Desde o início desta pandemia a expressão ‘Novo Normal’ vem sendo discutida e analisada buscando prever qual será o novo comportamento da população após este longo período, em que foi necessário alterar de forma brusca os hábitos de vida que haviam em nosso planeta.
Porém, com o passar dos meses, novos tipos de comportamento estão surgindo e se alterando conforme a imunidade da população aumenta e a expectativa da nova vacina se aproxima.
O que se percebe nos últimos 3 meses no Brasil, é uma estabilidade da média móvel do número de infectados e de mortes e os governos evoluindo nas aberturas em relação à quarentena. E como escutamos estes dados diariamente na mídia, várias vezes ao dia e sem grandes alterações, na minha opinião, essa situação passou a ser o pano de fundo da nova realidade e a questão relativa à pandemia ver perdendo significado.
Cansada da quarentena e do distanciamento social, a população, por conta própria, vai ajustando os seus novos comportamentos.
Dentro do universo do varejo de alimentação fica claro esses ajustes que vem acontecendo com frequência e se refletem nos resultados dos negócios.
O que se percebe após as últimas flexibilizações, é um movimento em que a população, durante a semana, principalmente das classes A e B, continuam em suas quarentenas, trabalhando em home office, com as escolas fechadas, usando álcool gel e máscara e com menor mobilidade social.
Porém, nos finais de semana, parece que o mundo volta ao normal e a quarentena praticamente termina com aumento da mobilidade, aumento da frequência em shoppings, bares, restaurantes, parques e praias, festas e comemorações começam a acontecer e o uso das máscaras em espaços públicos e abertos quase não acontece.
Como dois comportamentos distintos poderão conviver por um longo período? Essa é uma questão interessante para ser analisada e mostra claramente uma instabilidade no formato de encarar a pandemia.
Acredito que muitas pessoas vêm se questionando sobre como se comportar frente às questões que se colocam, como queda nos índices, expectativa da vacina, riscos da doença, necessidade de convivência, falta de amigos e familiares, escolas fechadas e um clima quente se fazendo presente ainda nos meses de inverno.
Sei que já se passaram muitos meses e teremos ainda uma boa jornada até a vacina estar aprovada e pronta para ser aplicada na população, mas com o verão chegando e a necessidade de convivência crescendo, a tendência obviamente é da diminuição ainda maior do distanciamento social.
Vendo esses dois comportamentos, o que me preocupa, é que apesar das curvas da pandemia começarem a apresentar quedas, ainda estamos longe de estar livres dessa doença e caso haja uma reversão das curvas, pode-se criar uma nova flutuação de abre e fecha da quarentena.
Caso essa gangorra venha a acontecer será muito ruim para o varejo, pois certamente irá criar uma desestabilização no formato de operação que ao longo dos meses vem se normalizando.
Certamente esses dois comportamentos não se complementam, e acredito que teremos que chegar a um meio termo para que possamos conviver de forma harmônica, preservando a saúde e a economia e evitar o formato de gangorra de abre e fecha que é um enorme risco para todos os negócios.
Esse é um enorme desafio, pois obviamente as visões de cada indivíduo divergem muito sobre esta dicotomia entre quarentena e convívio, uso ou não das máscaras, risco ou não risco de infecção e muitos outras questões que estão presentes nas diversas discussões que temos em nosso dia a dia. Mas sem dúvida ainda teremos outros dilemas de comportamentos para avaliar e analisar para adaptarmos nossos negócios para este novo normal que anda bem volátil e instável.