Ela deixou um bilhete ao lado da minha cama e no envelope a frase enigmática: “Há oportunidades que não podem ser perdidas” e isso me deixou curioso…
Acabava de chegar de mais um dia daqueles cheios de reuniões, discussões, jobs, briefings, brainstormings e tudo o mais… Naquele final de dia onde você não tem mais HD para novos pensamentos e questionamentos rs.
E ao abrí-lo, a surpresa com o conteúdo: uma relação de documentos e processos de um cartório e que são necessários para que eu pudesse dar entrada nos papéis para casar com ela!
Foi assim, deste jeito criativo, diferente e inusitado, que a Lully me pediu em casamento há 10 anos atrás. Sim, ela nunca foi de levantar bandeiras, mas já tinha postura e empoderamento suficiente para inverter o processo. Já morávamos juntos há 3 anos e para mim isso já era um casamento, mas ela queria fazê-lo oficialmente e isso não significava necessariamente pompa e circunstância, véu e grinalda e muito menos uma carruagem puxada por cavalos brancos chegando numa igreja. Não era a nossa cara.
Diante de tal pedido, feito assim 1 mês antes do seu aniversário, deixei a resposta para o dia seguinte: comprei as flores mais bonitas que encontrei e escrevi um cartão, aliás com o menor texto que eu já escrevi na vida – e olha que vocês sabem que eu gosto de escrever bastante rs – só havia uma palavra na brancura total daquele cartão: SIM!
Ela, já acostumava aos romances a cada bilhete, carta ou cartão ficou um pouco decepcionada no começo, para depois dar uma gargalhada deliciosa: essa era a minha resposta à sua deliciosa ousadia, que não parou por aí: queria casar só no civil e não contar pra ninguém! Oi? Como assim para ninguém?
E em um mês compramos alianças, apresentamos todos os documentos e planejamos melhor este job, mudando um pouquinho o briefing, mas mantendo o tom de ser algo mais íntimo e que tivesse sua dose de “segredo”.
Casamos no dia 26.11.2009, dia do seu aniversário, mas quem foi convidado não sabia que iríamos casar e explico: convidamos apenas os familiares mais próximos e pouquíssimos amigos – entre eles dois casais de padrinhos – para um jantar em homenagem aos seus quarenta anos. Restaurante incrível, serviço impecável, todos chegaram na hora – inclusive o seu irmão sempre atrasadinho – e na hora de fazer um brinde em sua homenagem, disse que tinha um convidado especial, chamando então à sala o juiz de paz, que aguardava o momento de sua entrada triunfal. Entre bocas abertas, olhos arregalados, surpresa e muita alegria, todos souberam que estavam ali não só para celebrar seu aniversário, mas nosso casamento e foi demais.
Mas as coisas não acabaram por aí: pedimos que todos guardassem segredo, pois no sábado seguinte tínhamos marcado uma festa de aniversário para ela, e iríamos revelar ali e de surpresa que tínhamos casado.
O sábado chegou e a festa estava linda, era uma festa temática árabe e meu amigo Ronaldo Maciotti tinha caprichado na produção da festa. Além dele e da família, apenas o DJ foi informado minutos antes, que faríamos uma entrada especial no meio da festa para avisar do nosso casamento.
A festa já estava rolando, todos se divertindo e saímos à francesa para nos preparar: ela colocou um vestidinho branco e um casquete na mesma cor. Eu, uma roupa branca com uma cartola idem. O DJ começou a trilha, no telão o início de uma projeção que parecia um vídeo memória, mas que rapidamente dizia que não iria mostrar nenhuma foto do passado com gente estranha e com cabelo esquisito kkk. O vídeo dizia para todos se prepararem para receber a Lully, mas que ela não estava só comemorando aniversário, que havia uma surpresa e que tínhamos cúmplices (nossos padrinhos), testemunhas (uma amiga e uma empregada que foram testemunhas do casamento para que ninguém soubesse) e que todos estavam ali na realidade para comemorar nosso casamento…
Embaixo de uma chuva de papel picado e a música “I gotta feeling”, entramos correndo e pulando ao mesmo tempo, para a surpresa, descrédito, lágrimas, sorrisos e muita surpresa de todos. Foi simplesmente sensacional!
Abrindo um espaço na programação normal dos meus textos e da minha coluna às 2as.feiras, o MondayToThank de hoje vai pra você amada Lully: #MTT LULLY GUARINO: por ter feito comigo o melhor evento da minha vida, um briefing complexo e cheio de policies, com um prazo para execução surreal de curto, mas a melhor experiência que eu já tive e da qual jamais vou esquecer. Só por você ter me escolhido e tomado a iniciativa já vale minha gratidão, mas muito obrigado mesmo por você ser a pessoa que é: um verdadeiro motor de energia, cumplicidade, iniciativa, incentivo e vontade de fazer melhor e diferente, sempre me apoiando, me empurrando e me fazendo ver claramente que o melhor texto que eu já escrevei, contrariando minha máxima de “prolixo, verborrágico e sem botão de síntese”, tinha apenas 1 palavra com 3 letras e uma exclamação.
Foi ao dizer SIM, que eu entendi como é importante a gente não perder tempo e nem ficar divagando em histórias. Ao nos darmos a afirmação e a decisão, a gente vai pra frente, acelera e constrói a nossa vida. Realmente há oportunidades que não podem ser perdidas.
Num mundo de tantas negativas e nãos, chegou a hora de aceitarmos como é bom responder positivamente provocações como a do nome do Bloco do Carnaval de São Paulo: Casa Comigo. E aceitar o casamento aqui não é só o matrimônio em si, mas toda forma de conexão, associação, parceria, projetos em conjuntos ou comunhão de pensamentos, de ideiais ou de propósito. É a possibilidade de fazermos a tal “casadinha”, de nos unirmos em pensamento e atos, de buscarmos conexões menos efêmeras e de tudo isso poder se frutificar em projetos, cases, trabalhos, sucessos, enfim… em “filhos”.
O #MTT de hoje vai para a oportunidade que não perdi, à frase menor que escrevi e à decisão de há exatos 10 anos ter escolhido o que foi, é e será o melhor pra mim: você, Lully!
Falar de toda a minha história profissional, como venho fazendo nas últimas semanas, jamais poderia dispensar alguém tão importante nos bastidores de tudo isso. Afinal, é em casa que a gente busca o respiro, a proteção e a descompressão para viver tão intensamente nosso mercado, e que bom que tenho um baita de um tanque de oxigênio, uma câmara hiperbárica, um desfibrilador e uma maravilhosa terapeuta para isso.
A gente renova nossas decisões a cada minuto, mas quando comemoramos datas mais significativas como esta, vou imaginar que você está deixando novamente um bilhete aqui ao meu lado, no sul da Bahia, para onde conseguimos fugir por uma semana. E então eu resolvo responder, mas para isso vou voltar às origens e escrever um pouco mais rs: há muitos anos atrás, um comercial da marca Pullman mostrava crianças que conviviam juntas e que no futuro acabavam se casando (acho que a história é mais ou menos assim, pois não achei o filme para relembrar). E no momento em que estavam se casando e o padre perguntava se aceitava, ela – fazendo em segundos aquele imenso flashback da sua vida com aquele menino que se tornava agora marido e da marca presente em toda a sua infância – dizia e eu confirmo, reafirmo e renovo: Sim, Pullman!
Agora sim, na semana que vem: Let’s play the game!