Quase dois anos depois da Copa das Confederações e um ano da Copa do Mundo no Brasil, o setor hoteleiro de Belo Horizonte, expandido para os eventos, enfrenta crise.
Uma audiência pública feita no dia 24 de abril, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais discutiu a questão. Segundo a presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Patrícia Coutinho, o mercado já excedeu sua capacidade.
De acordo com a representante dos hotéis, um levantamento feito pelo município previa um déficit de 13 mil quartos de hotéis na Capital mineira. Mas, atualmente, a cidade oferece 13,5 mil vagas.
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A Abih estima que a demanda de quartos na cidade cresceu cerca de 70%, a contar de 2012 até este ano. Em contrapartida, a taxa média de ocupação não chega a um terço da capacidade. “E ainda faltam empreendimentos a serem entregues, o que pode piorar ainda mais a situação.”, afirma Patrícia.
Os prazos de entrega dos empreendimentos foram estendidos algumas vezes. A maior parte dos hotéis ficou pronta já depois da Copa das Confederações, em junho de 2013. Outros edifícios, no entanto, excederam até a Copa do Mundo, em 2014, e só conseguiram concluir as obras em fevereiro deste ano, conforme aponta a associação.
Outro reflexo da crise seria o desemprego. A Abih aponta o fechamento de seis hotéis na Região Metropolitana. Nos estabelecimentos em operação, cerca de 35% do pessoal contratado para os eventos esportivos mundiais (Copa das Confederações e Copa do Mundo) já foi demitido, o que representa cerca de mil funcionários. “As equipes estão ficando cada vez mais enxutas.”, afirma Patrícia.
O deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), que presidiu o evento, afirma que, a partir das reivindicações apontadas, será avaliada a possibilidade de desenvolver projetos de lei que incentivem o crescimento do setor hoteleiro.
Entre os pedidos expostos na audiência estão a proibição de construção de novos hotéis na cidade, a aplicação de um regime especial da carga tributária de água e luz [para diminuir as contas], e investimento em eventos locais para fomentar o turismo local.
Além disso, o setor hoteleiro cobra a aplicação de multa para os empreendimentos que não concluíram as obras, e sugere que eles sejam ocupados de outras formas, como hospitais por exemplo. Isso estaria estabelecido na Lei 9.952, sancionada em 5 de julho de 2010, que instituiu a Operação Urbana de Estímulo ao Desenvolvimento da Infraestrutura de Saúde, Turismo e de Negócios na Capital mineira.
Para o presidente da empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), Mauro Werkema, a crise dos hotéis da Capital é decorrente da situação macroeconômica pela qual o País passa. Houve uma estimava otimista de ocupação hoteleira com a Copa, admite Werkema.
“Os hotéis da Zona Sul estão com a taxa média de ocupação. Há crise sim nos hotéis mais periféricos.”, avalia o presidente. A Belotur acredita que a solução está no turismo de eventos e de negócios, áreas que devem receber maior investimento. O Carnaval deste ano foi citado como exemplo de grande movimentação de público na cidade.