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As previsões de Scott Galloway no SXSW 2025: solidão, IA e a nova economia

Em seu painel "2025 Trend Predictions Forecast", o Professor de Marketing da NYU trouxe uma visão sobre as forças que moldarão o próximo ano

Austin, Texas - O painel “2025 Trend Predictions Forecast”, de Scott Galloway, trouxe para a SXSW 2025 uma visão provocativa sobre as forças que moldarão o próximo ano. O professor de marketing na NYU Stern e analista de negócios, é conhecido por suas previsões assertivas sobre tecnologia, economia e sociedade. Seus insights, compartilhados em sua newsletter No Mercy / No Malice e no podcast Prof G, são amplamente seguidos por investidores e profissionais do setor.

Na edição anterior do South by Southwest 2025, o especialista levantou um alerta sobre a relação entre a Inteligência artificial e a solidão. Para este ano, o assunto ainda é uma preocupação. A seguir, confira algumas das principais tendências mapeadas por Galloway e seus impactos no cenário global.

Scott Galloway na SXWS 2025
Foto: Reprodução

Solidão e o impacto no comportamento social

Uma das previsões mais alarmantes foi sobre o crescimento da solidão, especialmente entre os jovens homens. Segundo Galloway, as empresas mais “inteligentes e ricas” estão tentando convencer o público de que os algoritmos conseguem imitar a vida real dentro de aplicativos. Essa desconexão tem efeitos profundos na economia e na estabilidade social.

Ele também chamou atenção para o crescimento das “namoradas de IA”, relacionando essa tecnologia ao isolamento masculino. O problema, segundo ele, não é apenas a falta de interação humana, mas o impacto desse afastamento no comportamento e na política, tornando-os mais propensos à misoginia e teorias da conspiração.

“Os jovens estão se afastando da sociedade. Eles não estão se apegando ao trabalho. Não estão se apegando à escola. Não estão se apegando a relacionamentos (…) Estamos efetivamente desenvolvendo uma nova espécie de homens assexuais e não sociais.”

Inteligência artificial: disrupção e personalização extrema

A inteligência artificial foi outro tema central do painel. Para Galloway, a IA não eliminará empregos no longo prazo, mas transformará a dinâmica do mercado de trabalho. Agora, a disputa também é por talentos nessa área, ainda mais com o uso de boots, que estão procurando por pessoas com expertise em IA, durante as seleções.

“Toda tecnologia deveria deixar as pessoas sem trabalho. Mas, historicamente, o impacto da automação foi criar mais empregos e mais eficiência.”

Ele também destacou a ascensão da Meta como uma das empresas que mais se beneficiarão da revolução da IA, devido ao grande volume de dados gerados pelos usuários.

“A Meta tem mais carvão para colocar no forno da IA do que qualquer outra empresa. Nove em cada dez pessoas fora da China estão em uma plataforma da Meta.”

Outro ponto levantado foi a mudança no consumo digital, onde a IA reduz a necessidade de escolha, tornando-se um filtro de decisões. Segundo o professor, as pessoas querem confiar nas escolhas apresentadas pelos algoritmos.

“A escolha é um imposto. O Google me dá milhares de resultados. O TikTok diz: ‘Não se preocupe, aqui está o conteúdo perfeito para você’.”

Concentração de poder e a nova economia

Galloway alertou sobre a crescente concentração de riqueza nas gigantes da tecnologia. Atualmente, as “Sete Magníficas” (Apple, Microsoft, Google, Amazon, Meta, Nvidia e Tesla) representam dois terços dos ganhos do S&P 500. Além disso, mencionou que as empresas de tecnologia já investem mais do que governos nacionais.

“Google, Microsoft, Meta e Amazon gastarão mais dinheiro em CapEx do que estados nacionais inteiros.”

Dessa forma, muitas dessas empresas acabam tendo influencia sobre a sociedade.  O professor alertou para os perigos da complacência e da conivência, e defendeu que o caráter dos líderes importa, especialmente em um momento de polarização e incerteza. Galloway também criticou a idolatria em torno de bilionários e CEOs, mencionando Elon Musk como exemplo.

“Se você tivesse um irmão viciado em cetamina, sendo processado por duas mulheres e fazendo saudações nazistas, você toleraria isso? Mas essa é a pessoa em quem confiamos para tomar decisões sobre o futuro da humanidade?”

O consumo de mídia está mudando

Segundo Galloway, o YouTube já ultrapassou a Netflix como principal plataforma de streaming, e os podcasts continuam crescendo rapidamente, podendo ser a “mídia do ano”. Na plataforma de vídeos, o que pesa é a quantidade de horas assistidas, mesmo que não monetize na mesma velocidade que o TikTok.

“Um em cada dois adultos já ouviu um podcast nos últimos 30 dias. É a mídia que mais cresce no mundo.”

Da mesma forma, os conteúdos de áudio do YouTube detém o poder de alcançar um público propenso ao consumo. Essa transformação exige que marcas e produtores de conteúdo repensem suas estratégias, focando em formatos de longo prazo e maior engajamento.

Conclusão: impactos no mercado de marketing e comunicação

As previsões de Scott Galloway na SXSW 2025 indicam que o marketing precisa se adaptar à nova realidade digital e social. A inteligência artificial exige estratégias altamente personalizadas, enquanto o crescimento da solidão abre espaço para ações que promovam conexão e propósito.

Além disso, com o YouTube e os podcasts ganhando protagonismo, as marcas devem explorar novas narrativas para se manterem relevantes. O futuro será definido por quem conseguir equilibrar tecnologia e humanização na comunicação.