O investimento ainda é relativamente alto – mínimo de R$ 80 mil, média de R$ 250 mil -, mas o negócio é promissor, e, na Bahia, está só começando, tanto que a Câmara Municipal de Salvador discute um projeto de lei regulamentando os chamados food trucks.
De acordo com o presidente da Associação de Food Truck e Comida de Rua da Bahia, Gabriel Lobo, na Capital há apenas cerca de seis furgões (de porte) em operação – a maioria “estacionando” em evento particular, porta de show ou projeto em praça pública. Em outras palavras, onde o consumidor está.
Aliás, poder sair “dirigindo” até um ponto de venda estratégico e dispensar o custo com aluguel são dois dos diferenciais desse negócio – que se caracteriza por comercializar alimento preparado ou finalizado na rua -; e conta ainda com a simpatia do público, ávido por novidades nessa área (em serviço, apresentação, produto e preço mais justos).
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“São Paulo é a única cidade do País que normatizou a atuação dos food trucks e hoje é o polo de adaptação dos veículos. Isso inviabiliza um pouco o investimento, arcar com o transporte e a transferência da documentação (do automóvel).”, diz Lobo, que aguarda a chegada do seu Guerrilha Truck, especializado na venda de hambúrguer artesanal e “comida de feira”.
Munir-se de Informação
Na avaliação do consultor do Sebrae Fabrício Barreto, quem pretende investir no comércio de alimento sobre rodas, no entanto, precisa se munir com o máximo de informação. Segundo ele, a atividade envolve questões como, por exemplo, segurança alimentar, e é preciso ter atenção quanto à sua viabilidade.
“O Sebrae pode auxiliar o empreendedor nessa hora. Oferecer dicas de gestão, formas de financiamento, os cuidados a serem tomados. O formato é sem dúvida inovador, o design é diferente e atrativo, não há aluguel de espaço e a procura vai ser grande. Logo, orientação é fundamental para que o negócio dê certo”, afirma o consultor.
Presidente da Associação Baiana de Food Truck e sócio – ao lado da filha, a pizzaiola Giovana Rossetto – do Chicopaca, Marcello Teixeira conta que investiu R$ 250 mil em seu “caminhão-pizza” (entre a compra de veículo, baú, instalações e aparelhos). “Enquanto a lei não sai”, diz que chega a fazer cerca de seis eventos fechados por mês.
Adilton Venegeroles l Ag. A TARDE
“Procuramos uma empresa especializada em adaptar o veículo em São Paulo. Aqui tem (oficina), mas o know-how (experiência) é maior lá.”, declara Teixeira.
Ainda de acordo com ele, comida de rua mobiliza bilhões de pessoas em todo o mundo – pessoas essas cada vez com menos tempo, a vida corrida, por outro lado interessadas em comer bem.
“Estudos apontam que, ao fazer uma refeição na rua, em restaurante, entre fazer o pedido ou se servir, o tempo médio de espera é de 12 a 20 minutos. Enquanto na comida de rua esse tempo cai para seis minutos. No meu carro, entre o pedido e a pizza (gourmet, 18 centímetros, R$ 10,00 a R$ 15,00) ficar pronta são cinco”, diz.
“Praças de Alimentação”
Caso seja aprovado o projeto de lei que regulamenta a venda de alimentos em veículos automotores, é possível que Salvador ganhe pelo menos quatro “praças” voltadas para os food trucks (do inglês, “caminhões de comida”).
De acordo com o autor do projeto, o vereador Leo Prates (DEM), esses seriam lugares estratégicos (ainda a serem definidos), mas também espaços hoje subutilizados da cidade, servindo também como estímulo à ocupação urbana.
“Eles (os furgões) ganharam mais projeção e hoje são uma tendência. Um negócio sobre quatro rodas extremamente profissional. No futuro é provável que cada restaurante tenha um food truck, para que ele possa levar o seu produto onde o público dele estiver.”
“Estamos tendo a preocupação, porém, com a quantidade deles nas ruas. A ideia é que cada CNPJ possua o máximo de dois trucks.”, afirma Leo Prates.
Se o investimento inicial não é lá tão baixo, o retorno, porém, é relativamente rápido. Segundo o presidente da Associação de Food Truck e Comida de Rua da Bahia, Gabriel Lobo, cerca de dois, dois anos e meio. “É um prazo parecido com o de restaurante, com a diferença que não pagamos aluguel e ainda fechamos eventos.”