Nos últimos dois anos, a mídia tem alardeado muito sobre o desrespeito às mulheres. Este comportamento tem sido exposto e condenado pela maioria das pessoas, pelo menos publicamente.
Do assédio dentro dos ônibus e metrôs ao movimento ‘MeToo’ das americanas passando pela polêmica que a declaração livre das francesas, lideradas pela Deneuve gerou, o assunto tem ocupado espaço. Que bom!
Existe machismo nas empresas? Sim, claro, pois existe machismo nas famílias e na sociedade como um todo. Eu não acredito que cotas e políticas específicas de aumento de representatividade feminina nas organizações vai acabar com o machismo. Podemos até ter muitas mulheres em cargos diretivos, mas haverá um sentimento real de respeito e convivência de igual para igual? Ou vamos no politicamente correto?
Eu trabalho desde os 18 anos de idade e nunca me senti intimidada por ser mulher em lugar nenhum. Tenho certeza que nunca fui cotada para determinadas funções por ser mulher, apesar de ter ocupado algumas funções que na ocasião eram inéditas para as mulheres.
Houveram momentos bons e momentos ruins, mas sem dúvida cresci, aprendi, realizei e fui recompensada e reconhecida. Apesar de não ter tido uma formação, minha mãe foi muito inteligente e me criou não como uma mulher que pode fazer o que quiser, mas como um PESSOA, que precisa ir atrás dos seus sonhos e sua realização. Mesmo tendo pensamentos “machistas” às vezes, isso não a impediu de me educar para seguir em frente e saber fazer minhas próprias escolhas, como ser humano e não como mulher.
Cabe à sociedade educar filhos, treinar funcionários, conviver e argumentar com os amigos não para respeitar as mulheres, mas para respeitar as pessoas em geral, independente de ser homem ou mulher! A igualdade está nisso, independente do gênero, a PESSOA que está ali é que deve ser respeitada.
Já vi homens e mulheres serem desrespeitados de formas muito piores do que o dito assédio devido a uma força presente em todas as relações: o PODER. Em nome de atingir ou manter o poder, homens e mulheres muitas vezes fazem qualquer coisa… Isso independe do gênero, da classe social, da formação.
Cabe a cada um de nós, nestas situações, se posicionar, seja não aceitando e expondo o problema ou deixando a relação em busca de um ambiente mais saudável e honesto. Não se trata de evitar os conflitos, estes sempre existirão, mas de construir um ambiente de respeito onde estiver.
Não aguento mais ouvir a expressão “empoderamento feminino”… Primeiro porque poder já pressupõe algo pejorativo, pois a palavra, vem do latim que significa posse. Quem quer ter poder? Para que quer ter poder? Como usa o poder que tem? Segundo, porque se haverá alguma relação de poder, ela tem que ser facultada às pessoas que têm capacidade para exercê-la. Uma mulher pode ser tão déspota e preconceituosa quanto um homem…
No negócio que temos hoje, o Comida di Buteco, a liderança feminina dentre os 600 “butecos” participantes é de quase 60% e em um número maior ainda se considerarmos a liderança compartilhada com homens(maridos, filhos, irmãos, sócios). Essa é a realidade. Cada uma exercendo seu papel de fato.
A presença feminina será majoritária, nem que seja por uma questão demográfica. Cabe a cada um de nós respeitá-las da mesma forma que respeitaria um homem, um velho, um jovem, um homossexual, um deficiente… uma PESSOA!
Vamos ser menos ativista de redes sociais e praticar mais o respeito no dia a dia, com quem está do seu lado.