Participo de um grupo fechado de Facebook com moradores do bairro que moro.
É daqueles grupinhos muito mais ou menos, onde vez ou outra rola alguma informação sobre novidades. Mas só vez em quando, porque a função principal dele se tornou buscar e vender produtos ou serviços. Bem mais ou menos, mesmo.
Acontece que de um tempo pra cá tem acontecido algo interessante nele. A partir de algumas semanas, os pedidos de ajuda para encontrar mecânico, pedicure, boas padarias ou babás para crianças vêm acompanhando do pedido “Que trabalhem com preço justo”. Aí, quando leio, me pergunto: JUSTO PRA QUEM?
Preço justo, no popular ali do grupo, deve ser entendido como sinônimo de “beeeeeeem baratinho, beleza?”. Na verdade, é uma forma politicamente correta de falar que preço justo é aquele que atende o ponto de vista do comprador, não do prestador do serviço ou vendedor do produto.
É de preço justo em preço justo (o preço justo deste pessoal, viu?) que estamos ferrando toda cadeia produtiva que nos atende. A lei é tirar o máximo do prestador de serviço ou do vendedor de produtos, devolvendo a ele o que é justo na visão de quem paga, e não de quem recebe. Se torna um leilão ao contrário, que contratamos quem cobra menos. Algo compreensivo, mas nem sempre inteligente.
Como comparar dois serviços? Por mais que o fim deste serviço seja o mesmo entre dois fornecedores, como quantificar o valor do atendimento, da cordialidade, do cuidado com a entrega, com a segurança de um serviço bem feito? Isso não se quantifica, de forma passa a não ter preço.
Quer pagar o justo? Pague. Mas lembre-se, o justo realmente justo não é o seu justo. Também não necessariamente é o justo do seu fornecedor. Justo real, é o justo que atende aos dois. Sem predadorismo.
Por João Riva.