Experiência de Marca

Programa mostra arquivos do google e revela ameaça

 

A melhor forma de assistir a “Inside the Mind of Google” (“Por dentro da mente do Google”), reportagem de Maria Bartiromo sobre o gigante da internet que será transmitida nesta quinta-feira pela rede americana CNBC, é não assistir ao início do programa.

Ao invés disso, gaste o tempo “googlando” sobre seja lá o que for que você “googla” em uma noite de quinta-feira. Então, vá conferir o programa, que já estará em progresso. Se assistir ao primeiro segmento insuportavelmente nauseante, você nunca vai conseguir chegar às partes posteriores, quando o programa chega ao assunto que deveria preocupar todos nós.

Bartiromo começa com um passeio excessivamente efusivo pela sede da Google em Mountain View, Califórnia, soando como se estivesse na folha de pagamento de seu departamento de relações públicas. Que cantinas incríveis! Que animação maravilhosa dos funcionários! Quanta gente incrivelmente inteligente por todo o lugar! É o tipo de tolice que faz você trocar de canal, especialmente a tagarelice interminável sobre como todo mundo no Google é inteligente. Muitas empresas estão cheias de pessoas inteligentes. Algumas delas estão demitindo essas pessoas inteligentes porque seus modelos de negócio foram enfraquecidos pelo Google. Os jornais, por exemplo.

Esse primeiro segmento é também o momento em que Bartiromo deixa os barões da Google soltarem seu papo promocional. Por exemplo, Eric Schmidt, o chefe-executivo, fala sobre estimular um ambiente criativo para seus funcionários. “Em última instância, as pessoas ficam em empresas porque podem alcançar algo”, ele diz, revelando inadvertidamente a bolha na qual o pessoal lucrativo do Google vive. Em outros lugares, as pessoas ficam em uma companhia porque a economia entrou em colapso e elas não têm para onde ir.

Enfim, depois de uns 12 minutos desse floreio, Bartiromo se transforma em uma verdadeira jornalista e é a partir daí que você vai querer assistir o programa. Ela explora as questões levantadas por toda a informação que o Google armazena sobre você: questões assustadoras de privacidade que deveriam preocupar todos.

Se você seguiu as instruções prévias e passou a primeira parte do programa “googlando”, todas as suas pesquisas – sobre antigos namorados, ou alguma doença que você tenha, ou seus fetiches pornográficos pessoais – estão agora no gigante cérebro do Google.

“As pessoas recorrem à caixa de busca e admitem coisas para ela que nunca admitiriam para seu médico, psiquiatra, padre, esposa ou marido ou qualquer outro, sem pensar que todas essas pesquisas estão sendo armazenadas”, diz Kevin Bankston, advogado da Electronic Freedom Foundation. Entre outras coisas, o governo pode chegar a essa informação em processos legais.

E claro, a própria Google poderia usar essa informação se quisesse, o que, dizem funcionários da companhia, não acontece, exceto como uma fonte de dados para refinar seus produtos. No entanto, outros especialistas e acadêmicos explicam a Bartiromo que não importa o quanto o Google pareça benevolente e responsável hoje, não há como afirmar quem irá controlá-la daqui a 10 anos.

O programa também tem segmentos que esclarecem os esforços do Google em romper o domínio da Apple no mercado de aplicativos de celular e como exatamente o braço gerador de receita do Google – o sistema Adwords – funciona, visto através dos olhos de uma pequena fábrica de botas no Arizona. É importante ficar informado sobre essas coisas, já que o Google, que existe há apenas 11 anos, irá dominar o mundo todo até 2020 se continuar no ritmo atual. Como se fosse mesmo Google Earth.

O programa “Inside the mind of Google” vai ao ar na quinta (3/12) pela CNBC nos Estados Unidos às 21h.

Tradução: Amy Traduções

The New York Times