Em qualquer seminário, feira e palestra em que o tema varejo esteja envolvido a questão da transformação dos shoppings centres está sempre entre os principais temas debatidos.
Isto acontece porque o atual modelo centrado no tradicional varejo e suportado por lojas âncora mostra seu esgotamento em função do crescimento do comércio on-line.
Todas as operadoras de shopping no Brasil estão estudando novos formatos de ocupação dos seus espaços, novos formatos para atrair o consumidor e de se engajar no varejo on-line aliado ao off-line.
O que mais estamos vendo e discutindo são os shoppings se tornarem não mais um centro de compras, e, sim, um lugar de entretenimento, alimentação, serviços e compras. Tanto é, que muitos shoppings já estão alterando seus nomes para Malls.
Na alimentação, vemos uma corrida para colocar os melhores restaurantes da cidade dentro dos seus espaços mais nobres, a criação de áreas de alimentação ou food-halls com uma ambientação agradável para o consumidor e não mais as praças de alimentação que apenas visava a alimentação fast-food. Tudo visando dar uma melhor experiência para o seu consumidor.
Em entretenimento, além dos tradicionais cinemas, os teatros ganham espaços, os parques infantis também estão crescendo, uma série de eventos são criados para atrair principalmente as crianças e áreas de exposição para mostras de artes e temas relevantes para a sociedade começam a fazer parte do calendário dos shoppings.
Em serviço, uma série de negócios está saindo da rua e indo para os shoppings, alguns já destinaram andares quase inteiros para o setor de serviços.
Porém, acredito que mais iniciativas serão necessárias para transformar os shopping centers em Malls e entregar uma experiência diferenciada para o seu cliente.
Uma questão que sempre gosto de levantar é sobre o custo do estacionamento. Sei que hoje esta é uma importante fonte de receita para os shoppings, porém, ao longo dos anos, os estacionamentos dos shoppings se tornaram os mais caros da cidade.
Os tradicionais estacionamentos rotativos na rua já se adaptaram a uma nova realidade e colocaram o valor máximo da diária, enquanto nos shoppings ainda se cobra por hora, sem um limite máximo.
Hoje, um dos formatos de compra que vem crescendo muito no on-line é com a compra on-line e a retirada do produto na loja. Mas tenho certeza que o consumidor hoje faz a conta, vale pagar o frete, pegar em uma loja de rua ou pagar o estacionamento do shopping?
E posso dizer que a opção do estacionamento do shopping é sempre a mais cara. Sem dúvida, o valor do estacionamento hoje é um inibidor de frequência ao shopping e que neste formato poderia levar muitos clientes de volta para os seus corredores.
Acho que esta deve ser uma boa questão que as administradoras de shopping devem colocar em suas discussões. Sem dúvida, decisões inteligentes farão com que muitos consumidores tenham uma frequência maior de visitação.
O desafio da transformação dos shoppings na minha visão será buscar se conectar com este comércio on-line crescente, transformar sua arquitetura e seu mix de lojas buscando dar entretenimento e experiência para o consumidor e ser uma opção com bom custo/benefício em lazer.