Antes de mais nada cabem duas abordagens: Uma ligada à empresa Comida di Buteco e como ela tem reagido; a outra é em relação ao concurso Comida di Buteco.
Mesmo que ambas sejam regidas pelo mesmo racional de tomada de decisões, são experiências distintas. Vamos lá!
Do ponto de vista da empresa, nossa primeira preocupação foi garantir a segurança da nossa equipe. No momento em que as ações de isolamento aconteceram, nossos coordenadores estavam nas cidades realizando as visitas aos ‘butecos’ participantes junto com as equipes dos patrocinadores, e, em vários casos, já estávamos realizando as reuniões de abertura…
Trouxemos todos de volta às suas casas para home office, e, na semana seguinte, adotamos 15 dias de férias coletivas. Estamos todos bem!
Quase todas as nossas maiores despesas já estavam em curso e o que havia com vencimento até março foi pago. Em paralelo, a relação com os patrocinadores, nossa única fonte de receita; contactamos cada um deles para entender como cada indústria estava avaliando o momento e quais os próximos passos em relação à vendas e atendimento aos clientes.
A partir destes contatos e acompanhando todas as orientações oficiais do Governo e em consenso com a Abrasel, veio a decisão em relação ao concurso – seu adiamento por três meses – indo para 10 de julho para 9 de agosto.
Nosso negócio tem como core e missão “transformar vidas através da cozinha de raiz – buteco como extensão de sua casa” e como todos participantes são negócios familiares, caseiros, representam a grande maioria dos pequenos negócios brasileiros. Ou seja, a preocupação que se tornou latente agora com este tipo de estabelecimento e que podemos comprovar pelo volume de iniciativas de “ajude o pequeno”, para nós não é novidade…
Este perfil de empresa já vinha sofrendo com a crise e o Comida di Buteco já representa uma inversão dessa curva descendente e uma sazonalidade extremamente positiva, semelhante ao Natal. Então é muito sofrido ter que adiar o concurso, mas mesmo antes da obrigatoriedade do fechamento dos bares e restaurantes, tomamos esta decisão.
De lá para cá temos atuado junto aos butecos, com telefonemas semanais a cada um deles, para entender e ouvir como estão se sentindo e atuando, enviando mensagens/posts de WhatsApp com dicas sobre higiene, delivery/take away e também para buscarem economizar e guardar o caixa que ainda tem para passar este momento.
A situação não é homogênea: da base de 650 butecos tivemos 4 baixas definitivas e até o concurso poderão ocorrer mais. A maioria tem muito pouco fôlego, no máximo um mês e o restante em melhores condições, mas todos renegociando aluguéis, com parte da equipe em férias e dispensando alguns freelas.
Do ponto de vista do consumidor, criamos uma campanha temporária que é o #butecodicasa, para estimular as pessoas a continuarem prestigiando seus butecos do coração, fazerem seu happy hour em casa e ajudarem os butecos a sobreviverem.
Nos ajuda o fato de que, por premissa, há butecos participantes espalhados por todas as regiões das 21 praças onde estamos! Sabemos que o delivery não substitui o faturamento presencial, e tem representado, em média, 20% do faturamento “normal” e que nem todos os butecos tinham este canal e estavam preparados para implementá-lo, mas já é uma ajuda…
Temos tido um alcance e engajamento muito positivos, principalmente considerando que é uma campanha orgânica. Estamos em busca de parceiros que possam “adotar” a campanha e impulsionar os posts. Não está fácil mas não desistimos nunca!!!
O principal tem sido ter muita paciência, levar uma mensagem positiva e orientativa aos butecos e equipe; manter contato com os patrocinadores dando feedback dos nossos passos; continuar projetos que independem do externo, como por exemplo automação dos processos e sobretudo: um dia de cada vez…
Temos buscado nos pautar pelas ações que deixarão resíduos versus coisas imediatas; pelo nosso core/missão versus oportunismo “social” que vemos em abundância agora e sempre pensando no pós-abertura, pois temos muitos pontos positivos para este momento: primeiro, os butecos são pequenos, sem aglomeração e teremos que orientar para adotarem uma série de práticas para dar segurança aos consumidores; segundo, as pessoas estarão desesperadas para sair e o buteco é o aconchego mais próximo. E por último, mas bem relevante, com a redução de renda, o concurso traz o petisco a R$ 22, sendo bom, bonito e “justo”, certo?
Esperamos a todos(se Deus quiser) em 10 de julho nos 650 butecos ao longo de todo o Brasil e até lá, se cuidem e fiquem em casa… vai passar!!!
A sugestão deste mês será uma série da Netflix chamada Self Made – a história de Madam C. J. Walker, uma mulher, negra, americana que criou uma empresa vencedora de cosméticos nas décadas de 10/20. Muito inspirador!