Fortemente afetados pelo avanço da pandemia do Covid-19, os empreendedores tiveram que repensar seus modelos de negócios para conseguirem se manter no mercado.
Passados mais de quatro meses do início da crise, pesquisa qualitativa realizada pelo Sebrae com microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas, de 18 Estados brasileiros, identificou mudanças e tendências que vieram para ficar no mundo dos pequenos negócios.
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O levantamento revela que a mudança de postura e consumo dos clientes refletirão diretamente nas transformações dos negócios.
Além de mais exigentes e mais conscientes, os consumidores também estão cada vez mais explorando as compras e o relacionamento on-line.
As informações decorrem da 1ª e 2ª etapas da Pesquisa Qualitativa “Pequenos Negócios e o Enfrentamento da Crise do Coronavírus”, realizadas entre abril e junho deste ano, com empresários de 11 segmentos, sendo a maior parte microempresas (54%), principalmente nos ramos de varejo, alimentação, moda, beleza e turismo.
Digitalização dos negócios
De acordo com o levantamento, dentre as mudanças definitivas destaca-se a maior digitalização dos negócios.
No entanto, em segmentos como a moda, por exemplo, a transformação caracteriza-se por um modelo híbrido, com fortalecimento de experiências presenciais e o intenso uso de canais on-line em vendas e relacionamento com o mercado.
No segmento da alimentação, os donos de pequenos negócios destacaram que os clientes vão continuar mais atentos às medidas de higienização e qualidade dos produtos.
Para isso, serão necessárias mudanças com uso ou novos usos dos estabelecimentos para reconquistar o cliente e transmitir segurança.
Turismo virtual
Já no ramo do turismo, a tendência é de roteiros regionais e locais, com predominância de ações ao ar livre e grupos em número reduzido.
No Rio de Janeiro, a empresa de turismo Sou + Carioca, já se planeja para voltar a funcionar a partir dos últimos meses do ano. De acordo com uma das sócias, Gabriela Palma, a equipe de colaboradores tem se reunido virtualmente para discutir como será a retomada.
Ela avalia que as reuniões de forma remota deram bons resultados e devem continuar ocorrendo mesmo depois da pandemia.
Além disso, a empresária destaca que iniciativas que surgiram nesse período serão adotadas, agregando novos serviços.
É o caso dos passeios virtuais, que se tornaram uma experiência de sucesso no Facebook. O “QuarenTour Colaborativo” é aberto para quem quiser participar e tem levado milhares de pessoas a conhecer virtualmente a história de lugares do país, principalmente do Estado do Rio de Janeiro.
Desde abril já foram realizados cinco encontros virtuais, onde uma guia de turismo visita os pontos com uso de ferramentas do Google, que permitem visualizar exatamente como é o lugar, as ruas, o interior de construções.
Durante o passeio, as pessoas são convidadas a colaborar com valores entre R$ 10 e 20 para ajudar nos custos da empresa, que não está funcionando normalmente por causa da pandemia.
Tendências apontadas pela pesquisa
– O relacionamento com o cliente deve ser feito com segurança e de forma ágil. Eles estarão mais exigentes e, por isso, serão atraídos por uma oferta cada vez mais personalizada.
– O uso das redes sociais para vendas e divulgação deve continuar em alta. Para isso, os serviços de delivery ganham mais atenção com a qualificação dos entregadores.
– Na gestão, os negócios atuarão de forma mais sustentável, com produções enxutas, com foco na produtividade, evitando o desperdício.
– Em relação aos funcionários, as equipes ficarão mais reduzidas e multitarefas. A saúde dos colaboradores receberá atenção e o trabalho remoto, quando possível, será uma realidade também para os pequenos negócios.
– A ampliação de parcerias com mais fornecedores também será uma mudança definitiva para os negócios.