Experiência de Marca

Precisamos ser assim mesmo?

Aprendi que devemos fazer o certo, nos dedicar muito, ser justos e humanos, sempre.

Já escrevi aqui sobre a necessidade que todos nós temos em parar de vez em quando. Sou workaholic (já fui muito mais), e por muito tempo me orgulhei por não ter finais de semanas de descanso, ou por trabalhar em momentos que seguramente deveria estar descansando.

Essa sempre foi minha natureza, mas certamente a cultura do meu meio de trabalho contribuía com a ideia de não tempo livre, diminuindo minha quantidade de compromissos, entendi que poderia ir além. Que estar atento full time aos veículos de imprensa também não era bom.

Se antes assistia dois telejornais, se no trânsito ouvia notícia na rádio, e nas brechas do dia acessava sites de notícias, passei a me informar apenas sobre o fundamental, de forma que não me tornasse alienado. Isso aconteceu após a dica de um cliente, que dizia que más notícias demais, ao invés de nos manter informados, desmotiva.

Demorei muitos anos para aprender as lições acima. Agora estou tentando aprender uma nova: “Se custa sua paz, não vale”. Sim, é frase de filósofo de internet, sim. Mas a mim parece verdadeira. Aliás, quem disse que frases de internet ou de botequim não podem ser bacanas pra nossa vida? Ora essa!

Aprendi que devemos fazer o certo, nos dedicar muito, ser justos e humanos, sempre. Mas se a resposta não é boa, se o interlocutor não responde assim, é hora de pensar se vale a pena. Se até aqui sempre briguei as brigas até o último minuto, até aqueles que não mereciam o empenho, passei a repensar cada uma. Será que precisamos, mesmo?

Se algo não atende aos meus princípios, propósitos ou valores, se não conversam com minha entregas, pra que seguir em frente? É algo que comecei a ponderar de um tempo para cá, e vi muitos colegas fazendo o mesmo.

Não, isso não tem nenhuma relação com o que chamam de “propósito”. É apenas uma forma de ver o mundo e nossa relação com ele.

Acho que por tantos anos fomos tão acostumados a entregar mais, sermos mais rápidos, mais competitivos e guerreiros, que esquecemos o essencial. As respostas de “Por que estou fazendo isso?”, “Para que serve isso?” e “Está valendo fazer isso?”.

Se é algo que podemos escolher, se a vida nos bota na situação de poder optar, por que não nos fazer estas perguntas de vez em quando?

Ou isso, ou nos tornamos humanos-máquinas. E de máquinas o mercado futuro não precisará. Já terá bastante delas.

 

Por João Riva.