Silêncio Negro é o título da mostra do artista visual Luiz Martins, que está em cartaz em São Paulo e dá nome também a este artigo.
Durante a sua exposição, Luiz fala dos 131 anos de silêncio dos negros e afrodescendentes no Brasil, desde a abolição da escravatura, e isso provocou uma reflexão. Temos visto muitas coisas acontecerem, algumas que, para que deixem de ocorrer, precisam ter seu silêncio quebrado, e é isso o que tem acontecido atualmente no país.
Do ano passado para cá, quantas marcas tiveram problema de posicionamento? Por que isso acontece? Questiono pelas vozes que, durante séculos, foram caladas. Foi um trabalho duro de reconstrução e recuperação da autoestima.
Hoje, essas vozes negras conhecem seus direitos e não admitem ser tratadas com nada menos do que respeito ao seu povo e à sua ancestralidade.
O racismo no Brasil é estrutural. Está tão enraizado nas pessoas e nas instituições que algumas atitudes são consideradas normais e o questionamento é considerado “mimimi”. Em vez de ficar citando marcas ou pessoas, preferi explicar o que é racismo estrutural.
Segundo a Cartilha Tocando no Assunto, do grupo Mulheres do Brasil, “Racismo Estrutural é o retrato de inúmeras ações discriminatórias, que dispõem de iniciativa histórica e são apresentadas em uma dimensão estrutural de desfavorecimento à população negra, caracterizando deficit na ascensão do negro na sociedade.
Neste cenário, são fortalecidos a menor taxa de escolaridade, os menores salários, a menor taxa de acesso à saúde e a maior taxa de desemprego.
A contribuição da sociedade, paralelamente com o ‘Estado’, se faz necessária na construção de ações afirmativas e políticas públicas eficazes, a fim de desconstituir privilégios para determinado grupo étnico, proporcionando atuações de recorte racial e atuando categoricamente na manutenção e prevenção dos direitos de uma população cuja vulnerabilidade econômico-social ainda é notória e preocupante”.
No Brasil, a questão do racismo estrutural está incutida no subconsciente das pessoas e já perdura há tanto tempo que elas não se dão conta de que isso é racismo. Situações que normatizaram o que não é normal, não é correto. O que se percebe é que o silêncio tem sido quebrado, a população negra tem voz, cada dia mais cobra respeito e ocupa espaços. Empresas e marcas precisam se conscientizar disso.
Baixe gratuitamente a Cartilha Tocando no Assunto no site.