Em coro com os jurados de categorias não relacionadas à publicidade tradicional, como Promo, PR e Direct, Paul Taaffe, presidente do júri de RP deste ano em Cannes, disse que propôs à organização do Festival de Publicidade Cannes Lions, a mudança do nome do evento. Em release divulgado pela Hill & Knowlton, agência de RP onde Taaffe é o principal executivo, foi informado que a mudança do nome é fundamental para dar reconhecimento à variedade de disciplinas de marketing representadas no Festival, que já está em sua 57ª edição.
O manifesto produziu efeito, tanto que o CEO do festival manifestou, logo no início da grande cerimônia de premiação que até mesmo a palavra Advertising no nome do evento talvez precisasse ser repensada, isso em função da complexidade de disciplinas que o festival ja abrange, e da quantidade de clientes interessados – eles já são 15% dos delegados.
Paul aproveitou a oportunidade para desafiar a indústria de RP a aumentar sua participação por intermédio da inscrição de cases, reforçando que as agências de publicidade levaram os principais prêmios de RP e Promo e, assim, acabam ofuscando o brilho dos excelentes trabalhos desenvolvidos pelas agências de RP de todo o mundo.
Nas palavras do próprio Paul, “a indústria da publicidade está comendo ‘o ‘lanche’ das categorias de Promo & PR ao levar para casa todos os prêmios destas categorias. É preciso mudar este jogo. Houve um grande aumento do número de inscrições para PR e Promo Lions este ano, mas o número de agências de RP e Promo que inscreveram foi muito baixo. Estas indústrias precisam acordar e enxergar que nosso trabalho é excepcional. Cannes é uma oportunidade de apresentar esse trabalho sob a melhor perspectiva, pois trata-se de um Festival com grande reputação. Precisamos fazer MAIS.”
O presidente do júri acrescentou que a proposta à organização de Cannes partirá da premissa de que o baixo índice de inscrições por agências de Promo e PR pode ocorrer devido a uma barreira no entendimento do real objetivo do Festival. Cannes há muito já não é um festival apenas de publicidade. “Boas ideias criativas vem de qualquer área, mas as diferentes disciplinas tiveram grande crescimento por alguma razão e, agrupar todas sob o guarda-chuva da publicidade, é um grande equívoco”.
A proposta de Paul não desmerece ou diminui, de forma alguma, a importância da publicidade, afinal, é uma disciplina exercida há muito mais tempo e que merece todo o respeito do mercado. O que ele propõe é que sejam avaliadas as condições da participação das agências que não são essencialmente publicitárias. Diz, ainda, que mais do que isso precisa ser feito para que estas agências preencham os critérios de entrada, por meio de atividades de mentoring nas áreas de texto ou vídeos, principais deficiências notadas neste segundo ano, especialmente para as menores, que acabam deixando de inscrever por ter um orçamento limitado.
Reforçando o que Rosana Monteiro já havia falado, os clientes também têm um papel importante em contribuir para a visibilidade dos trabalhos de seus fornecedores de Promo e PR. Finaliza dizendo que o esforço para a melhoria da visibilidade não deve acontecer apenas no nome do Festival, mas que deve ser feito pelas indústrias como um todo.