Team (RFT).

Fotos: André Durão.
Lutadores ao lado de Sônia Soares, representante da presidência de honra da Grande Rio.
Lutadores ao lado de Sônia Soares, representante da presidência de honra da Grande Rio.

A relação entre RFT e Grande Rio começou no final de 2005, quando Luciano Azevedo enfrentou José Aldo no Jungle Fight 5 e impôs aquela, que é até hoje, a única derrota na carreira do atual campeão dos pesos-penas do Ultimate, com uma finalização no segundo round.

O evento foi disputado no Amazonas, que foi o enredo da Tricolor da Baixada Fluminense no Carnaval de 2006. A repercussão positiva acabou motivando a escola a estender seu patrocínio para toda a equipe.

A ligação entre equipe e escola de samba também é afetiva. Márcio Cromado, líder da RFT, é dono da academia junto com sua esposa, Andreia, que é irmã de um dos presidentes de honra da Grande Rio. Representante da agremiação, Sônia Soares explicou o patrocínio dado pela Tricolor, mesmo em um ano que eles não têm enredo patrocinado.

“Nosso enredo é autoral, temos parceiros de fora da escola, amigos que dão alguma ajuda, a prefeitura de Caxias também nos ajuda, então esse ano nós aproveitamos tudo o que tínhamos na escola para fazer o Carnaval, mas sempre damos um jeitinho de ajudar a RFT. Não recebemos nada em troca, só usamos a marca da Grande Rio na roupa, no banner no dia da luta, mas não é nada que a gente receba algo.”, afirmou Andreia durante entrevista ao Combate.com no barracão da escola.

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“A luta não é uma coisa que eles ganhem dinheiro, a não ser que lutem lá fora e, assim mesmo, têm que estar em um patamar alto, então ajudamos desta forma. Tomara que a Grande Rio ganhe o Carnaval deste ano. Se formos campeões, espero que algum lutador entre com o nosso samba para lutar, entrando na ginga” afirmou, em referência ao refrão do samba-enredo de 2015.”, completou Andreia.

A Grande Rio não patrocina os lutadores individualmente, com exceção de Luiz Besouro. O auxílio para a RFT é com assistência médica para os atletas, material de treino, suplementação e até mesmo bancando o alojamento da academia, em Copacabana.

Para Jorge Blade, por exemplo, que é do UFC, o auxílio permite que ele se dedique apenas ao MMA, sem precisar ter outros empregos fora do esporte.

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“Cheguei na academia em 2007, então primeiro passei por um processo de avaliação e, com a evolução do meu trabalho na RFT, passei a receber uma ajuda da Grande Rio com plano de saúde. Deu para passar a me dedicar 100% no esporte e consegui bons resultados na minha carreira graças a isso.”, , declarou Blade, que vai lutar no dia 21 de março, no UFC Rio 6, contra Christos Giagos.

“É tudo que o atleta quer, que tenha alguém que ajude a tirar a preocupação que o afeta na preparação. Qualquer tipo de ajuda que tire a preocupação do atleta é sempre bem-vinda. A Grande Rio está sempre ajudando a gente, nos colocando no lugar que devemos estar e tenho só que agradecer por todos que olham para a gente com carinho.”, completou o atleta.

Rodrigo Delegado, promessa da equipe que está invicto em seis lutas, também tem opinião parecida com a de seu companheiro.

“É importante porque o atleta sempre precisa de apoio. Os custos são grandes com treinos, suplementação, então toda a ajuda é bem-vinda. A gente às vezes tem que dar aula, se virar, fazer um bico aqui e outro ali e esse apoio ajuda a gente a não precisar correr tanto atrás e se dedicar mais nos treinos para chegar bem na luta.”, disse o lutador.

Único a ser patrocinado individualmente pela Grande Rio, Besouro passou por uma cirurgia no joelho recentemente para curar lesões no ligamento cruzado e menisco. O procedimento foi bancado pela escola, que também paga um valor mensal ao atleta, além de arcar com o plano de saúde do lutador, como faz com toda a equipe de MMA da academia.

“Eles pagam para mim desde 2006. Recebo salário, pagam meu plano de saúde e, graças a Grande Rio, consegui operar meu joelho. Eles pagaram meu plano de saúde, focaram nesse lance da cirurgia e agora vamos cair pra dentro”, explicou Besouro.

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A ligação com a Grande Rio fez os lutadores da equipe passarem a se sentir como membros da família, como os próprios atletas fazem questão de ressaltar.

Mesmo aqueles que torciam por outra escola de samba, como o caso de Jorge Blade, ou que sequer assistiam aos desfiles, como Luiz Besouro, acabaram tornando-se fãs da agremiação. Para Junior PQD, poder se aproximar da escola acaba trazendo também lembranças de sua mãe, que desfilava pela Imperatriz Leopoldinense.

O lutador, inclusive, tem o desejo de desfilar na Marquês de Sapucaí, mas é algo para o futuro, já que deixou claro que seu foco no momento é apenas o MMA.

“Minha mãe sempre desfilou em escola de samba, meu irmão mais velho ia com a minha mãe e eu não ia por ser mais novo. Ela parou de desfilar por causa das obrigações de casa, virou avó, deu um tempo e tive esse contato com a Grande Rio, que aflora muito meu sentimento de ver minha mãe indo para o samba e voltando de manhã super alegre.”, afirmou PQD.

“Uma vez a vi na TV desfilando na ala dela, então sempre tive o desejo de saber como é, até porque já trabalhei fazendo segurança para escolas de samba para complementar minha renda de luta e pagar suplemento e material. Quero realizar o sonho de desfilar um dia, mas não agora, porque tenho projetos em relação a luta. Ainda vou fazer isso.”, prometeu o lutador.

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Besouro reconheceu não gostar de Carnaval, mas garantiu que assiste para torcer pela Grande Rio e, assim como seu amigo, também planeja um dia passar pelo sambódromo com a escola.

“Eu não gosto (de Carnaval) porque acho que atrapalha o treinamento. É bom para descansar. Mas tenho vontade de desfilar. Desfilar deve ser maneiro. Eu vejo os desfiles só pela Grande Rio, só assisto o dia da escola, fora isso não vejo nada.”, afirmou o lutador.

Cria da Vila Cruzeiro, Blade era torcedor da Imperatriz Leopoldinense, de Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mas, ao “entrar para a família”, virou a casaca e hoje – ele assegura – seu coração é verde, vermelho e branco.

“Carnaval é legal, torço pela Grande Rio porque passei a fazer parte dessa família. Até então era Imperatriz Leopoldinense, a Penha toda era (bairro próximo de Ramos). Quando comecei a treinar e entrei nessa família, larguei a escola que eu torcia e fiquei adepto da Grande Rio.”, disse o atleta.

“Gosto de Carnaval porque extravasa um pouco a mente, sai desse ritmo de luta. Com certeza estarei no camarote da Grande Rio na Sapucaí, prestigiando essa escola bonita de ver e vamos ser campeões esse ano.”, concluiu Blade.

A Grande Rio será a última escola a desfilar no domingo de Carnaval, com o enredo “A Grande Rio é do baralho!”, de autoria do carnavalesco Fábio Ricardo.

Fonte: Raphael Marinho/Combate.com.