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Zara mais uma vez se envolve em investigação sobre racismo

'Zara zerou': Esse é o 'alerta' que a loja Zara do Iguatemi, em Fortaleza, utiliza para que seus colaboradores prestem atenção e acompanhem pessoas negras.

Segundo a Polícia Civil do Ceará, existe um código secreto para funcionários ficarem atentos ao público não branco e com trajes que não condizem com o perfil dos clientes da Zara.

“Zara zerou”. Esse é o “alerta” que a loja Zara do Shopping Iguatemi, em Fortaleza (CE), utiliza para que seus colaboradores prestem atenção e acompanhem pessoas negras ou com “roupas simples” que entrem no estabelecimento. 

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Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira, “Testemunhas que trabalharam no local alegam que eram orientadas a identificar essas pessoas com estereótipos fora do padrão da loja.”

Loja-da Zara no Shopping Iguatemi em Fortaleza (Foto: Reprodução/Facebook do Iguatemi).

Arlete Silveira, diretora do Departamento de Defesa de Grupos Vulneráveis, explicou que o código foi descoberto durante uma investigação do caso da delegada Ana Paula Barroso, que é negra, e foi proibida de entrar na loja na noite de 14 de setembro.

A delegada estava com a máscara sob o queixo e consumia um sorvete no momento em que foi orientada a sair do estabelecimento por um funcionário da loja.

Segundo a Polícia Civil, o funcionário da Zara que orientou a cliente a sair afirmou que tomou a medida por questões sanitárias. No entanto, imagens de vídeo mostraram que o mesmo funcionário atendeu outros clientes brancos sem máscara ou com máscara abaixada alguns minutos antes do episódio. 

“Houve discriminação, dois pesos e duas medidas.”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira dos Santos.

“Chegamos à conclusão que ele agiu deliberadamente praticando o crime de racismo e que há possibilidade de ser uma política dessa loja.”, disse Pereira. 

Uma vez acionado o código ‘Zara zerou’, disse o delegado, o cliente passava a ser tratado como pessoa suspeita, que deveria ser acompanhada pelos funcionários

Esse tipo de tratamento envolvendo o nome da loja, no entanto, não é novidade e foi identificado diversas vezes dentro e fora do Brasil. Veja aqui

No caso de Fortaleza, Ana Paula registrou um boletim de ocorrência contra a Zara, e o gerente do estabelecimento responsável por expulsá-la, Bruno Felipe Simões, foi indiciado pelo crime de racismo.

A Zara afirma em nota que não teve acesso ao relatório no qual constam informações sobre o caso de Ana Paula e o código secreto que alerta para presença de pessoas negras na loja. 

Disse ainda que “Colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde.”, já que atribui o episódio a uma “Política de segurança que vale para todos.”