Aos 12 anos, o pequeno Joel comprou sua primeira bicicleta. Toda desmontada, para custar mais barato. Ao lado do irmão, aos poucos foi juntando peça por peça até deixar pronta a sua Prosdócimo.
O interesse pelas “magrelas” lhe acompanhou pela vida adulta, quando passou a garimpar modelos antigos durante viagens de trabalho pelo Estado.
Hoje, aos 56 anos, volta e meia Joel retoma o hábito da adolescência. Já aposentado, dedica parte do seu tempo para deixar novinhas em folha bicicletas dos anos 1930, 1940 e 1950. Algumas delas o público que visitar o Neumarkt poderá ver de pertinho na exposição Bike Vintage, que abre neste sábado, dia 16.
Da sua coleção particular, Joel João Adriano vai exibir no Neumarkt oito modelos – as exceções são a inglesa Raleigh (1951) pertencente ao seu sobrinho Carlos Roberto Ricardo e a alemã Sigmund (anos 1920), do colecionador Silvano de Andrade. As bicicletas de Joel foram todas restauradas por ele, que além de colecionar cultiva como hobby a arte da restauração.
Algumas delas reforma a pedidos, e já chegou a vender as bikes restauradas para colecionadores de São Paulo e Minas Gerais. “Compro peças pela internet e as mais difíceis de serem encontradas encomendo a um amigo que vive na Alemanha. Dependendo do modelo, a restauração pode levar mais de um mês”, conta.
Entre os 10 modelos expostos no shopping, a maioria originários da Suécia e Alemanha, apenas dois conservam a pintura original de fábrica: uma NSU Opel, de 1937, e uma Miele, de 1953. Segundo Joel, mesmo sem passarem por uma restauração as duas bicicletas se mantêm bonitas e bem preservadas.
“Uma curiosidade é que estas bicicletas, ambas modelos femininos, conservam ainda hoje uma redinha no paralama traseiro que, na época, servia para que os vestidos das moças não engatassem no raio”, comenta.
A exposição, a primeira de Joel, tem como objetivo resgatar um pouco da história deste meio de locomoção que já foi tão comum na região. O colecionador relembra, por exemplo, que até 1958 as bicicletas em Santa Catarina precisavam ser emplacadas e, na hora de vender, era preciso fazer a transferência do documento para o novo proprietário. “Para as novas gerações é uma oportunidade de ver de perto como eram as bicicletas no passado. E para os adultos, é uma forma de rever os modelos usados por eles, pelos pais ou avós e reviver antigas lembranças com a bicicleta”, opina.