Em todos os meus anos profissionais, acredito que estamos vivendo o momento mais crítico do varejo em função das consequências da pandemia .
Precisar fechar as portas, interromper o faturamento e manter a empresa viva é um desafio enorme para todos os profissionais e donos de negócio que dependem exclusivamente do varejo.
Muitos já ficaram pelo caminho, mas ainda há uma enorme quantidade buscando passar por esse momento.
Depois de 1 ano extremamente difícil, aonde já foi necessário fechar as portas, reabrir com restrições, encarar uma grande mudança no consumo com o home office e delivery, ajustar toda a sua cadeia logística e de custos, reestruturar todo o quadro de colaboradores e sobreviver financeiramente, voltamos doze casas atrás no tabuleiro e precisamos encarar tudo novamente.
Mas-com um cenário diferente. As empresas estão muitos mais degastadas, com pouco ou nenhum fôlego financeiro, aonde precisam arcar com todas as dívidas feitas no último ano, e, por este motivo, não ter mais como buscar nenhum recurso.
As ajudas do governo secaram, tirando um recurso importante que sustentou o pagamento da folha. Não houve nenhum incentivo para o pagamento dos impostos por parte do governo em todas as suas esferas.
Os fornecedores também estão com poucos recursos para ajudar e os custos estão aumentando sem que se possa passar para o preço final.
Shoppings e donos de imóveis agora querem ajustar o aluguel com um IGP-M irreal para o momento. Ou seja, o ambiente de negócios se deteriorou muito e a luz no final do túnel está muito distante.
As empresas, cada uma na sua condição, continuam buscando a sua sobrevivência, com recursos mais limitados e obrigando a tomar decisões muito duras para o curto e longo prazo.
Muitas estão diminuindo de tamanho, voltando anos de trabalho para conquistar seu espaço no varejo, fechando lojas e abrindo mão de locais que levaram tempo para serem viabilizados.
Acredito que este cenário ainda vai se manter com uma pequena melhora no final do primeiro semestre, pois conforme vamos aumentando o número de vacinados e diminuindo o número de infectados ou de mortes, poderemos ir retornando à normalidade da abertura do mercado.
Será um caminho longo e lento, que apesar de ser poucos meses, podem parecer uma eternidade para se concluir.
Todo esse meu texto, tentando de forma simples contextualizar o que vivem atualmente as empresas no varejo, tem como objetivo tentar sensibilizar todos os stakeholders que fazem negócio com o setor, que a hora agora é de se ajudar e não de criar qualquer situação de confronto que possa prejudicar ambas as empresas.
As empresas de varejo estão sob enorme pressão, principalmente financeira. Nesse momento querer cobrar, ajustar, usar de contrato e outras formas de querer buscar uma receita irá obrigar a tomadas de decisões pela sobrevivência, e que nem sempre são as melhores, visando o longo prazo e a manutenção de um relacionamento.
Assim, acredito que todos precisam se sensibilizar para que possamos sair desse momento vivos, muito arranhados e machucados, mas vivos para iniciar uma nova fase juntos.
Não podemos sair desse momento cheio de confrontos, desavenças e ações judiciais que vão tirar ainda mais a energia em um momento futuro que precisaremos, todos, pensar no crescimento.
Temos que estar unidos em prol da manutenção dos negócios. Se as empresas fecharem, quem irão substituí-las? Os espaços ficarão vazios, a demanda irá diminuir, o faturamento não irá acontecer, ações na justiça irão corroer o ambiente por longos anos e as dívidas não serão pagas.
Até o mercado se recuperar, certamente vai ser um longo período. Agora, se mantivermos todos em atividade, certamente a recuperação será mais rápida com muita gente boa buscando novas oportunidades, revigorando seus negócios e fazendo a roda da economia girar.
Aqui fica uma mensagem que possa inspirar a todos para seguirem fazendo sua parte para que saiamos vivos e fortes desse momento extremamente duro e desafiador.
Vamos pensar no coletivo e depois no resultado individual. Tenho certeza que daqui há alguns meses vamos constatar que fizemos a melhor escolha.
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